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Terça-feira, 23/12/2025

 
Terça-feira, 23/12/2025
Enfim um belo sol, depois de dois dias nublados e chuvosos. Os passarinhos alegres gorjeiam saudando-o esfuziantemente. Depois de quarenta anos dormindo em camas, dormi na rede, vez enquanto levantava-me para coçar as costas – eram picadas encabulosas que doíam na alma. Não sei se eram os mosquitos ou alguma alergia, só sei que nessa brincadeira passei a madrugada toda sofrendo.
O sol desapareceu por trás de uma grossa nuvem plúmbea. Adeus banho de sol na Praça das Sete Palmeiras, Vila Embratel. A moça alta da padaria Renascer puxando o carrinho de compra vazio rumo ao mercado. O senhor moreno dos porcos e sua banca com as carnes espalhadas sobre conversava com José Grandalião bem no começo da rua 16, na lateral do Frigo Lucio. O tempo se enfeza enferrujando-se ameaçando chover. Criando coragem para encarar as minhas roupas sujas acumuladas desde a semana retrasada. O serralheiro Pregote abre a sua oficina em frente a quadra coberta de futebol de salão.
O reencontro com o jovem irmão Jorge (ex-mundano Jorginho amigos dos velhos tempos quando compartilhavam uma garrafa de pinga e as vezes um baseado), hoje um servo fiel do senhor, morando com uma varoa com nome de estrela – Dona Dalva. Conversaram por mais uma hora, o sol reapareceu. Que maravilha, o poeta feliz em saber que ele continua firme na fé. Depois tentaram apanhar umas sacolas de cesta básica na Igreja Católica, mas desistiram, depois de olharem a enorme fila. O poeta apanhou os pães na Renascer e despediram-se.
De volta a pensão, o poeta tomou café com um sanduba de pepino, armou a rede e deitou-se para ler, voltou a biografia do fenômeno russo Yeltsin. Mas o sono o pegou e cochilou pesadamente por alguns minutos. O corpo continua febril e dolorido. Ouvindo as melhores de Chico Buarque de Holanda – adora suas canções. SR. Vince pediu-lhe para comprar um fardo de Glacial no deposito de Seu Raimundo na rua 14.
Deturparam a tua paz
Madeira é serrada dia-a-dia
Os tecelões tecem o tempo
A vida passa
Sem bater o ponto final
(poema Rua Afonso Pena do livro “Itinerário Poético & Espiritual do Desterro” publicado em 1998 do poeta Raimundo Nonato Rodrigues)


 
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efemero25
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