ONTEM NO RIO (PRIMEIRO ENCONTRO LUSO-BRASILEIRO)
ONTEM NO RIO
Ontem o dia amanheceu tímido
O sol foi aparecendo se acendendo
Em cada poeta que chegava.
Poetas de Minas, Poetas de Brasília
Poetas do Rio, Poetas de Campos
Poetas de todos os cantos.
Foram tantos os poetas
Foram tantos os encantos
Que o sol se ardeu em flor.
Aqueceu, iluminou, brindou
Encheu o dia de imensa alegria.
Ontem tivemos aqui no Rio
Um encontro onde a poesia
Foi o pivô da festa.
Preciso agradecer publicamente ao amigo José Silveira,
a poetisa Gisele Lemos e os demais organizadores
que se empenharam para que o evento,
ocupasse um lugar de destaque
na poesia Luso-Brasileira.
NÁUFRAGO DE AMOR
... E por fazer amar um só momento
Lembro-me do tanto e quanto intenso
Os beijos que me tocaram o rosto
Umedeceram o corpo incandescido...
Desejoso permanecer ilhado em tua libido
De águas morenas quentes e profundas
Vou remando o corpo à flor volúpia
Das tuas bocas carnudas de perfumes
Férteis que tanto me enlouquecem
E que me deixam sempre à deriva.
Travessuras de um poeta
Despalavrei o silêncio
Para ouvir os caracóis
Conversarem.
Disseram-me que o chão
Nada mais era que um céu
De cabeça para baixo.
Recolhi um punhado
De entardeceres no bolso
Da camisa, para desfrutar
Na seca do sol escaldante
Ou inventar uma chuva
Colorida.
Viajando... Vi um peixe
Mastigando um poema
Degustando o vento
Soprando um arco-íris torto.
Sinto-me sapo de cabelos
Grisalhos, casa para os líquens
Habitam-me sem alardes
E, brotam verde-acinzentados
Nas bordas do meu pensamento.
Depois do poema feito
Descobri: para viver bonito
É preciso nascer invertido
Despentear a alma com todos
Os ventos encaracolados.
AO MEU AMIGO ZÉ! José Silveira do Brasil
Justo, justamente hoje (Vinte e dois de Setembro)
O poeta nasceu! Nasceu para viver eternamente...
Singrando mares velejando em nuvens, caçando
Estrelas, sonhos, musas...
Sua alegria contagia todos nós!
Inspirações, sentimentos que rejuvenescem o tempo
Lindas letras melodias, vontade do querer sempre mais!
Voz inconfundível é essa do amigo poeta rapaz
Esse é o José Silveira do Brasil
Irreverente, sorridente, poeta de verdade!
Raramente o vejo reclamar de alguma coisa
A sua história de vida é de se tirar o chapéu.
Dos amigos, o mais simpático, dos poetas
O mais amigo! Leva em seus poemas, a bandeira
Brasileira verdejante. Leva em sua vida
Rosas rimadas perfumadas tímidas
Aromas colhidos nos jardins de sua alma
Sim, esse é o José Carlos da Silveira, o “ZéSilveira”,
Impossível é vir aqui Zé, e não desejar-lhe uma vida
Lambuzada de felicidade!
Parabéns Zé! Aproveite desta vida, o mais que puder.
Do amigo de sempre!
Paulo César Coelho
Conversa: Manoel de Barros & Mario Quintana - Como seria?
Manoel:
Sabe, Quintana,
eu gosto mesmo é do chão.
Do que fica perto dos pés,
os bichos, as formigas que sabem segredos
que nem o vento entende.
E você, anda inventando
o quê nesses dias de poeira?
Quintana:
Manoel, eu ando olhando
pras sombras das coisas.
Elas me contam histórias,
e eu fico calado, escutando.
Você já viu como o silêncio
tem voz de brisa?
É quase como escrever com o invisível.
Manoel:
Ah, o invisível…
Eu desconfio que ele mora
nos fios de água do riacho.
Outro dia, uma rã me contou
que o passado dorme
em poças de lama.
Você acredita, Quintana?
Quintana:
Acredito, Manoel.
Porque o passado também me visita.
Mas ele vem disfarçado de estrela cadente,
passa rápido, mas deixa um rastro.
E o futuro? Esse eu nunca vi.
Acho que ele mora nas esquinas,
brincando de esconde-esconde.
Manoel:
O futuro tem cheiro de mato molhado.
Deve ser por isso que ele foge,
porque não quer ser pego.
Mas, enquanto isso,
eu faço amizade com os girassóis.
Eles me ensinam a dançar com o sol.
