No meu pior
No meu pior, mato.
No meu pior, esfolo.
No meu pior, desiludo
No meu pior ainda desolo…
No meu pior, faço o que não quero
No meu pior desacredito o que venero
No meu pior quebro o limite
No meu pior, engano-me no palpite
No meu pior apaixono-me sem vontade
No meu pior iludo a verdade
No meu pior quero o que não posso
No meu pior sinto que maço
No meu pior queimo vida
No meu pior acelero o fim
No meu pior saio de mim
E ainda faço o que me invalida
No meu pior há tanto a dizer
No meu pior não me calaria
No meu pior há muito a fazer
No meu pior vou ser melhor… um dia!
Aquilo que sou
Em muito me defino
Com pouco me contento
Sou Ser como outro,
Um Mundo, um vento…
Quero ser mais, luto por isso
Tento fazer melhor do que fiz
Persisto em melhor fazer
Quero mais que querer
Simples no que me assenta
Exigente no que faço
Humildade me representa
Na vida por que passo
Privilegio a Amizade
Altruísmo faz parte de mim
Mantenho uma saudade
Daquelas que me fazem ser assim
Orgulho me acompanha
Um mole coração tenho
Quero no hoje e no amanhã
Manter os que comigo mantenho
Mais poderia dizer,
Em menos me podia definir
Sou aquilo que sei ser
Uma vida, um livro por abrir
A caminhada da Vida do Tempo
É verão, o calor arrasta-se
Mantendo-se desde o nascer ao pôr
A brisa que corre aquecida, desvanece
O meu rosto procura outro ardor…
Deixo o sol se pôr
A lua iluminar meu caminho
O amanha o hoje transpor
E sigo eu na caminhada, sozinho...
Passo a passo, noite fora
Só o silêncio me acompanha
E a brisa natural, agora estranha
É da hora!
Penso, só penso em não pensar
Tudo vejo, tudo quero
A natureza venero
E ainda não me fartei de caminhar
Sinto-me só, estranhamente só
Mas como me posso sentir só?
Há árvores, insectos, ervas ,flores…
Há vida para além de mim!
Há quem também tenha dores
E ainda quem se canse de viver assim
Ando caminho, percorro estrada
Ainda sozinho acompanhado por todo o nada
Olho para a lua abrilhantada
Cheia, como eu ser gostava…
Todo o vazio esta cheio
Preenchido por tudo que não vejo
Quero juntar-me a ele mas tenho receio
De que o ele me mergulhe em não mais que desejo
Continuo a caminhar
Quando irei parar?
Quando me cansar!
Esta claro que seria melhor se fosse a voar…
Mas voar para onde?
Se para onde vou nem eu mesmo sei
Assim demore o que demorar
Vou seguindo e quando chegar
Simplesmente cheguei!
Não tenho Tempo
Porque o Tempo não me pertence
Não tem dono nem descanso
Apenas existe, é do que me convence,
O Tempo que assim sei chamar
Não se formou ao assim se baptizar
Pois quando se assim chamou
Já ele se assim chamava e nada mudou!
Por isso tenho todo o Tempo que não me pertence
Lá vou eu na minha caminhada
Sem rumo , sem ter nada
Apenas eu e Mundo que a meu ser vence.
A Vida que tenho, tive sem pedir
Tive-a porque assim mereci?
Ou apenas para merecer tive de para cá vir?
Saber nada sei, só sei que viver ainda mal vivi!
Mas a caminhada ainda não parou
Vou é seguir porque ainda não acabou
E dela chegar ao Tempo que mal começou
Nesta caminhada do Tempo
Que sigo por ter vida
Quero um empurro do vento
Para que sinta a vida mais vivida
O Tempo não passa,
O Tempo não espera,
O tempo não pára
É a Vida do Tempo uma Era!
Incerteza...
Já nada sei, tudo perdi
Certezas de mim,
Sobretudo certezas de Ti
Interrogações sem fim
Que procuro a mim responder
Que em mim procuro entender
Mas não há respostas
Tudo esta para mim de costas
Voltadas, como tintas aguadas
Que não se prendem a nada
Que deixam as paredes borratadas
Como uma tela inacabada
E agora? Que faço?
Que digo? Que penso?
Flutuo como sargaço
Num mar imenso
De dúvidas e interrogações
Que me não permitem,
Nestes infinitos turbilhões,
Conhecer o que me omitem…
Inútil, indeciso, frustrado
Neste “filme” inacabado
Que com o futuro esta compromisso
Mantendo o seu fim omisso…
Porquê isto? Porquê assim?
Porquê tantas dúvidas de mim?
…
Talvez porque vivo,
E viver é isso…ter duvidas
“Descobrir” a cada passo,
Conhecer as respostas escondidas
Procurando evitar o fracasso...
Fumar nesta Juventude
Se pensas que te da respeito
Enganaste!
Se fazes por companhia
Não vais longe!
Se fazes para ter a mania
Mais vale estar quieto
Se fazes por prazer
Fuma até morrer!
...:::ZARPANTE:::...
Adolescência
Inconcreta, indecisa na certeza,
Desorientada na revolta,
Apaixonante pela entrega,
Desconcertante no que carrega.
Tempo, espaço de autoconhecimento.
Entrelinhas desviadas
Pelas linhas destroçadas.
Molde da vida, uma projecção demasiado sentida.
Maturação. O tempo de decisão!
Onde erros se tornam cruciais,
O saber não desistir para
Ultrapassa-los faz-nos ganhar vivencias vitais.
