Poemas : 

correspondência

 
Selo,
papel,
tinta,
um pouco de carne e de pele
e qualquer sentimento em pêlo
que se sinta...

Envelope sem janela,
remetente,
destinatário,
um aroma diferente,
cera de vela,
o pó do armário.

Correio,
carteiro,
moradas,
nas tuas mãos inteiro,
mais desvio, menos desvio, em cheio...
monte de letras alinhadas.

Dedos,
pupilas,
pensamento,
leituras em voz alta; argilas
de esculturas e segredos.
da saudade, alimento.


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.

 
Autor
Rogério Beça
 
Texto
Data
Leituras
932
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
1 pontos
1
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 13/11/2008 09:32  Atualizado: 13/11/2008 09:32
 Re: correspondência
Rogério, permiti-me comentar teu texto, ok.

"Recebi tua missiva e a abri. Engraçado o que sinto ao ler o poema acima: na era do computador,
da comunicação em tempo real, foi- se o tempo
que uma carta era, sei lá, um marco. Há quanto
tempo não escrevo uma. Acho que as cartas traziam
na letra a personalidade de quem as escrevia.
E era um documento. Hoje, simplesmente deletamos.
E de saudosismos vamos levando a vida relendo,
rindo ou chorando, o que já nos foi importante."

Foi assim que interpretei e gostei.

Abração.

REGE