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O olho pisca e tenta entender
o que na visão há para perceber
interceder já não pode
ver é o que lhe resta.

Vai para um lado, para outro.
Abre e fecha. Só um deles pode ver.
Não há espaço para outro
só ele é sente a poeira.

Vê a sujeira
Vê a distância
Vê que não há tanta importância.
Pisca de novo.

Já se passaram muitos povos
Cada um com visão turva
Alguns nem vêem o que está a frente
E ele observa. Sente.

Inflama-se na tentativa de mudar algo
Mas é só um objeto estranho que está ali
Ele não tem ajuda das mãos
É apenas um olho, sozinho, observando a multidão.

O buraco é pequeno, não é de fechadura
Mas ele observa de um lado e de outro
Vê alguns atravessem a rua
e ele eleva-se a observar a lua

Ele se reconhece, redendo, observador
Interfere? Como? É só um olho a ver
Chorar. Lacrimejar. Piscar.
Ele se fecha. Não quer ver.


Oh ego Laevus!

 
Autor
Raul de Oliveira
 
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Enviado por Tópico
toquim63
Publicado: 24/07/2008 07:41  Atualizado: 24/07/2008 07:41
Participativo
Usuário desde: 24/05/2008
Localidade: Aveiro
Mensagens: 15
 Re: Olho
Ao ler este teu poema, lembrei-me das canções de intervençao do pós 25 de Abril.
É preciso nao deixar que o olho fique sózinho, é preciso juntar-se a outros... muitos olhos, assim vai ter mais força e talvez consegur ter mãos que o ajudem a tirar os objectos estranhos que nos vao manietando.

Gostei, obrigado