
Carne e Alma
Mergulho em louco desespero amoroso
neste desejo de dissolver-me em ti,
anestesiando esta dor como um gozo,
um gosto de gozo que eu nunca senti.
Toda a angústia modula esta intensidade,
morro no amor como se eu o pudesse parir;
minha carne lateja por teu corpo amado,
e minha alma almeja despojar-me de ti.
Sou verme rastejante na carne putrefata,
procurando esta dor, a mulher amada,
esperando migalhas, ouvir que me ama,
sou a flor negra murcha sobre uma cama.
Devo calar esta sede, matar o carrasco,
que é o amor que me toma a consciência.
Quando o perfume está no menor frasco,
eu devo matar a carne, e alegar inocência.
Alexandre Montalvan
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.