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Quarta-feira, 10/11/25

 
Quarta-feira, 10
Sou o sexto na espera da ultrassonografia. Dessa vez cheguei bem cedo e os portões da clínica ainda estavam fechados e os pacientes amontoavam-se numa fila diminuta do lado de fora na calçada. Tudo fora cronometrado, os ônibus no horário – perfeito como a pontualidade britânica.
AS sete e meia – chamam o meu numero e rumei para a o balcão da recepção. Entreguei as requisições, a mocinha anotou e mandou-me esperar:
- Eles vão chama-lo pelo seu nome – orientou-me e assim voltei para o meu lugar.
Desde quando cheguei, as seis em ponto, já bebi mais de nove copos de agua, quando pedem apenas seis. Também urinei os três primeiros. Urino pela segunda vez reponho mais três -a hora que penso que vou vomitar.
Por trás de mim, alguém chama o meu nome, levanto-me e a acompanho até outro ambiente. Sento-me ao lado de duas senhorinhas que esperavam a sua vez. A mocinha pede-me a identidade, o cartão do SUS e a requisição original pedida pelo médico e desaparece por trás da porta. Um senhorzinho apressado sai, e uma das senhoras entra e assim até a minha vez.
Uns quinze minutos depois entro no gabinete – dois rapazes bem vestidos atrás de um monitor, cada um numa mesa. A enfermeira pede-me para desabotoar a calça e deitar-me. Um rapaz próximo passou gel no meu abdome e começa o procedimento de escarnear. Bacana. O resultado daqui a dez dias. Saio feliz e penso no próximo problema, tirar a segunda via da minha certidão de nascimento e sucessivamente tirar a nova carteira de identidade (RG) e assim me municiar para dar entrada na minha pensão social (aposentadoria).
De volta ao centro, desço no terminal da Praia Grande e vou até a banca de Dona Loura me abastecer: “Tunc,Tunc” de Durrel, o amigão de Henry Miller que o incentivou a abraçar a carreira literária, “ O decimo homem” do mago da literatura inglesa Graham Greene e “Os valorosos” de Albert Cohen – não o conheço e nunca ouvi falar dele, mas gostei do inicio e pronto. Ontem um filme com a diva americana Joan Crawford em “Os desgraçados não choram” em preto e branco, um clássico noir dos anos 50.
Entornei umas doses homeopáticas de vodka no LaSierra. Almocei uma deliciosa galinha refogada na frigideira e feijão. Para jantar comprei uns pães na padaria Renascer da Praça Sete Palmeiras, Vila Embratel e tirei quatro salsichas do congelador e os pus para descongelar no forno do fogão. Ouço Bob Dilan e leio Durrel.



 
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efemero25
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