E se um dia...?
E se um dia eu tivesse coragem...
Para te contar o segredo que finjo não guardar?
Para te dizer o que finjo não perceber?
Para te revelar o que finjo não conhecer?
E se um dia eu tivesse coragem...
Para dar asas ao sentimento que trago no peito?
Para dar voz ás palavras que calo no coração?
Para dar largas a toda esta contida emoção?
E se um dia eu tivesse coragem...
Para dizer tudo o que sinto por ti?
Para dizer tudo o que significas para mim?
Para dizer que quero ser sincera por fim?
E se um dia eu te tivesse coragem...
Para te confessar toda a minha paixão?
Para te declarar todo o amor que escondi?
Para te dizer que estou farta de viver sem ti?
E se um dia eu tivesse coragem...
O que farias tu se eu tivesse coragem?
Amei-te...!
Amei-te com a força intempestiva do vento norte,
Com o fogo ardente que brota dos misteriosos vulcões,
amei-te com o estrondo iluminado de mil trovões,
Como lotaria onde se materializa o azar e a sorte.
Amei-te com a leveza cristalina do mais puro cristal,
Com o perfume das rosas que abrem os seus botões,
Amei-te com a doentia esperança que é fatal,
Com a coragem destemida dos mais ferozes leões.
Amei-te cada dia que passou desde que te conheci,
Amei-te cada hora que por ti esperei e te desejei,
Amei-te cada minuto desde que ansiei por ti,
Amei-te cada segundo que contigo eu passei.
Amei-te… mas afinal foi tudo tempo perdido…
Partiste com as mãos vazias com que chegaste,
Deixaste apenas o meu coração no chão caído
E a certeza de que afinal tu nunca me amaste…
(a um coraçãozinho partido mas muito especial... Força!!!!!!!!!!)
Se eu pudesse...
Se eu te pudesse amar neste exacto momento,
Acredita que o faria sem qualquer hesitação,
Sei que disse o inverso mas a verdade mesmo
É que não quero que te afastes da minha vida,
Não consigo controlar este sentimento cá dentro,
Esta ansiedade de te ver, de te saber presente,
Esta vontade de te tocar, de te beijar, de te abraçar,
Não consigo evitar que o pensamento voe para ti,
Imaginar o que estás a fazer, com quem estás,
Sentir ciúme de pensar que podes já não querer…
Não consigo evitar este desejo que me consome,
Esta vontade ácida que me queima por dentro,
Este querer ter-te por perto, um segundo que seja.
Se eu te pudesse amar neste exacto momento,
Acredita que o faria sem qualquer hesitação
Não porque tenho pressa, não por capricho,
Não para satisfazer um desejo ou uma vontade,
Mas apenas e só porque queria amar-te
Antes que tu decidisses ir-te embora…
Não me peças...
Não me peças que te dê a lua
porque não o posso fazer,
não queiras que seja só tua
a beleza do suave entardecer.
Não me peças que te dê as estrelas
porque não as consigo alcançar,
não queiras ser o único a vê-las
nem queiras seu brilho aprisionar.
Não me peças que te dê a força do mar
porque não o posso jamais conter,
não queiras o seu impeto domar
nem queiras o seu encanto perder.
Não me peças que te dê o mundo
porque não é meu para poder dar,
não queiras ver para além do fundo
porque nada mais vais encontrar.
Não queiras que te dê tudo
porque nada tenho para oferecer,
não queiras mudar o meu mundo
nem lançar amarras para me prender.
Saco vazio
Estava farto! Farto de coisas que lhe lembravam dela! Era como se as lembranças o perseguissem em cada lugar, em cada cheiro, em cada objeto... como se ela tivesse impregnado a sua vida e não houvesse forma de a eliminar.
Estava cansado de recordar...cansado de se lembrar dela...de a associar a cada lugar onde ia...de a sentir no cheiro familiar do perfume de alguém com se cruzava na rua... estava cansado de viver com ela sem que ela estivesse presente...
Naquela tarde encheu-se de coragem...entrou em casa, pousou as chaves, foi ao quarto mudar de roupa, vestiu um fato de treino confortável, foi à cozinha abriu a gaveta e retirou um saco para o lixo. Inspirou... e nessa tarde revirou todos os recantos da casa, revoltou todas as gavetas, todos os armários, todas as prateleiras e todas as caixas...vasculhou minuciosamente cada milímetro do seu espaçoso apartamento...e ao fim de algumas horas, cansado, sentou-se no sofá e olhou para o saco...estava vazio! Percebeu então que há muito havia eliminado todos os vestígios dela da sua casa, do seu espaço...só não havia conseguido eliminá-la da sua lembrança e do seu coração...
