Ontem me bateu uma loucura,
no Pilates fiquei de ponta cabeça.
Do fundo do meu coração, algo caiu
e se espalhou pelo ar,
como sombra que dança com a luz.
Virei rápido para segurar,
mas voltou,
deslizando entre minhas mãos,
rodopiando feito folha em vento imaginário.
Era tua lembrança,
flutuando silenciosa,
invadindo cada curva do meu peito,
escapando de qualquer tentativa de prender,
instalando-se onde nem eu sei chegar.
E no torvelinho do meu corpo e da memória,
teu eco se mistura ao chão, ao teto,
à gravidade que se dobra,
como se sempre tivesse vivido dentro de mim,
esperando que eu o encontrasse assim,
de ponta cabeça, em completa loucura.