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Pai José - Mãe Fome - XVII

 
XVII
Mãe Fome

Estou feliz, meu amigo eletricista faz a ligação lá embaixo. Fome late me chamando para olhar os gatinhos que encontramos numa caixa de sapatos no canto da Rua São Pantaleão. Vínhamos de uma faxina numa casa próxima, quando ele desceu do carro e correu começando a raspar o lixo e latiu alto chamando a minha atenção. Então ouvi os miados fracos, com cuidado tiramos a caixa. Fome balançava nervosamente a cauda e corria de um lado para o outro. Abri-a e quando ele os viu saltou, pulou, parou cheirando-os e os lambeu. Percebi que o mesmo gostou deles. Eram quatro filhotes e tremiam de frio. “Muito bem, Senhor Fome, vamos leva-los”. Fome latiu alegremente e seus olhos brilharam de alegria. Coloquei a caixa no carro ao lado da televisão. Fomos ao Mercado grande comprar uma mamadeira e uma caixa de leite desnatado e rumamos felizes para o nosso cafofo. O Sr. Fome é uma perfeita mãe. Os acomodamos numa caixa maior forrada com uns pedaços de pano para aquecê-los. Fome não sai de perto deles e nem quer mais me acompanhar no trabalho. O Eletriscista me chama: “Seu Jose esta pronto, pode ligar a televisão”. Vou a sala e a ligo. E grito “Ok”. Ele apanha as suas ferramentas e os guarda numa sacola e despede-se de mim. “Obrigado, amigo” “ “De nada, Seu José”. Voltei a sala e fico olhando a tv. Ouço o barulho da porta fechando-se. Fome late. Avisa-me que é hora da mamadeira dos meninos esfomeados que miam desesperadamente. Ajoelho-me e acaricio sua cabeça: “Agora estamos modernos, temos energia, uma televisão e você tem seus filhotes”.


 
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efemero25
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