Sonetos : 

capítulos sem título

 
Um quadro não é a sua moldura
e um livro não é a sua capa;
não há água que seja sempre pura,
nem terra alguma há só no mapa...

Há um interior externo na gaveta
da cómoda do quarto da casa amarela,
lá, agrura alguma se intrometa,
até a sua fealdade será bela!

Caminha por cada horizonte aberto,
vai e avança em cada curva fechada,
que o limite é só um ponto de vista!

Há algures, no meio de cada deserto,
sempre um oásis ou uma estrada
deveras surpreendente e imprevista!...


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.

 
Autor
Rogério Beça
 
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Enviado por Tópico
PauloAlves
Publicado: 31/07/2008 13:02  Atualizado: 31/07/2008 13:02
Colaborador
Usuário desde: 18/04/2008
Localidade: Bern, Suiça
Mensagens: 1590
 Re: capítulos sem título
Caro amigo Rogério, amei deveras o soneto, os meus parabéns por tão conseguido texto...

Abraços

Paulo Alves

Enviado por Tópico
MariaSousa
Publicado: 31/07/2008 17:02  Atualizado: 31/07/2008 17:02
Membro de honra
Usuário desde: 03/03/2007
Localidade: Lisboa
Mensagens: 4038
 Re: capítulos sem título
Saber olhar as coisas por inteiro e para além do que se consegue ver nem sempre é fácil...

Um poema bem escrito.

Bjs