Minto...
Minto quando digo que fazes parte do meu passado,
Minto quando digo que já não te sonho a meu lado,
Minto quando digo que não és mais que uma recordação,
Minto quando digo que te arranquei do meu coração.
Minto quando digo que já não me lembro de ti,
Minto quando digo que não te imagino aqui,
Minto quando digo que na verdade nunca te quis,
Minto quando digo que sem ti a vida foi mais feliz.
Minto quando digo que já não quero saber onde estás,
Minto quando digo que não gostava de voltar atrás,
Minto quando digo que na verdade nunca te desejei,
Minto quando digo que realmente nunca te amei…
Minto quando digo que não me arrependo de nada,
Minto quando digo que és uma etapa já apagada,
Minto quando digo que não te queria voltar a encontrar,
Abraçar-te e dar-te aquele beijo que um dia ficou por dar!
Um beijo...
Um beijo... é apenas isso que hoje lembro,
foi apenas isso que me ficou na memória,
um beijo que num outonal dia de setembro
poderia ter mudado o rumo da nossa história.
Um beijo... é apenas o que lamento até hoje,
é apenas o que ainda hoje me faz pensar,
um beijo que talvez nos tivesse levado longe,
um beijo que talvez ainda pudessemos trocar.
Um beijo... uma coisa tão simples e natural,
um beijo que podia ter decidido a nossa vida,
um beijo que sem ter sido acabou por ser fatal,
um beijo que foi sem ter sido a nossa despedida.
Fazes-me...
Fazes-me sentir coisas que não sei como explicar,
Pensar coisas que não consigo sequer definir,
Fazes-me pensar e sobretudo fazes-me questionar
Se é sol ou tempestade o que está ainda para vir.
Vieste sem um aviso prévio nem sequer um sinal,
Vieste como a chuva inesperada que cai no verão,
Chegaste ainda não sei se por bem ou se por mal
E desde logo balançaste o equilíbrio do meu coração.
Aos poucos foste-te fazendo notar, marcaste terreno
E não recuaste a tua posição nem vacilaste um passo,
Vieste com esse teu olhar sedutor e esse jeito moreno
E acendeste no meu coração um novo e vibrante compasso…
Fazes-me sentir coisas que eu não esperava sentir,
Pensar em coisas que não pensei serem possíveis,
Fazes-me amanhecer contente e começar o dia a sorrir,
Fazes-me sonhar coisas doces e simplesmente incríveis…
Inspiro...
Inspiro o perfume fresco a verde, a terra, a chão
E uma paz profunda e estranha enche-me o coração,
Fecho os olhos e absorvo esta imensa tranquilidade,
Sinto-me em paz… sem tempo, sem espaço, sem idade.
Auto retrato
Eu sempre fui uma rapariga bem-comportada,
nunca tive vocação para uma alegria desmedida,
para paixões loucas regadas com beijos quentes
ou para amores vividos em plenitude e serenos.
Eu sempre quis da vida o que ela tem de bonito,
Eu sempre quis que gostassem de mim, por mim,
Eu sempre fui menos de seduzir do que ser seduzida,
Sempre fui dada a paixões intensas em sentido único,
A pessoas que não mereciam o que eu tinha de melhor,
A pessoas que na verdade não me amavam de coração,
Sempre fui dada a casos improváveis e mal resolvidos,
A pessoas complicadas e com bagagem pesada atrás,
A pessoas que não me faziam sentir bem nem completa…
A certa altura deixei apenas de tentar… na verdade desisti…
Desisti de acreditar que merecia ser feliz e viver a vida,
De acreditar que merecia sentir o calor de uma paixão,
De acreditar que merecia alguém que me arrepiasse
Com um simples toque, com uma simples palavra no ouvido…
Desisti de acreditar que era digna de esperar um amor,
Que era digna de que alguém invadisse o meu espaço,
Que era digna de me sentir desejada… de me sentir mulher…
Desisti durante muito tempo… fechei todas as portas,
Ergui todas as barreiras, entabuei todas as janelas da alma,
Remeti-me a uma clausura voluntária dentro de mim…
E um dia… um dia acordei e questionei-me…
Questionei todas as minhas verdades instituídas,
Todas as minhas convicções, todas as minhas regras,
Questionei todas as minhas razões, todas as motivações,
Todas as minhas opções… toda a minha vida na verdade…
E um dia… de todas essas dúvidas e questões,
De toda essa vontade intempestiva de viver a vida,
De toda essa vontade de arriscar sentir, ousar e querer,
De toda essa sede insana de mudança…apareceste tu…
E a minha vida passou de um filme a preto e a branco
A uma projecção cheia de luz, de desejo, de querer e de cor!