Me convida pra um café.
Pra um café, não — me convida pra uma vida.
Vem ser parte de mim.
Mas parte já não és?
Digo-te que sim.
Vem então ser ritmo, frequência, presença.
Não brinques comigo.
Não sejas um gole breve.
Apresenta-me tuas bandas, teus livros.
Deixa-me conversar com teus demônios, pra ver se dançam com os meus.
Mete o pé na porta quando eu disser pra ir embora.
Diz que não vai.
Que se dane a minha insegurança, a falta de nome, de rumo, de jeito.
Diz que me ama — mas diz se for verdade.
Deixa essa máscara no chão.
Tudo bem, eu gosto de máscaras, mas não em você.
Prefiro que fiquem nas paredes.
Gosto da tua cara, dos lábios finos, do cabelo, da tua esquisitice.
Acho tudo tão lindo e tão ridículo que te odeio um pouco por isso.
Então vem.
Liga, mas fala a verdade.
Eu vou te ouvir.
Não quero ser uma foda a prazo de um check-out.
Faz check-in em mim todos os dias.
Adora o meu bafo, meus defeitos, minhas imperfeições físicas e emocionais.
Acolhe minhas merdas como se fossem bichos de rua pedindo carinho.
Acolhe meu caos e reorganiza tudo — só pra me deixar do teu lado.
Ou em cima.
Ou por baixo.
Há um Kama Sutra inteiro pra seguirmos.
Ou uma vida.
Uma estrada.
Então, só vem.
Só diz que vem.
E vem.
Ou vai de vez.
Vai com as outras.