Chegada da Primavera
Nesta altura em que a chega a primavera
em tão conturbada era
parece que caiu fora a moda
de maus sentimentos fazer-se a poda
Hoje em dia todos dizem não ter eixo
todos deslocam o seu queixo
No entanto nesta nefasta era
Todos se esquecem do milagre da Primavera
Que milagre é esse, vocês perguntam
Já que aparentemente tão profundos estamos no esquecimento
que já nem nos lembramos deste advento
Dita-nos a consciência cautela para tal antes que nos invistam
Invistam em que perguntam-se vocês?
Já não nos basta este mundo cheio dos porquês?
É o milagre da primavera
faz com que esquecemos a causa da encerra
a qual nós que aparentemente gostamos do culto da tristeza
nos vemos sorrir com a surpresa
de que tudo o que de mau há
não vale a pena perder tempo em algo que "je ne sais quoi"
Portanto sorri nesta Primavera
abracei a energia desta nova era
sente a paz em ti
e sorri neste mundo onde mais de mil somos
e onde o que ontem era não mais fomos.
Mafalda Sanches
Quem me dera amar
Dera a mim te amar
Sentir em todo a plenitude o calor desse sentimento
Sentir em mim o desejo de contigo sempre estar
De contigo tudo de mim mostrar por um momento
Dera a mim meus labios em ti pousar
E sentir como todos os demais sentem
Deixar-me em sonhos inocentes levar
Simplesmente viver e como todos assim tentem
Ser felizes, ser livres
Mas assim tu me pediste
Em pequenas palavras, pequenos gestos
E o meu espirito morria lentamente
E eu via o teu viver amarguramente
E apesar dos eternos beijos
A doçura do amor
Esse ficou há muito perdido em longinqua dor
Dera a mim saber o que é novamente amar
Pois não o sei, tudo esqueci
Porque todas as almas amo com profunda protecçao
Acolho-as no meu coração
Assim vejo que perdi
Um sentimento tao doce que nos faz voar
Dera a mim amar-te
Em loucuras, devaneios me deixar arrastar
Tocar-te
E ver todo um futuro em conjunto emergir
E ver sem medo toda a profundidade do teu sentir
E assim juntos nesta vida o caminho trilhar
Dera a mim nao ser eu por um dia
Sentir como todos os outros a alegria
Sentir como todos os outros as tritezas
E como todos delas recuperar e ver todas as belezas
Deste doce mundo que me acolhe
Deste mundo que me assim escolhe
Mas não posso fugir de mim
Nao posso pedir ao mundo um dia de descanso e então assim
Tenho que viver
Tenho que ser
Sozinha caminhando a compasso
O destino que me está reservado
Que apenas por mim pode ser trilhado
Que apenas por mim passo a passo
É revelado
É guardado
Dera a mim amar
Como um cisne ama a sua companheira
Assim graciosamente uma vida inteira
Transparecendo toda a alegria num cantar
Mas cisne nao sou
Por isso aqui simplesmente estou
Sozinha por nao saber fugir ao meu ser
Por ainda nao saber viver
Dera a mim nao te magoar
Por algo que não há como aceitar
Facilmente uma união findada
Por aquela que amamos agraçiada
Por ti me senti abençoada
Nas horas em que unos nossas mentes se encontravam
Nossos corpos se deleitavam
Dera a mim nao chorar
Por não ser o que idealizaste
Dera a mim ser o que sempre desejaste
Mas não me consigo num ideal tornar
Recuso-me a desistir de sonhar
Pois sem o sonho de criança
Não há esperança
Aprenderás novamente a voar
Eu sei que um dia o conseguirás
Eu sei que um dia o viverás!
Mafalda Sanches
Retorno
Retorno
Retorno a um sonho de criança
Eis que os meus dedos leves tocavam
A tua tao doce textura, suave lembrança
Da madeira fria ao meu toque enquanto viajavam
Pelas teclas livremente ja sem medos nem receios
Apenas leves suspiros e anseios...
