Poemas : 

Comendo a dor

 


Rasgo o silêncio com dentes de vidro
mastigo memórias como carne crua.
O tempo escorre
viscoso
pelos cantos da boca
engole gritos
inaudíveis.

A dor tem sabor de ferrugem
e relâmpago
arde na língua como segredo maldito.
Mas eu como.
Como até os ossos da ausência
até os espinhos da culpa
até aquele nome
que nunca mais chamei.

No banquete da alma
sou fera e penitente
devoro o que me destrói
com a fome dos que não esquecem.

E no fim
quando tudo estiver digerido
restará apenas o vazio
cheio de mim.



 
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idália
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