Prosas Poéticas : 

faz-se silêncio...

 
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Lá fora o vento frio verga a copa das árvores, as nuvens escuras preenchem o horizonte. Fico em silêncio, sentado, a minha mente perde-se, dispersa-se por entre os ruidos do quotidiano. Não sei se devo continuar a falar, pressinto o perigo das letras, que como setas trespassam corações. Fico em silêncio, porque se guardar as palavras deixarei de criar magia. Haverá em mim um mago ou sou simplesmente um ilusionista?

Prendo os dedos debaixo das pernas, como forma de conter as letras que teima em nascer-lhes das pontas, sinto-me um mágico falhado, porque conheço a magia mas não sou capaz de a fazer acontecer. Fico em silêncio, porque não faz sentido, a realidade vive a um ritmo diferente, é mais célere, precisa de factos, de rostos, de pessoas, de atitudes ,de multidões. A eternidade é mais vagarosa, sublima-se com os sentires, como o sabor de um fruto não provado, com a forma de um rosto não pintado.

Esta melancolia que me invade o espírito, apaga-me a luz da alma, deixo de ser farol, para me juntar à própria escuridão, deixo de ser druida para me embrenhar na multidão, deixo de ser poeta para ser apenas e só, mais um cidadão. Amargam os lábios na ausência do mel dos sonhos, definha o corpo por falta do pão da fantasia, a tez escurece-se com o cinzento deste dia, em mim faz-se silêncio...

 
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