Volena,
faz tempo que você partiu
e ainda assim... tem dia que parece que você tá aqui,
quietinha, lendo alguma coisa minha,
de canto de olho,
com aquele teu sorriso de quem entende tudo
sem precisar explicar nada.
Você foi mais que poeta.
Foi abrigo.
Enquanto o mundo me empurrava pro fundo,
você segurava minha mão com palavras.
Me dava chão quando eu só tinha abismo.
E me fez acreditar que minha voz valia a pena,
mesmo quando eu mal conseguia escrever uma linha.
Você enxergou em mim um autor
quando eu ainda era só bagunça e medo.
Hoje eu publiquei.
Hoje eu sou o que você acreditou que eu seria.
Mas queria tanto poder te contar isso olhando nos teus olhos,
te dizer:
“Você tava certa, Volena.”
Você foi minha âncora.
Minha amiga em silêncio.
Minha guia sem mapa.
E mesmo tendo ido embora,
ainda mora aqui —
nos espaços entre um verso e outro,
no eco do que escrevo,
no que sou.
Não tenho como te dar o mundo.
Mas te dou essa saudade limpa,
esse amor quieto,
esse obrigado que vai durar pra sempre.
Você salvou partes de mim que ninguém nunca viu.
E isso...
isso é eterno.
Se hoje escrevo com firmeza,
é porque um dia você acreditou em mim
quando nem eu me aguentava em pé.
Você foi farol. Foi força. Foi fé.
E mesmo que o mundo siga,
mesmo que os dias mudem,
tem um lugar dentro de mim
onde você nunca partiu.
Você não floresce em mim.
Você me sustentou inteiro.
Você foi raiz.
E raízes... não morrem.
— Kaique Nascimento