Amar?
Amor sei que ele existe.
É parte de nós. Vem de nós e, às vezes, para nós.
Amor é construído, numa palavra que é belissimamente e estranhamente desconstruída.
Chamo de amor a aquilo que é nosso por direito, por ser merecido, por ser dado, sob a pena capital de amar.
Amor é viver dentro do peito do amado, lutando de dentro para fora, para se manter ainda mais dentro.
Amor é olhar cego para um horizonte, e deixar que os sentidos nos guiem pelo resto. É chegar ao mesmo tempo que nos vemos partir.
Talvez não saiba eu definir o que é o amor porque não saberei definir o que sinto. Sei que sinto, e se houver alguma dúvida na vida sobre o que é amor, amar é a resposta.
Tempo
Só se devia perder tempo com quem nos faz perder no tempo.
Um breve Olá
Que se desengane quem pensa que na vida temos um tempo só para nós.
Ele é um comboio em constante movimento, sem paragens, só com um bilhete de ida, e sem volta.
Tempo é um predador de vidas, de anos, de horas, minutos e segundos. Ele nos devora, cheio de pressa, mas ironicamente nas calmas.
Ele é o instante que passa, que nos deixa sempre à margem de nós próprios e das nossas escolhas.
Temos sim apenas uma única oportunidade de mostrar ao tempo um pequeno momento no seu enorme tamanho, para dizer um breve "Olá", e um eterno "adeus".
E ele nunca pára, e apenas as saudades de o ver passar é que fazem tudo parar no tempo.
De um destino
Já narrei num beijo o que os teus olhos me queriam dizer.
Já senti num abraço a resposta que uma lágrima quis demonstrar.
Já senti numa saudade aquilo que o destino me quis tirar.
Já fui uma parte de um adeus quando a outra so queria voltar.
Beijo
Fia-me um beijo na Terra, e cobrar-te-ei levando-te ao céu.
Escravo
Somos eternos escravos dos nossos desejos.
Ou morremos deles, ou vivemos para eles.
Entre dentes
Não existirás sem seres o teu próprio
Atearás choro com agua em lume.
Não existirá dor que tu não sintas
Ao continuares a ser energúmeno.
Não serei estofo para as tuas lágrimas
Nem tão pouco o teu conselheiro,
A vida são pequenas páginas
Que lês o dia inteiro.
Irás provar teu cálice de sangue ardente
Na colher com bordas de prata
Não existirá riqueza nem boa gente
Que te salve enquanto a vida te mata.
Quantos gritam de dentro do seu peito
Fome e desdém que fazem sentir
Na hora é guerra, e não respeito
Tanto louco a permitir.
Tão delicados e hábeis
São frustrações delinquentes.
Puta da mania que são sabios
E batem com a língua nos dentes
Não quero saber. Não quero imaginar. Quero ter vida para além de ti e de mim.
Quero provar e aceitar, fechar-me dentro de ti e saborear
Rasgar-te toda e colar a tua alma na minha.
Morrer e nascer de novo, nascer e morrer outra vez..
Não quebro o meu medo sem sentir receio
Que se foda quem já viu tudo.
Para muitos este mundo chama-se recreio
No qual não crescerei mudo!
Se fosse o mundo tu
Tivesse o mundo linhas curvas tão bonitas como as tuas, onde as minhas mãos querem criar poesias.
Fossem todos os lábios no mundo tão doces como os teus, para eu recitar os poemas saborosos.
Fossem todos os olhos neste mundo tão sinceros como os teus, para me espelhar na tua face.
Mas porque quereria eu tudo isso no mundo, se no mundo eu te posso ter a ti?
Liberdade
No final de contas, todos queremos ser livres para nos prendermos ao que nos liberta.
Ser ou não ser.
Há pessoas que são como não são.
Outras não são como gostariam de ser.
Outros não são como deviam ser, mas são.
Se nada do que somos parece, seremos nós parecidos com o que não somos ou seremos exactamente como não parecemos?