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O meu amigo de sempre, Balzac...2

 
 
Meses mais tarde, estava eu jogando golfe com o meu querido amigo Honoré de Balzac, que por coincidên-
cia, também dava aulas em Oxford.
Comentei com ele que tinha gostado bastante de quase
todos os seus livros, mas que havia um que tinha gostado especialmente " A mulher de trinta anos ".
Olhou-me de esguelha e comentou:
- Mas è só até aos trinta...
Perdi a argumentação e perguntei-lhe se podia assistir a uma aula sua.
Anuiu com a cabeça num gesto de condescendência.
Sentei-me num canto, muito discreta, como quem jà nada tem para aprender.
Hà situações que se percebem melhor de lado que
de frente.
As aulas do meu querido amigo eram para mulheres
com trinta anos.
A aula começou com uma pergunta:
- Que fazer com uma mulher de 30 anos?
O silêncio reinou. As trintonas olhavam-se, meditavam, inventavam-se e perdiam-se
silênciosamente.
Honoré de Balzac entretinha-se a jogar à batalha
naval com ele próprio.A um minuto do fim da aula,
levantei timidamente a mão e respondi:
- Nada, è só deixà-las viver a seu "bel-prazer"...
- É...pode ser, - respondeu o meu amigo - podem sair - acrescentou.
Saìmos um pouco confusas, confesso, com o " bel- prazer...
Soube mais tarde que Balzac morreu em pleno amor
com uma mulher de 46 anos...


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Autor
MariaDeCarvalho
 
Texto
Data
Leituras
1883
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 19/05/2009 19:34  Atualizado: 19/05/2009 19:34
 Re: O meu amigo de sempre, Balzac...
Cara Amiga MariaDeCarvalho

Cara amiga nada como viver a seu bel-prazer.

Este texto deu-te esse bel-prazer?

Eu foi apenas para bater (hoje)no Balzac.

Eu morro de amores todos os dias e não necessito de nenhuma mulher.

Por isso te digo este Balzac (espero estar a falar do mesmo, este!!! também jogava golf) até que teve sorte.

bj Zé luís

Enviado por Tópico
asv
Publicado: 20/05/2009 10:45  Atualizado: 20/05/2009 10:45
Super Participativo
Usuário desde: 14/02/2008
Localidade:
Mensagens: 106
 Re: O meu amigo de sempre, Balzac...
Não estava nessa aula, confesso… ou ter-me-ia apaixonado pela mulher do canto, quem sabe… eu que, nos cafés da vida, sou sempre o rapaz da mesa do canto (quem sabe se um dia publicarei aqui esse trecho biográfico que um dia escrevi).

Mas acompanhei-o à Polónia, quando, depois de tantos anos a ecrever-lhe, Balzac se decidiu a conhecer, pessoalmente, Eveline Hanska. E como são fogosas as Polacas.

Com esta idade, já não me recordo bem se fui eu que lhe apresentei a Duquesa de Abrantes. Mas devo ter sido, porque ainda hoje me lembro que foi lá que conheci Eugénie.

Ainda hoje me pergunto o que terá ele visto em Madame Berny, 25 anos mais velha que ele, mas, sem dúvida, a intragável primeira paixão de Honoré. O que faz de mal a um filho ter uma mãe frígida e jovem.

Diante da vigésima chávena do café do dia, converso com George Sand que me segreda: Sabias (sim, George Sand sempre me tratou por tu) que Balzac me leu o rascunho daquele artigo, “Teoria do andar”, em que escreveu que as raparigas sérias, ao caminhar, movimentam as pernas e os pés formando linhas rectas, ao passo que aquelas que já conhecem os prazeres interditos fazem, ao andar, deliciosos movimentos arredondados?

Pois não sabia, eu que me julgava seu cúmplice durante as 15 horas em que se devotava, diariamente, ao trabalho.

Mas fui eu que ensinei a Rodin os traços da alma que ele deveria retratar na estátua do jazigo de Balzac.
E fui eu que ditei a Victor Hugo as melhores frases do discurso fúnebre que, para a história, foi ele que escreveu. É, o Victor preferia roçar-se nas gárgulas de Notre Dame e escrever outras histórias que, de tão longas, não caberiam num discurso fúnebre de Honoré de Balzac. Claro!

Três meses depois de casar com a Polaca que, como viúva, ainda visitei algumas madrugadas, ele foi-se, assim, entre lençóis suados. Mas deixou-me um bilhete que dizia: “É muito mais fácil ser amante do que marido, pois é mais fácil dizer coisas bonitas de vez em quando do que ser espirituoso dias e anos a fio”.

Por isso é que ainda hoje eu mantenho uma amante, empregada de mesa no Balzac Restaurant, no n.º 141 de Belmore Rd, Randwick, Sydney.