Soneto do viúvo
Pulsa em meu peito um coração perjuro
Sem encontrar nenhuma paz ou cura.
Habitam meu seio infeliz, escuro,
Pesares, perda e profunda amargura.
Mas, mesmo sendo um infiel impuro,
Desafiando meu destino e selo,
À mulher mais pura me uni seguro
Por seu intenso amor e manso zelo.
Hoje não zombo de quem se perdeu,
Pois também não gozo de um himeneu
E me tornei este ser ressentido.
Vivo sozinho, descuidado e triste
E apenas sei que o que em minha alma existe
É a dor imensa de tê-la perdido.
A VELHA
O que é a Vida?
A Vida, é uma velha muito velha,
que nos acompanha
Em todas as Eras
e tem o registro
de tudo o que somos,
tudo o que sonhamos...
o que perdemos,
e o que ganhamos.
A velha costuma
se intrometer
em nossas Vidas
sem avisar.
Ora quer nossa alegria,
Ora quer a nossa tristeza.
Diante desta velha,
temos de ter o cuidado
para não deixar ficar
o que ela tem de ruim,
mas cultivar
o Bem que ela registra.
Essa VELHA – a Vida! –
Nos ensina
a ler nas entrelinhas
o quão efêmeros são
os nossos Caminhos...
O quão amável
é deixarmos ficar
somente a Luz,
o otimismo,
e a Esperança
que o Amor vença
e a escuridão
jamais se instale
em nossos corações e Mentes...
E nossos registros
na memória desta Velha
São apenas segundos de Tempo
que irão se aninhar
na História Humana...
Como um Sonho
do qual não queremos acordar.
Saleti Hartmann
Poetisa
Cândido Godói-RS
**Volte borboleta machucada**
Borboleta machucada...
Que de voar já se cansou
Volte aonde é amada,
Que seu amor o vento levou!
Não quero te ver triste,
E seu brilho se apagar...
És tão linda! Não desiste
Outro amor vai encontrar!
Volte, borboleta vem
A bela flor te espera...
A tristeza não convém
E logo será primavera!
Tu mereces a felicidade
Em um lugar encantado
Volte e terá a liberdade
Neste jardim iluminado.
I Will Take You Forever
"A alma é uma borboleta...
há um instante em que uma voz nos diz
que chegou o momento de uma grande metamorfose..."
Rubem Alves
http://belarosehotmailcom-belaf.blogspot.com/
Teu nome numa pedra
De que vale ter o teu nome
Escrito na dura pedra?
Se não posso…
Ver o teu sorriso,
Cheirar o teu perfume
E ver o brilho dos teus olhos…
De que vale colocar uma rosa
Sobre a fria terra?
Se não posso…
Beijar-te,
Abraçar-te
E sentir o teu peito a bater…
De que vale ter o teu nome
Escrito na dura pedra?
José Coimbra
Meu canto...
Meu canto é verso estranho, que divaga
É loucura, é absinto que embriaga
É ferida na alma, é aniquilamento
Meu canto é saudade, é aprisionamento...
Meu canto é verso duro que não afaga
É grito preso na garganta, é chaga
É sussurro, é suspiro, é lamento
É dor que não quer calar, é tormento...
Ó Deus, devolva meu canto de outrora
Sem lágrimas, sem mar, sem alagamento
Sem atribulação, sem ressentimento...
Um canto com versos sobre a aurora
Que fale de cores, de flores e do vento
Um canto doce, uma poesia, um acalento...
(ania)
Meu disfarce...
Não sei por quê?...
É difícil de entender!
Pensar que a melancolia
Das noites frias e vazias
Trazem-me tristezas - alegrias.
Minha companhia, amiga.
Experimenta do meu fel
E, se, mantém fiel.
É ali que me revelo...
Deixando minhas quimeras...
Meus sonhos de primavera,
Aonde ouço minhas canções de amor
Desnudando-me sem pudor!
Mostrando meu sorriso multicor...
Até as lágrimas beijarem minha face!
Eis ai, o meu disfarce...
Dormindo antes que a solidão me trace.
Por Mary Jun.
Guarulhos,
26/01/2015
Às 17h30min
eu estou lá fora
sinto-te perdida nesta vida
viras as costas à tua alegria
e ao amor não sentido ainda
sinto o teu corpo em lamento
uma solidão presa num gemido
no grito que me traz o vento
qual dor qual sofrimento
de um olhar já tão dolorido
de tão sagrado sentimento
recorda - amor - este momento
deste sentir a te sentir agora
num suave e breve fragmento
é hora - tenho que ir embora
eu nunca quisera ser violento
com a tristeza que em ti mora
a alegria de mim é o teu alento
abre a porta - eu estou lá fora
Uma lágrima cai...
Uma lágrima cai…
Na noite silenciosa
Criada pela dor
Dessa força poderosa
Que lhe dão o nome de amor.
Uma lágrima cai…
Na fria escuridão,
Longe do teu olhar
Ela cai na solidão
Sem ninguém para a secar.
Uma lágrima cai…
Em pleno sofrimento,
Com a tua partida
Só ficou o lamento
E uma profunda ferida…
José Coimbra
como o ar do crepúsculo
o rosto sorrindo,
tristeza não deixava antever
hoje como paredes pardas
de inverno caindo,
levou tempo aceitar com ele conviver.
hoje nenhuma voz me oferece calor
nem as palavras das cartas d'amor
só a tristeza no olhar a reflectir-se turva,
e perdido o sorriso,
meu rosto é como sombra
que na calçada piso.
as palavras, podem ser companhia,
ou ser um fio cortante e desatado,
mas mantêm-nos mais unidos
a cada dia...
porém, a sombra nostálgica
permanece entre nós
surge do outono da nossa tristeza,
carregada de chuvas e de ventos.
dura é a angústia que já não sabemos
suster,
agora que o sorriso descansa,
é a memória com golpes de cansaço
que nos faz doer.
natalia nuno
Nada mais será...
Não serei mais poesia nascente
em versos a atrair
nem magia iridescente
em musa a seduzir...
Não serei mais flor latente
em jardins a florir
nem vento dormente
pelos campos a fluir...
Não serei e tudo secará
e nada mais será...
Ficarei assim indolente
calada a definhar
feito semente
que esqueceu de germinar...
(ania)