Sonetos : 

inconstância

 
Procurei o amor, que me mentiu.
Pedi à vida mais do que ela dava;
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu!

Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!

Passei a vida a amar e a esquecer...
Atrás do sol dum dia outro a aquecer
As brumas dos atalhos por onde ando...

E este amor que assim me vai fugindo
É igual a outro amor que vai surgindo,
Que há-de partir também... nem eu sei quando...




Florbela Espanca
( 08/12/1894 — 08/12/1930)
Autores Clássicos no Luso-Poemas

 
Autor
Florbela Espanca
 
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Enviado por Tópico
Henricabilio
Publicado: 12/04/2009 09:31  Atualizado: 12/04/2009 09:31
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Usuário desde: 02/04/2009
Localidade: Caldas da Rainha - Portugal
Mensagens: 6963
 Re: inconstância
O eterno Amor / desencantado de Florbela, / flor / de tamanha beleza interior, / - beleza em queixume - / que sendo apenas / dela / é nossa no perfume / dos seus poemas. (Breve improviso em homenagem à grande poetisa).