Textos : 

Viajandão

 
Um



A Zilapina@ faz um efeito estranho, deixa-me sonolento e cambaleante - as mãos desordenadas e não consigo escrever bem - um bando de garatujas. Meus pensamentos estão desalinhados, assim como essa horrível caligrafia. A percepção está me traindo - uma lassidão de pensamentos.


Aos poucos os efeitos vão estabilizando, saboreie com gostoso beijú reforçado com queijo que Dona Conchita preparou. Estou sentado na cadeira de macarrão na calçada da loja do Sr. K que atende uma cliente. O mestre Bardaux passeando para arejar um pouco, recupera-se de um começo de AVC que o deixou internado vários dias no hospital. No sábado quando fui comprar ferro na Aço Maranhão na Avenida dos Portugueses havia momento que o corpo dava umas guinadas. Uma coisa era certa eu não estava normal, um pouquinho acima do chão - Era o começo do efeito da ZIla@. Um moleque pequeno passa levando em cada mão umas tampas de caixa de isopor e olhava para o outro pequeno que acompanhava o pai.

Dois


Bebo a primeira lata no Seu Raposo - ainda meio zonzo da Z@ que ingeri pela manhã cedo. Os passos trôpegos - a partir de amanhã tomarei apenas a metade, a bicha é pesada. Meio-grogue.

Um pombo voejou para cima da laje. Conseguir convencer Seu Raposo a me vender mais duas latas de Kaiser fiada. O filho dele mais velho e muito serio chegou com a esposa.
Entorno a segunda, mas antes ferrei mais duas que levei para casa;

Meio-dia de domingo do dia de las madres. Coloquei-as no congelador. A Sra. Vince quis me chamar a atenção, mas sai pela tangente. Os convidados dela queriam ferrar as minhas latas.


Segunda-feira


As mãos ainda estão tremulas de cerveja e Z@, que ingeri ontem - estou naquela base e com fome. Dormir que nem uma pedra. Tudo que queria era uma verba para comer e beber alguma coisa. Acordei pensando que hoje fosse domingo, nenhuma boa notícia, nem dinheiro e nem rango - recordo-me vagamente que ainda campeie pelo bar de Dona Antônia, olhei Raimundinho. Devo ter feito alguma besteira. Apaguei sem saber.
- Bom dia! Tudo bem? - cumprimenta uma branca cheirosa que não estou reconhecendo. As cataratas me impedem de visualiza-la melhor.

Um bom café com leite e pão que ferrei do meu amigo Gordinho. Me resguardarei para amanhã trabalhar.
Flashback caboclo: Comecei bebendo uma lata no Seu Raposo, essa uma virou quatro e apaguei. Quando dei por mim era começo da noite. Enverguei o meu manto para o passeio dominical noturno pela rua 30, na captura de meu amado filho - mas acabei encontrando com um ex-vizinho que me deu uma lata de Antártica. Na Dona Antônia, apenas Mestre Alfredo contava uma história para a bonitona da filha dela. Fiquei zanzando como mosca sem rumo até que resolvi voltar a rua 29, ver o meu filhote - desta vez tive sorte, nos abraçamos, nos beijamos e nos despedimos - - zarpei. Desliguei por completo, não me perguntem nada, que não lembro coisa nenhuma - despertei de manhã sem senso de direção. Mas aqui estou na oficina sem vontade de fazer nada.

Eram seis horas da tarde, o tempo esfriava e eu doido para beber sem dinheiro. A vida é assim mesmo. Todos os cartuchos foram usados. Uma mulher boa chama a minha atenção. Cada momento aumenta a minha fissura alcoólica. tento ferrar alguns conhecidos e ninguém tem uma misera moeda.













 
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efemero25
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