Cada toque retomava em mim um doce sentimento
Anos de tormento se apagaram
Pela magia que no espaço onde seu nome reflecte cada momento
Dos que por lá passam, foram e ficaram
Alma, planicie que nasceste na mente de um sonhador
Te moldaste, cresceste, ganhaste forma em nosso redor
Que continues a ser espelho de uma mente
Que não tem receio de mostrar o que sente
Que a ti regressem as boas almas e puras de espirito
Que as acolhas como refugio mesmo quando alguem está perdido
Alma tens em ti um força que muitos sentem
Percebendo-a ou nao ficam os espiritos da paz
Encerras em ti um mistério tao grande quanto o do sonhador que te alimenta
Continua a ser o lar calmo e tranquilo
O porto de abrigo
De quem de ti precisa na tormenta
De quem a ti se entrega nas horas más
E de quem apenas passa e todos sentem
Bem vindo, fica conosco saramos teu tormento
Aconchegamos-te neste momento
Partilha conosco tuas magoas ou alegrias
Une-te e deixa uma vez mais a mente voar
Flutuar
A Alegria encontrar
Dança na floresta
Encontrava-me em mais um dia como tantos outros
Caminhando livre entre árvores e flores
Sem pensar em nada e tudo simultaneamente
Ah! A alegria de por momentos viajar livremente
Tocada pelos simples prazeres
Como o aconchegante abraço do Sol e vejo então doces potros
Tal como eu disfrutando das simples circustâncias
De um caloroso dia de Primavera e sem instâncias
Rodeiam-me agora sem medos, seres curiosos
Observando-me com aqueles penetrantes olhos castanhos
Sem quaisquer vestígios de vícios maldosos
Sem qualquer traço de sob humanos tratos
Livres no seu pequeno recanto sem objectivos tamanhos
Apenas sentir, sobreviver, pocriar sem contractos
às vezes gostava de por momentos como eles ser
Nefasto este humano mundo é-o tantas vezes
Que cada segundo que tenho a sorte das cidades me afastar
Agradeço a Deus por ainda assim me presentear
Com pequenas alegrias já tantas vezes esquecidas
São as horas de maiores alegrias e é nesses
Pequenos momentos que sou eu e puramente eu
É nas horas de silêncio e solidão que se torna meu
Este espírito que habita-me e cresce
Por isso danço loucamente até poderia-se mesmo dizer
Pisando flores e folhas no húmido chão da floresta
O corpo não contesta
Muito pelo contrário, pede mais, quer viver!
E então o sol desce
É agora já hora do branco luar
Saio da floresta e vejo-me percorrer
A húmida e fria areia branca à beira Mar
Fria mas tão reconfortante de sentir e ver
Deito-me nela e fico assim, simplesmente a observar
A imensidão de estrelas para as quais um dia vou voltar.
Sonho...
A lua ascendia elevada no céu nocturno, cheia, mostrando todo o seu explendor. Estava mágica repleta de uma luz pálida, mas, inebriante na sua sedução iluminando toda a clareira nesta floresta onde eu me encontrava. Sobre a sua candida luz algo se movia silenciosa na calada da noite com um cuidado premeditado, cautelosa... uma forma tarda a surgir... Debruça-se... silenciosamente uma mao tao delicada, tao esbelta a luz do luar surge, sobre o que parecia um pesado manto negro que lhe cobria todo o corpo. Segurava algo cristalino, brilhante parecia reflectir todo o mundo e luz em redor nele.... segurava nele como um pendulo e aí vi então como começou primeiro lentamente a girar. Depois acelerou ritmo até obviamente nao ser natural a força que aquele pequeno objecto tinha bem como a pessoa que o segurava. Mas que via eu? esfrego novamente os meus olhos pasmos perante o que acabara de suceder...! Uma figura alta, esbelta surge, também ela coberta por um manto negro nao se vendo absolutamente nada destes dois seres.
No silencio da noite ouço um murmurio tao pouco audível no entanto doce, transbordando ternura na voz do primeiro ser:
-"Estamos seguros"?
-"Estamos minha doce fada lunar, por esta noite estamos seguros" ouço uma voz mais grave e rouca, cheia de óbvio amor na voz.
Observo atentamente enquanto vejo a figura delicada e pequena retirar o seu capuz para assim revelar um cabelo selvagem, rebelde, de um cobre erascente sobre o luar. Em cada onda do seu cabelo parecia que uma salamandra dançava, pequenas faiscas soltavam-se no ar e se observássemos com cuidado veríamos que cada faísca saía a dançar na escuridão da noite. Abriu totalmente o roupao que envergava e o espanto abate-se sobre mim ao constatar que brilhava nua sobre a magia da lua. Suavemente chegou-se perto dele... agarrou-lhe a mao entre as dela com carinho e fê-la deslizar no seu ventre indicando que a magia iria começar... a roda iria girar uma e outra vez porque ha coisas na vida que são impossíveis de deter mesmo entre os seres menos naturais destes vários mundos e realidades. Ela dançava suavemente ao longo da clareira, escutando a melodia da Terra, ao ritmo da Deusa que transportava no sangue. Rodopiavam os seus braços em movimentos sensuais... movia o ventre indicando a receptividade daquele que era o seu amor, um seu semelhante. Girava sem parar em redor dele, tocando-lhe o capuz por breves momentos e ele assim estático permanecia...esperando...mas o quê? Porque se mantinha tão quieto e controlado quando claramente era mostrada a magia da Mãe Terra?
Noto-o mexer-se... leva as maos ao capuz e tira-o tao rapidamente que se eu tivesse pestenejado nao teria percebido o que ocorrera. O longo cabelo loiro era revelado que em constraste com a palida luz da lua, parecia ser uma estrela no meio das penumbras... Tomou-lhe a mão, trazendo-a subitamente à consciencia e beijou-a com uma magia recheado do que era o mais doce dos afectos e um desejo de completar o ritual mais uma vez.