E você, Quintana, dança com o quê?
Quintana:
Eu danço com os sonhos, Manoel.
Eles são feitos de neblina,
mas, quando a gente acorda,
fica sempre um pedaço grudado nos olhos.
E é com esse pedaço
que eu escrevo.
Manoel:
E eu escrevo com as sobras,
com o que os passarinhos deixam cair
nos galhos do tempo.
Talvez seja por isso que minhas palavras
sempre nascem tortas,
mas o torto é mais bonito, não é?
Quintana:
É, Manoel.
O torto tem a poesia de quem se dobra,
mas não se quebra.
E no fundo, o que importa mesmo
é que a gente nunca deixe
de conversar com o mundo.
Por que ainda estou aqui?
Estou aqui porque o vento me trouxe,
ou talvez porque o tempo me quis.
Sou poeira das eras antigas
ou apenas um sopro feliz?
Estou aqui porque a vida é mistério,
porque o dia se dobra na noite,
porque o mundo me pede perguntas
e me veste de dúvidas em cada roupa que visto.
Estou aqui porque sou movimento,
porque o rio não para pra ver
se a pedra que dorme na margem
tem pressa para crescer.
Estou aqui porque o instante existe,
porque o passo precisa do chão,
porque o sonho só ganha sentido
quando pulsa em um coração.
Estou aqui, mas não sei se importa
saber o começo ou o fim.
Se a vida é um poema inacabado,
Preciso escrevê-lo assim...
MUSA PREFERIDA
Musa preferida!
Entre algumas mais queridas
Tu és a grande musa. É a brasa-escondida...
Resistiu a tudo, entrou em fossa!
Sentiu no peito a dor do ciúme
Angustia da espera.
Mas ainda aguarda...
Mesmo ressentida.
Musas cantadas, contadas em versos
Provocam-lhe olhos ardidos
Choros contidos
Em cama que não a nossa.
Entre todas a mais bela...
Um avião, viajando em barco de convés branco.
Entre todas a mais amada...
Seu perfume preferido “pitangas”
Ainda sinto em meu quarto...
O amor que tu me tens, transpassa distâncias
Sentimentos pequenos...
Caminha sem cobranças, cortando o vento.
Beijo-te assim linda menina
Perfume de mulher divina
Olhos que pedem a todo instante
Línguas que passeiam de mãos dadas
Em céus de bocas molhadas
Amor de minha vida!
FAZ TEMPO...
Faz tempo que não lhe vejo
Faz tempo, muito tempo mesmo
Que o seu Bom dia!
Não passeia mais, na telinha
Do meu smartphone.
Faz tempo que você não vem
No meu WhatsApp. Nesses desencontros
Permanece fugida enquanto eu, me encontro
Amargando o tanto dessa saudade sofrida.
Quase nada mais sei de você
Do seu dia a dia, dos seus sentimentos
Até parece que me encontro apaixonado
Encaixotado em alguma prateleira
Do seu esquecimento.
Faz tempo, hein! Faz muito tempo...
QUERIA SER MULHER!
Queria ser mulher!
Ser mulher é muito melhor...
Seria eu, agraciado com a plenitude
Do fazer nascer, doar-me-ia pra vida
Na certeza da renovação!
Mulheres têm sexto sentido
Pré-sentem coisas que aos homens
Passam despercebidas
Mulheres sentem... E como sentem!
Emocionam-se sem medos, conseguem expressar tudo
Na nobreza de um beijo. E quando a emoção é imensa
Não escondem... Derramam-se em lágrimas!
A mulher...
É uma estrela de infinita grandeza
Tem luz própria, Eterna, não morre nunca...
Ilumina, fascina e, encanta mais
Que todas as outras juntas!
Pensando bem, queria mesmo ser homem
Pra poder... Admirá-las!
Do tempo e dos caminhos
E o corpo, que já foi chão firme
Vai virando fenda de tropeços
Os ossos outrora troncos
Hoje, rangem como galhos secos.
Mas há um quê de bom nisso tudo
Que só quem viveu compreende!
Que a força que antes era nos braços
Agora mora no olhar e os passos
Que já foram léguas ligeiras,
Aprendem a contar histórias.
Há um saber na face antiga
Que o tempo concede de mansinho
Feito brisa que entalha as rugas.
E as dores?
As dores são como espinhos
Que protegem e ensinam.
Viver é enfrentar os Ventos
E o Sol a pino.
Assim, transformamo-nos
Em árvore enraizada mais na alma
Do que no chão.
A vida é uma travessia
E o tempo, um rio sem volta
Não acaba: transforma.