esta noite sou eu.
Esta noite sou poeta,
Despertam-me as palavras sentimentos quentes
Puxam pelas horas que correm vorazes.
No papel tenho a alma
Que preencho com lembranças do coração,
Sou lágrimas em vão
Sou a força de querer mais,
As palavras já ardem e eu grito.
Silêncio enche-me o peito
Pois a hora já vai tardia
E as vozes da multidão são apagadas,
A tinta chora as lágrimas que sequei
E pelo papel desabafa os seus segredos.
Alta cai a noite
E o teu corpo eu desejo secretamente,
É a palavra proibida fechada em fundos
É o sentimento indefinido a chaves trancado.
São pedaços de tempo
São pensamentos guardados,
Calo as palavras e escrevo-as.
Esta noite sou poeta
Esta noite guardo em versos o que não sei dizer.
onde termina o destino.
É na cama
Na noite sincera
Onde te despes desse teu negro
E da alma que carregas,
Que és tu verdadeira
A mulher que amo inteira.
Tira o véu que não te deixa ver o mundo por que corres
Suspira devagar e sente que te desejo,
Acolhem-te de leve estes meus braços que te querem ter.
E pela noite alimento a mente
Esse sentimento carente que se sustenta de mim,
Já não sou mais dia
Nem a madrugada que te acorda
Termino quando as estrelas se encontram
Quando a janela do teu quarto se fecha
E desse teu lado não sou quem fica.
confidências
Escuridão solitária que cai sobre o tecto onde adormeço
Noite que me observa serena e calada,
Guarda os segredos que te confesso a medo
Como se me desses a tua mão e eu fosse mais forte.
De olhos fechados tenho o mundo
Cerro os olhos e sou tudo,
Sonhos que aperto nas mãos
Os sonhos do coração.
mundo sem coração.
É a sociedade onde nascemos e morremos,
Onde somos úteis
E inuteis são os sentimentos.
Cada mão é uma força
E cada coração atrapalha,
As palavras estão corrompidas
E o poder não é mais de quem sabe,
É de quem fala mais alto do que os sonhos.
E o fogo, esse,
Só existe sob a forma de fumo
De lume de cigarro,
Que sustenta vícios
Desses Homens que agora são gente sem saberem bem quem são.
O fogo da paixão
Que não sabe mais ser feliz
É de noite amante
E de dia vive solitário.
E o amor é expressão excessiva,
Entoação exagerada sem definição,
E o amor nasce no peito
Mas não pode mais crescer,
Não tem lugar neste mundo,
Vive à margem de quem o sustenta
Quem por ele se sacrifica.
É a sociedade onde nascemos e morremos,
Onde crescemos a lutar por ela cada dia.
não me procures se não voltares.
Desisto
Porque ao desistir sigo o meu caminho
E deixo-te seguir o teu,
Mesmo que não saibas que estava no teu rumo
Mesmo que não saibas que tínhamos um rumo.
Ao desistir
Não era porque estava a insistir,
Era porque ao sucumbir
Ao me deixar levar
Estava mais perto
Do que podia ser de verdade.
Não quero cair na mentira
Que a imaginação produz,
Que o coração seduz
E acredita como verdade.
Quero saber quem sou
E o que somos,
O que não temos
E o que podemos.
O amor dorme na mesma cama que eu.
Dorme na minha cama
Não peço que me fales,
Deita-te comigo
Para que a saudade cale.
Segue o meu rumo
Preso por um fio,
Deita-te a meu lado
E escrevemos mais uns versos.
O ambiente é controverso
E a paixão está rasgada,
Com as folhas de rascunho
Das palavras que não soube dizer.
O reflexo está em mim
E o sentimento em ti,
Não me vejo
Nem sinto,
Sei que é profundo
E eu não minto.
Deita-te na cama
Que é nossa por destino,
Deita-te ao meu lado
És tu o mais amado.
Esta noite durmo com o amor,
Com o meu amor.
O que te aquece o coração?
Fotografias rasgadas
E o reflexo apagado,
O tempo gasto
Em cada canto da casa.
Fechei as janelas para o ar não entrar
A brisa que me traz de volta
O teu toque
E todas as palavras que ficaram guardadas
Entre os silêncios dos nossos olhares.
Quando voltares peço-te para sempre
Não me invadas de novo em vão
Nesse teu desejo de me dominares
Sem quereres saber que sonhos tenho.
Preenches a noite e entras pelo dia
És mais do que uma fantasia,
Não sei que tipo de dor é esta
Que se transforma em alegria.
Arrepios
Olhares
E despedidas,
Lembranças em segredo
E todo o labirinto de medos,
A força de cada passo
E o impulso de cada palavra.
Aquece-me o coração,
Aqueces-me o coração.
lençóis vazios de amor.
Foram horas apagadas
Lágrimas lavadas
Desse rosto sem alma,
E o castelo que se erguia
Sem pés assentes na terra
Desvaneceu-se,
Pelo azul negro
Desse céu que não é mais meu.
E o que era teu
Ficou nesses lençóis
Confidentes da nossa história
Do amor em fervor,
Das horas que esperei por ti
Entre as paredes silenciosas
Entre o sufoco de não saber de ti
De não te ter em mim.
Inventei um tempo
Para não sofrer sem fim
Como se esperar por ti me afogasse
Me afundasse em mágoa,
Esperar pelo teu sorriso
Pelo teu olhar
Que toma conta do meu coração
Como um intruso
Rebusca cada sentimento.
E os lençóis contam a história
Desse amor que esperou
Dessa fonte que se esgotou
De tanto que amou.
Lá fora
Que lugar é esse
Que nos protege de nós,
Dos outros e das palavras?
É lá fora que o mundo vive
Que o mar se agita
E eu adormeço sobre todos os sonhos,
É lá fora que mora o rumor
Os temores que são batalhas
Onde em cada tempo mergulhamos.
Que lugar é esse?
Refúgio de todas as almas perdidas
E do amor desconsolado
E do consolado,
Que de lágrimas escreve os seus poemas.
Fico do lado de fora
Onde penso ser imune,
Protejo-me de mim mesma
Em cada mentira.
Quero viver assim,
Pensamentos moram na memória
E sentimentos no corpo todo,
Quero cada vida em seu lugar.
o mundo entre nós.
Fechei-me para o mundo
O mundo fechou-se para mim,
Mas eu sou somente, somente por ti.
E o passo maior é o que não dou
O que não ouso dar em vão,
E o passo maior é em tua direcção.
Sou a terra que piso
E a terra que pisas,
Sou o ar que me faz respirar
Este ar que entre habita entre o nosso amar.
É o verbo conjugado no infinito,
O infinito que podemos alcançar
Em qualquer lugar.
O mundo continua trancado
E a chave foi o teu coração que levou,
O mundo já não é amado
A nossa história acabou.