Onde o simples se torna drama,
Onde o contrariar dá azo a intrigas,
Onde o repulsar se torna vingança
Escoltada pela imaturidade das nossas vidas
Onde os pais nos guião a traçar caminho,
Para poder dela segui-lo sozinho.
Pensa-se que somos incompreendidos
Que não nos levam em conta
Que somos rebaixados pela afronta!
Idade complicada,
Um turbilhão de movimentos,
Um conluio de momentos.
Uma facada vital
Que nos leva a viver menos mal!
Essa coisa
Essa coisa que apanhei na casa de banho
Essa coisa que me desgraçou
Aquele estúpido insecto parasita
Esse insecto que me infectou
Essa coisa que se transmite pelo toque
Ou pela saliva num copo mal lavado
Esse beijo que tu me deste
Naquele dia amaldiçoado
Tento não respirar
A doença nesta atmosfera.
Pode ser que isto passe,
Sento-me e fico à espera
Já apanhei disto uma vez
Tomei antibiótico e passou
Mas bebi do mesmo copo
E essa coisa voltou
Esta coisa que vos descrevo
Destruiu a minha vida
Mas digo-vos com toda a certeza
Essa coisa não é SIDA.
Revolta
Num Mundo de todos e de ninguém
Num Mundo de vidas,
Num Mundo que tanto tem
Num Mundo onde as verdades são esculpidas.
Onde as pessoas se manipulam
Onde se matam e ate degolam
Onde objectivos se tornam obrigatórios
Onde se fazem tantos actos inglórios
Revolta-me os que tanto se queixam
Os que reclamam mas nada fazem
Aqueles que podem ser felizes, e outros não deixam
Os que sofrem por nada ter de sofrer
Aqueles que tanto têm e mais querem ter
Outros que se resignam ao que são
E os que não lutam pelo que acreditam
Chateiam-me os que muito falam e nada dizem
Irritam-me “os senhores” da razão
Enervam-me os que reclamam de pão na mão
E ainda os que fingem fazer o que não fazem
Acho piada às modas
Aos que passam e ignoras
Aqueles que admiras sem conhecer
E os que detestas só pelo que aparentam ser
Chateia-me a repetição
Os que são aclamados por aparecerem na televisão
Os ídolos de ficção
E ainda os que cospem na própria mão
Gosto de originais
Os que não plagiam
E se tornam imortais
Revolta, é o que sinto
Por tantos defeitos encontrar
Mas não ser ninguém para os corrigir e apagar.
Tudo acaba
Tudo é certo depois de se criar,
Tudo tem como se impor
Só tem que se fazer importar
E a certeza que se vem entrepor:
Durará até acabar
Desde o simples ao mais extraordinário
Tudo tem algo em comum
Tudo se liga como vidro de aquário
Por uma fina ligação capaz de ser quebrada
Por mais não que um simples dejejum
Daquilo que se sabe vir a caminho
Tudo acaba por adquirir o título de” coisa acabada”
Sobrando um passado que se fez existir desde o ninho
Tudo acaba por mais não poder durar
Ou simplesmente porque se fez terminar
O que se podia até prolongar mas não prolongou
Desejamos que algo dure e mais depressa dizemos:
Acabou!
Pensando na roupa que mais gostamos
E sendo ela também a que mais usamos
É aquela que mais se corrompe
Enquanto a outra, ficando no armário,
Prolonga sua inanimada vida tal como a começou
Parece contraditório mas é o que prevalece
O que gostamos mais depressa terminará
O que menos gostamos mais vivera
E o que gostávamos com o tempo desvanece
…
Desejamos aquele sentimento que de tão grande
Se tornou tão pequeno na duração
Queríamos muito mais, mas mais não existiu
Por vezes pensamos que o esforço foi em vão
Não nos lembrando do que se sentiu
Do que se viveu, parecendo que por mais que se ande
Não se esquecera a saudade de algo que gostamos
Fortemente e do mesmo modo nos feriu, nos magoou
E tudo porque? Simplesmente porque acabou…
Então luta-se com força e coragem
De quem não faz da vida uma miragem
E tenta vive-la o mais que poder
Sem se esquecer daquilo que quer ou não quer
Todos nós já desejamos algo para todo o sempre
E se ainda não desejamos, pelo menos ambicionamos
Queremos mais do que gostamos e é natural que assim seja
Queremos o nosso bem e instintivamente o procuramos
Queremos um futuro e de um jeito ou de outro
Lá pensamos nele definindo algo a atingir
Tendo pequenos ou grandes sonhos
Melhor ou pior, com sorte ou sem ela
Lá vamos vivendo de encontro ao que queremos
Tendo sempre presente conquistas,
Derrotas, perdas e ganhos
O certo: Tudo acaba, o importante é aproveitar
Enquanto dura, e dure o que durar
Que seja bom enquanto durou
Desilusão
Idade que cresce
Mente que se completa
A verdade floresce
Com tudo que acarreta
…
Chateiam-me os cobardes
Os sorrisos falsos
As conscientes falsidades
Dos pensamentos soltos
Por tudo frustrado
Por nada chateado
Com tudo desiludido
E com nada aborrecido
Pessoas que passam
Pessoas que não o são
Pessoas que desiludem
E fazem o passado vão
Quero mais, quero viver
Quero coisas boas,
Rodear-me de pessoas
Que o saibam ser
Dar valor ao que vale
Esquecer o que esta mal
Fazer pertencer ao passado
O que a ele esta reservado
…
Foco na real miragem
Enxergo nitidamente
A verdadeira paisagem,
Escuramente cintilante…
Desiludido da ilusão
Resta… desilusão…