Duas historias curtas
ontem de manhã, encontrei uns cadernos num saco de lixo, da rua Afonso Pena, na calçada em frente à casa 503, onde era o comercio e a residência de Seu Bamba, escrito pelo filho dele. Hoje não trabalhei, perambulei atoa pelas ruas do Desterro, arrastando-me pelas tavernas bebendo conhaques.. A casa deles fora vendida em 1988. Voltei às duas horas da tarde. Comprei o almoço no frege de seu Ceará no Mercado Central. Agora vou ler o caderno que contém vários textos, poemas e contos tirados da imaginação do filho do Mestre Bamba
O dia mais feliz da nossa vida
... Era uma manhã de segunda-feira do ano de 1983. Ainda vivíamos na rua Afonso Pena 503, no meu querido bairro do Desterro, onde nasci e me criei. Meu pai era comerciante e sua loja na frente da nossa casa. Vendíamos todos os tipos de mercadorias para construção, mas estávamos em dificuldades financeiras. Meu pai devia muito e as vendas eram fracas. Sofria e não dormia bem, sempre preocupado com suas dívidas, estava quase à beira da loucura. Então, todas as semanas jogava na Loteria Federal com a esperança de ganhar algo e solucionar nossos problemas. - "Eu não bebo e não fumo", dizia, “Mas faço um fezinha e quem sabe um dia não ganhemos”. E a situação cada dia estava piorando. Os credores ameaçavam protestar as duplicatas, os oficiais de justiça estavam à nossa porta e a CEMAR cortavam a energia. Meu pai ficava nervoso e muito irritado, mas continuava a jogar. Não tínhamos esperança. Mas uma manhã, eu estava sentado na nossa sala de estar, fumando um cigarro e pensando em minha vida, quando meu querido pai passou rapidamente para a cozinha, nem tive tempo de esconder o cigarro. . Poucos minutos depois, retornou para o comercio muito feliz. Mamãe veio alegre e sorrindo- "O que está aconteceu? " - "Teu pai, ganhou na loteria federal”. Respondeu. Levantei-me de supetão da cadeira, a beijei e fui à loja onde meu pai estava rindo e tão feliz! Ganhou o segundo prêmio na loteria. Pela primeira vez na minha vida, acendi um cigarro e fumei na frente dele. Esse dia foi o mais feliz da nossa humilde vida. Papai e meu irmão mais velho foram a Belém pagar um débito de dez anos com uma fábrica de pregos galvanizados. E então, a família Bamba livrou-se de seus problemas financeiros e resgatou todas as duplicatas protestadas nos cartórios, finalmente recuperou seu sorriso ...
Segunda história ...
Minha primeira paixão ...
Eu era menino muito feio, tinha oito anos e estudava no primeiro ano da escola primária. Havia uma garota que eu gostava. Eu a achava muito bonita, era morena com cabelos pretos e uma pequena franja na testa. Quando a olhei, meu coração disparou. O nome dela era Grace. Ela era uma linda garota. Como eu o amava! Foi amor minha primeira paixão. Eu era muito tímido com as meninas, não sabia como proceder, ou dizer, minhas mãos esfriavam e as palavras fugiam de mim, olhava para ela com um rosto bobo, sem saber o que fazer. Uma tarde, no recreio, eu a vi, estava conversando com uma amiga Então, meu coração bateu muito e decidi aproximar-me e declarar os que sentimentos por ela. Comecei a andar devagar. Fui para a frente, minhas mãos geladas e molhadas de suor, repetindo no meu cérebro ingênuo as palavras que, com certeza, mudariam minha vida. Eu estava perto o suficiente, estava sozinha, sua colega fora ao banheiro. "É agora", falei comigo mesmo. Crianças brincavam, outros estavam correndo de um lado para o outro. "Grace", murmurei quando me aproximei. Ela virou o rosto e sorriu para mim. Fiquei em pânico, esqueci todas as palavras que queria-lhe dizer. Gotas de suor escorreram pelo meu rosto pálido. - "Oi, Grace! " - "Oi, o que você quer? " Olhei para todos os lados e fiquei como um idiota. Observou-me com desprezo e disse: "Você vai falar comigo feio? " Mas fiquei imóvel, sem palavras ... Com grande dificuldade, voltei muito devagar para o meu lugar favorito, sem olhar para trás a ouvi sussurrar a amiga que voltara: - "Ele é muito feio, mas é muito inteligente. " Desde aquele dia, não ousei mas abordá-la. Continuei a observá-la de longe, até o final da educação primária. Foi meu primeiro amor, mas ela nunca soube disso.
Levantei-me da cadeira e fui à varanda. O Sr. Faim deitado com as patas no focinho lambendo-os. O vento me traz o cheiro do mar. Na rua, vejo o movimento de pessoas e carros, os estivadores de pé na frente da porta do sindicato no canto da rua. Acadêmicos de Arquitetura em frente ao edifício da Faculdade. Os flanelinhas orientando o transito.;.