Perdidos em beijos trocados uma e outra vez tornando qualquer noção do que é o amor incompleta perante o que eu fascinada observava. A luz que criavam em cada beijo...Oh meu deus a Luz! Não eram seres deste mundo...ou talvez fossem... e não estejam geralmente á vista dos mais desatentos e o mundo está tão pouco observador dos momentos mais belos que a todos nós rodeiam...
Perdiam-se as mãos em doces carícias tocando cada curva dos dois corpos... sentia-se em toda a clareira o ar mudar... a temperatura subir...os animais silenciam-se... todo o mundo parece parar de propósito para que estes dois seres se unam...se possuiam..finalmente matem a saudade há muito sentida...
Deitam-se lentamente por cima dos capuzes... o mundo é deles agora... o tempo...esse não existe mais... os fogosos cabelos vermelhos selvagens contrastam como sangue nos negros mantos... enquanto madeixas loiras como as espigas de verão tornavam-se agora rebeldes nos movimentos da paixão e algo inexplicável emanava desta união... era um sentimento de algo impossível, de não ser permitido e via então como se consumiam um ao outro entre declaraçoes de amor, suspiros de prazer e deleite....
Ouve-se o solto de um silvo em como ambos atingiram o apogeu e agora abraçados descansavam nos braços um do outro observando a Lua redonda, brilhante e as estrelas que caíam como lágrimas da grande mãe.
Ultimos beijos eram trocados com um sentimento de tristeza profunda em ambos tão grande que se sentia toda a natureza em volta morrer um pouco... ouço muito roucamente dizer:
-"Minha fada lunar por momentos fomos nós, por momentos fomos livres, por momentos unimo-nos em perfeito casamento de espíritos e agora chega a hora de cada um de nós regresssar à batalha da vida entre os mortais... entre aqueles que não entendem o nosso espírito elemental e algo aprenderemos de entre eles, na forma como amam, vivem e sentem este mundo"...
-"Doce elfo é um caminho tão duro de entender, viver nos braços de quem não nos percebe, de quem não sente como nós, de quem nos magoa sem perceber, de quem nos teme por diferentes sermos, de quem tenta induzir-nos medo para assim sentirem-se seguros...é demasiado dificil elfo..." dizia ela numa voz baixa com clara embargura na voz...
-"Uma lição a aprender e quando aprendida regressaremos ao nosso mundo, a nosso lar, ao nosso leito e saíremos mais sabedores, compreendendo melhor este caminho que temos que percorrer enquanto aparentes humanos entres os demais"...
-"Eu sei...assim seja feita a vontade da Deusa e que nos ajude a compreender melhor este caminho"...
Via eu própria já deixando correr livres as lágrimas perante tanta pureza de sentimento as lágrimas dela cristalinas correndo como pequenas sereias que lhe tocavam o rosto e em cada lágrima que tocava o chão, uma flor branca, candida tao pequena e leve surgia.... Fez-me sorrir ao reflectir quantas fadas nao teriam chorado as suas amarguras nos grandes campos de flores por onde eu tantas vezes deixava o meu corpo vaguear em caminhadas...
Via-os a vestir novamente os seus capuzes agora um pouco amarrotados da loucura do momento...davam o ultimo beijo (quando novamente dariam outro?)... Ela segurava novamente o pendulo cristalino e mais uma vez ele tornou a girar...mais rápido e mais rápido até que ficou sozinha na clareira...no meio da escuridão.... observo-a e vejo-a fixa a olhar para mim sorrindo ...faz um gesto estranho no ar ...algo que nao percebi...
Acordo bruscamente...que se passara? Fora tudo um sonho? Um devaneio de pensamentos entre o limbo deste mundo e do outro?
Nunca o saberei....ou talvez saiba... e veja na doce fada algo próprio do meu ser!
Escrito por:
Mafalda Sanches
Pequena formiga
Era uma vez
Uma pequena formiga perdida no meio da serra
Não sabia o que houvera
Mas todo o seu mundo se tornara num abismo de malvadez
Ela caminhava passo a passo
firme no seu traço
Levando nas suas costas
O peso deste e de outro mundo
Levando consigo o encargo do futuro imundo
Marchava e marchava
Alguns diriam mesmo que navegava
Não sabia o que carregava
Não sabia para onde viajava
Toc! toc! toc! faziam as suas pequenas pernas
O ritmo da jornada que a acompanhava
Poc! Poc! Poc! ouvia-se o chapinhar nas bermas
O acompanhamento da melodia que a transitava
Era uma vez
Uma pequena formiga que decidida se aventurava na guerra
Não entendia o que a seu redor acontecia
O importante era levar a sua porção à familia que acolhia
O importante era continuar o seu ciclo nesta curta vida em que dormia
Somos nós formigas que tentam sobreviver num rumo pré traçado de subsistência aos que nos rodeiam?
Não sei... Sei que continuarei a fazer uma simples coisa independentemente dos que me odeiam
Toc!Toc!Toc! farão os meus dedos enquanto alma em mim houver
Enquanto música no meu sangue correr
Poc!Poc!Poc! enquanto o corpo me permitir dançar
E da noite fria e ao mesmo tempo aconchegante deixar!.