Poemas -> Reflexão : 

Fado Vadio

 
Tags:  fado  
 
Fado Vadio
 
Tudo que eu tenho é uma caneta e o pôr do sol desenhado,
No canto de um papel, amarrotado pelo meu ódio.
Acredito em pesadelos belos
Quando a vida dá-me estalos com luvas de ferro,
Queimo tempo como nicotina acesa ao vento.

Dou poemas para amigos, empatia vou colhendo.
Minha mente, na tempestade o meu abrigo.
Procura o teu porque nem o céu é o limite
Carrego o meu orgulho como um amuleto ao peito
Sujeito a ser comido por este mundo imperfeito.

Respiro poesia, fria como a rua escura
Necessito a vossa ajuda, temos que tagar a lua.
Prefiro inimigos do que falsos amigos
Isto é o fado dum poeta vadio de bolsos lisos.

Mas de coração cheio, vou compreendendo
Que a máquina que move a vida é o sentimento,
Desde os blocos de cimento às salas de julgamento
Noventa por cento de nós acabam por ir dentro.

Acredita em mim, a reputação é fachada
Perante os obstáculos diários nesta longa caminhada.
Num dia temos tudo, no outro não temos nada
Bem ou mal, nunca percas o equilíbrio, há que ser racional!

Porque o amor é a um passo do ódio!
Nas situações extremas, tens que ser frio para resolver problemas,
Porque quem tem tudo, vive por trás de um escudo
Mas quem não tem nada, vive pela lei da espada.
A sentença é pesada, mas encara-a de frente
Quem tem vergonha do que sente, perde sempre e nunca ganha.

O peso na consciência é clara evidência
Da falta de experiência.
No campo do relacionamento humano
Eu mantenho-me distante do que considero inoportuno.
Comandante do meu rumo, sou eu quem faz o meu turno.

Tudo aquilo que vivemos são histórias.
Tudo o que temos agora são memórias!
Sempre olhando em frente, verso a verso
Criando o futuro, passo a passo.
Nada aqui é permanente, tudo o que tem começo também acaba.
Cinzas, pó e nada!

Os filhos da madrugada, bem aventurados,
O nosso fado faz chorar as pedras da calçada
A brilhar como o orvalho na madrugada
O nosso fado faz chorar as pedras da calçada.

Levo a poesia até às últimas consequências.
O impacto altera a consciência.
Há quem viva esta vida em vão.
Sem dar valor à dádiva, sem acção,
Como um espectador de televisão.

Qual é a direcção? Quem saberá...
Vivemos ao Deus de ará.
Muita gente tira e muita pouca dá
A vida são dois dias, um deles é para acordar
O tempo começa a apertar!

Está na altura de expulsar os vendilhões do templo.
Criar sustento, parar, pensar e apreciar o momento.
Somos guiados por valores: Uma voz interior que me move
Encontro o verdadeiro norte.

O coração sofre quando alguém parte,
Porque o amor é forte como a morte.
E foi na arte de viver que nos reconhecemos
Erguemos isto desde os velhos tempos, que saudade!

A história é única, como uma rubrica
Escrevo esta poesia com paixão, como se fosse a última.
Vivi tempos soturnos, nestes locus horrendus
Não é à toa que vêm à tona os nossos medos mais intensos.

Nós lidamos com sentimentos, sem ressentimentos,
Seguimos pressentimentos.
Vozes interiores sussurram orientação
Dão-nos a obrigação de ver na vida uma benção.

Apesar da sucessão de depressões e desilusões
Perdi batalhas, mas nunca perdi lições.
Aos dezasseis a vida eram rimas e sprays
Dias bem difíceis que passava para os papéis.

Ansiedades e angústias abalavam a alma
Anestesiava os sentidos, tentava manter a calma.
Vi sonhos ruírem como castelos de cartas
Quase desacreditei, abandonei as palavras.

Neste mundo de mau carma, armas e pragas
Invado-me... A minha imaginação tem asas.
Exorcizo fantasmas nas folhas de um caderno
Através da criação eu consigo ser eterno.

Poeta boémio, gato vadio
Noctívago nas ruas desta cidade sombria
Os meus pais perguntam-me o que é que eu vou fazer da vida.

Prometo-vos, é este o ano em que tudo cambia
Tenho fé, esse é o meu trunfo na manga
Junto com os meus...dou o grito do ipiranga
Tudo aquilo que vivemos são histórias
Tudo o que temos agora são memórias.

Sempre olhando em frente, verso a verso
Criando o futuro, passo a passo
Nada aqui é permanente
Tudo o que tem começo também acaba
Cinzas, pó e nada!!!!


A Poesia nao é de quem a escreve, mas sim de quem a usa" - Pablo Neruda

 
Autor
Zorlack
Autor
 
Texto
Data
Leituras
958
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.