Terça-feira, 04/11/25
Aleluia! Aleluia! – Clay, o pedreiro de manhã cedo, minuto depois que o Sr. Com abriu a oficina e relia “Perto do Coração Selvagem” da Clarice Lispector trouxe um socador para soldar o braço que quebrara na base. A principio relutou em não fazê-lo, depois caiu na real de que precisava de um extra, encontrava-se na lisura máxima, sem um pau para dar num gato.
- Tudo, vou ganhar esses vinte reais – disse encarando o impassível Clay, o pedreiro esperando a sua reação.
- Vinte não, mas dez eu tenho aqui coçando no meu bolso – arrematou o bandido malandramente.
- Ok! Então vamos nessa – confirmou, deixando Clarice sobre a mesinha e levantando-se manhosamente e segui na direção do transformador de solda.
Minuto depois embolsava a cédula de dez e Clay, o pedreiro agradecia-lhe, outro soldador não faria por menos de vinte reais ou mais.. Pronto ganhou o dia, agora poderia comprar outro caderno de capa dura na Maycar e guardar troco para a missão de amanhã – ir a Clinica dos Idosos na COHAB agendar o exame de sangue e na volta encostar na Receita Federal tentar resolver um imbróglio – ratificar seu CPF, que está com o nome da mãe dele pela metade e isso deu-lhe o problema dos diabos em 2020 na pandemia de COVID, quando queria cadastrar-se no auxilio de Bolsonaro e o CPF era recusado. Depois de varias tentativas infrutíferas, resolveu ir a Receita saber in loco qual era o problema. E no dia 14 de maio, a cidade em lockdown, foi aleatoriamente a repartição e descobriu o enigma e assim conseguiu cadastrar-se e receber o auxílio três meses depois. Agora tem que corrigi-lo para tirar a nova carteira de identidade digitalizada. Juvan apareceu no momento que tomava o café com dois pães e um dipirona para as dores nas costas provocadas pela solda. Deu-lhe o livro de Clarice para ele entregar para sua filha, a pintora.
No meio da tarde, deixou Crane e redescobriu o mestre Umberto Eco e o seu maravilhoso “Baudolino” – eu tinha o “Nome da Rosa” mas emprestei para um amigo que morreu. O que me impressiona com o mestre Eco e a sua imponente biblioteca com mais de quarenta mil volumes – caramba – agora que tenho quase 400 – estou comprando uma media de quatro livros por mês, assim que recebo o meu recurso, encosto na banca da Loura em frente ao Terminal da Praia Grande e me abasteço e tenho sorte de encontrar grandes autores – Jack London, Dashiel Hammett e outros a preço bem accessível. Nos outros sebos os preços são altíssimos para o meu poder aquisitivo.