INQUIETUDE
A inquietude
Que esta noite me toma
Arranha o meu corpo
Recolhe da paixão sobras
Dá-se em amor não pouco.
E o desejo de alma
Inflama-se em vontades
Aspirando da noite prazeres
Retalhando os versos solitários
Que se vestem de vãs pudores...
Rendem-se a nudez que espia
Despem-se de falsos valores
Entregando o seu negado gozo
À maciez dos lençóis
De uma poesia...
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EMBAÇADA VIDRAÇA
EMBAÇADA VIDRAÇA
Cansei de olhar essa vidraça
Embaçada por coisas passadas
Vendo as gotas, que escorrem
Avivar lágrimas duma saudade.
Eu cansei de vê-la tão suja
De sombras ruins impregnada
Ofuscando toda a visão bela
De sol abrindo as alvoradas.
Cansei de fechar as cortinas
Para não chorar ao ver a lua
Mas não vendo sorrisos na rua
Perco os risos da minha poesia.
Vou arquivar no porão da alma
Toda página, que me lembre dor
Sem vendas encontrarei um veio
De verdadeiras rimas para amor.
Destrancarei a vidraça esquecida
Pra que entre boas novas de vida
E refletindo luz - o meu Espírito
Abrir-se-á uma janela ao infinito.
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MENINO POETA! POETA MENINO!
Menino poeta! Poeta menino!
Viajante de infinitos sonhos
Que traz da lua o que canta
Que o mar amansa e encanta
Que na terra se deita em sono.
Menino poeta! Poeta menino!
Que de suntuosos castelos
Com castiçais e velas acesas
Imagina príncipes e princesas
Em estórias de romance belo.
Menino poeta! Poeta menino!
Que de uma só flor faz jardim
Que da lágrima faz tempestade
Quando chora a sua saudade
Ou o amor lhe dá sinais de fim.
Menino poeta! Poeta menino!
Do ontem tinteiro - do hoje teclado!
Dos mil e-mails ao invés de cartas
Que com um delete tudo descarta
Refazendo o outrora inspirado.
Menino poeta! Poeta menino!
A sua paixão faísca diamante
O seu amor atravessa Universo
A sua solidão geme em reverso
E o seu prazer é êxtase à amante.
Menino poeta! Poeta menino!
Seus versos viajam a sua vontade
Sua poesia os guarda em relicário
A sua poética constrói um santuário
Em templo sem tempo na eternidade.
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POÉTICA SEDUÇÃO
POÉTICA SEDUÇÃO
As mãos nos sutis toques
Sentem a seda na textura
Desenham as linhas certas
Nos corpos em curvatura.
Peles arrepiadas ao tato
Em um prelúdio de prazeres
Expelem nos mágicos odores
Poéticos gozos d`instantes.
Os lábios desejosos provam...
Da rara iguaria - o mel sabor
Vagarosos... Colhem a essência
Da poesia - em beijos de amor.
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MEMÓRIAS DE SONHOS
MEMÓRIAS DE SONHOS
Quando por aqui passar
Se algo bom te tocar
Podes contigo levar.
Mas ao sair
Apague a luz
E feche a porta.
Pra que no silêncio
E na penumbra
Meus sentimentos
E sentidos repousem
Até que – despertem
Num momento luz
E sigam em longa viagem
Retornando mal ou bem
Com um poema leito
Onde se deitarão
Os versos em réquiem
Memórias de sonhos meus
Aquém e além...
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QUISERA... EM OUTRO TEMPO
Quisera...
Eu ter-te encontrado, em um passado distante
Quando nossas páginas, ainda eram em branco
E aguardavam palavras - serenas e sem pranto
E sonhos corriam soltos, por prados e campos.
Quisera...
Eu ter-te tido, nos verões do meu corpo em flor
Na adolescência inocente, nos meus sorrisos sóis
Nas águas quentes e nas ondas brandas do amor
No castelo de areia, feito de sonhos e não de dor.
Quisera...
Eu ter-te conhecido bem antes desses outonos
Que sopram feridas pra curar meus dissabores
E nas folhas ao vento, me fosses a suave brisa
Perfumando recantos e ares da minha poesia.
Quisera...
Eu ter-te nos invernos, agasalhando minh'alma
Ter no aconchego dos teus braços, o meu ninho
Não seriam meus arrepios, de medos e de frio...
Seria a paixão, pavio aceso na lareira de corpos.
Quisera...
Eu ter-te semente, florescendo no todo de mim
Em primaveras em um paraíso, seres meu jardim
Eu não teria presenciado o fenecer de mil flores
Eu não teria visto com tristeza, estações em fim.
Quisera...
Em outro tempo, ter tido esse teu amor...
Não teria existido um tempo de lamento e dor.
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INCÓLUMES SONHOS...
INCÓLUMES SONHOS...
Desfiei todas as palavras
Sobre os meus versos
Banhei-as e alinhavei-as
Com um amor confesso.
Em paralelo e transverso
Tão frágeis e tão sós
Meus incólumes sonhos
Seguem pelas noites
Viajantes insones...
Invasores do teu universo
No mais profundo do teu sono.
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EM LENCÓIS DE SAUDADE
EM LENCÓIS DE SAUDADE
Deitei o corpo em lençóis-saudade
Em fronhas riscadas pelas vontades
A face triste umedecida de lágrimas.
Esquartejei minhas noites sem rimas
Retalhei todo sentir em ambigüidade
Poética - sem uma nítida identidade.
Longínquos iam meus pensamentos
Ansiando ver meu verso em advento
Orvalhar com sorrisos o meu pranto
Dando as rugas do tempo o espanto
Dum amor em total desprendimento
Nos braços de terno contentamento.
Em noites que do amor me senti senhora
Eu deitei esse meu sonho em voz canora
Debruçando os meus silêncios na sacada
D’alma, cerzi aquelas fronhas inspiradas
Em lençóis-saudade dei-te minhas horas
Esperando nossas belas noites doutrora.
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SER MULHER
SER MULHER
É ser cor e sabor
Ser o perfume denso
Na fusão do amor.
É ser a voz da paz
Nos jogos da guerra
O coringa que apraz.
É ser o ponto de luz
No ventre gerador
Nas dores de sua cruz.
É ser livre e humana
Doando corpo e alma
Com a pureza profana.
É ser verbo sem tê-lo
Ser dele, sua semente
Em fertilidade mantê-lo.
É ser atalho à paixão
Ser a poesia que liberta
Aprisionando o coração.
É ser a dor e o prazer
Amar na incógnita nudez
De mulher - apenas o ser!
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DESÍGNIOS
DESÍGNIOS
Foram tantos os desvios
Encontros e desencontros
Em deslizes e insensatez
O destino apontando
E me aprontando
Outra vez.
Frasco aparente diferente
Produto interno tão igual
Odorífera bem marcante
Duma fugaz duração
Ilusão demarcada
Frágil fusão.
De tudo minha essência
Desmedida e incoerente
Querer ver sem descrer
De algo ainda mudar
E abortando os dias
Sentir – viver!
Existem portas de saídas
Janelas com belas vistas
Levantar cortinas ou não
Sentir-se a cada senão
Chegar ter que partir
Haja coração!
Perpendicular ou enviesado
Destoado, junto, separado
Sinais não compreendidos
Ser ou não ser é razão?
Escolha bem definida
Malas prontas vão.
Nas mãos essa bagagem
E num alto e grande vôo
O olhar numa só direção
Retorno? Em hesitação
Como certa a certeza
De nova missão.
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