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Fado da Má Vida

 
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Finda-se a rua na esquina,
Rua escura, aconchegada;
Dos encontros que combina,
Riem-se as pedras da calçada.

Dizem que esta tem má fama,
Que aqui não entram senhoras;
E tudo tem dois lados, até a cama,
E dizem que o fado, duas caras.

Rua acima, rua abaixo,
A ver as montras engalanadas;
Recebo um piropo, encaixo
A manha de donzelas dotadas.

Ri-se alto, mais alto se fala,
Que a tristeza ninguém a quer;
Antes melhor, é gozá-la,
E sorrir-se a uma mulher.

Donzelas, é seu apelido,
O nome, o vulgar Maria;
Não fosse o passado perdido,
Também o futuro lhes sorriria.

Aliás, como o chulo matreiro,
A protecção dos brutos e ratos;
Pago cada dia em dinheiro,
Géneros, e até uns sopapos.

Os olhos mentem o sorriso,
Que me estendes como anzol;
E me trazem a dúvida, fico indeciso:
Compro-te o corpo, ou bilhete do futebol.


Boa semana!


Garrido Carvalho

Fevereiro '09
 
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Garrido
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