Fraca Alma
Se és tu o meu destino, vem até mim então.
Se tu me foste destinado…
…então vem…vem!
Juro que serás tudo.
Serás tudo…tudo
mas eu não serei nada.
Como já não sou.
Não passo se uma mera alma
que procura no mundo a sua outra metade.
A parte forte,
já que a fraca sou eu.
Incapaz de te resistir,
Incapaz de lutar contra ti.
Apenas uma mera submissa.
Submissa a teus desejos e sonhos,
Vontades e prazeres…
Submissa a ti,
Senhor dos meus pensamentos.
Inibidor de minhas vontades.
Para ti serei tudo, darei a vida.
A minha problemática vida
Apenas por um beijo teu.
A carta de uma merda
Pai,
Escrevo-te esta carta que sei que nunca vais ler. Só te quero dizer o porquê de ter desistido, não vou dizer matado porque não é o que vou fazer. Apenas vou desistir de viver. Até porque para me matar teria de ter essa força. E eu já não a tenho. Tive em tempos.
Tu não sabes mas eu penso tantas e tantas vezes em acabar com a minha vida. Mas tenho algo muito forte que me prende a ela. A Keu, a única coisa que eu sei que nunca me vai deixar. Por muito que ela fique chateada o mesmo sangue ira correr sempre dentro das nossas veias.
Desculpa não ser a filha que tu querias que eu fosse, desculpa não seu com a Keu. Desculpa se tudo que eu faço não é como tu queres. Se não limpo a casa como gostas, ou se não reajo como tu queres, mas eu não sou assim. Está-me no sangue. E tu não estives-te lá quando eu fui educada. Estavas a fugir de um relacionamento fracassado que não tinhas a coragem de acabar. E agora fazes-te de santo como se a culpa fosse minha. Como se eu tivesse a culpa de ter de lidar a uma mulher maluca, como se eu tivesse culpa de la não me ter incutido esse excesso de limpeza que tu tanto ambicionas. Como se eu tivesse culpa do teu mau estar. Mas queres saber, não fui eu que pedi para nascer. Deveria ter morrido quando cai pelas escadas a baixo sabes. Eu devia ter morrido. Porque para viver esta vida infernal eu não quero.
Eu não quis ter de dividir o meu quarto contigo quando sais-te do vosso quarto. Eu não queria ter de ouvir o que a minha mãe me disse de ti. Eu não queria ter de ouvir o “uma por todas e todas por uma”, tu nem sabes o que a frase significa, porque não foi a ti que ela te disse dias e dias seguidos, com lágrimas nos olhos. Não foi a ti que ela contou cada discussão. Não foste tu que cozinhavas quando ela se metia no banho a fumar e chorar. Não foste tu sabes. Tu apenas fugiste com a merda de um cobarde que és.
Hoje desisto de tudo. E tu nem sabes o porquê. Vou-te contar, sabes aquele amor que tu encontras-te. Aquele bem-querer que tu tanto falas. A vontade de estar com alguém. Pois eu não tive a sorte de conhecer, eu só conheço a parte feia do sentimento que tu achas lindo. Eu só sei o quanto dói não ser boa o suficiente para ninguém. O não chegar. O olhar no espelho e chorar. O vomitar porque não consigo lidar com isso. Isso eu conheço bem. A rejeição. Sabes o que faço todo o dia, eu leio. Leio com aquilo que não vou ter. o amor correspondido, as noites quentes de amor nos braços de alguém. O acordar feliz por saber que alguém te quer. E leio, leio, leio noites dentro, só paro quando a exaustão me vence. E durmo até de manha, para saber que quando acordar vais estar com cara de chateado porque eu dormi até tarde, porque não limpei a casa como tu querias que eu fixe-se. Porque não tens o almoço na mesa como tu ambicionavas. Mas eu precisava de sonhar, a única coisa que eu queria era ser amada. A única. E é a única coisa que não tenho.
Tu nem sabes que me odeio. Que odeio o meu corpo, que quando olho para o meu corpo nu a única coisa que vejo é a gorda, com as pernas flácidas e barriga. Com banhas nos braços e até junto ao peito, toda eu sou banha. Com alguém vai amar alguém assim? Ninguém, com tanta miúda gira que anda para ai. Os que passaram na minha vida só me quiseram comer sabes, nenhum gostou o suficiente.
Desisti, desisti de viver. Não tenho amigos? Claro, ninguém está para aturar a depressiva. Não tenho com quem sair, para me comer prefiro ficar onde estou. Sou o vazio igual ao nada sabes. A enterrar-me a cada passo que dou. Mas tu não sabes, tu não estas e quando estas enterras-te na tua tristeza. Podia fazer uma lista de todos aqueles que não me quiseram, para quem não fui o suficiente, pelas minhas contas devem ter sido por volta de sete oito gajos. Miúdos que eu gostei e que me disseram não. Alguns com desculpas melhores, outros sem desculpas algumas. E eu chorei, eu sofri em silêncio e tu nunca soubeste de nada. Sabes porque que eu choro quando recebo um abraço, porque nunca ninguém mos dá. Sabias que eu não toco nas pessoas que mal conheço, não tu não sabes. Também não sabes que não faço amigas com facilidade. Não sabes que a raquel tem razão e que eu sou uma depressiva. Mas tu não sabes.
Não sabes que a minha vida é uma merda. Tu não sabes o que eu já passei por não ter dinheiro para nada. Tu não sabes. Não sabes que eu não tenho nada de nada.
Não me vou matar de é isso que continuas a pensar. Não vou cortar os pulsos, ou tomar pastilhas ou te mesmo saltar de uma ponte. Vou apenas desistir de tudo, eu sei que já pensei muitas e muitas vezes sobre isso. Mas eu continuo a acreditar vezes e vezes sem conta. Eu sou um monstro. Eu não sou boa o suficiente, só me apetece estar deitada numa cama e não sair de la. Se eu estiver no meu quarto sem nada eu não me vou apaixonar. Ninguem pai, nem a merda de um único homem. Eu nunca ouvi um eu amo-te, por muito falso que fosse. Eu nunca ouvi.
E agora sou assim, com quase vinte e um anos eu sou está merda que ninguém amou. Ninguém. Espero que agora percebas a minha dor.
A tua filha eternamente sozinha
Amor á primeira vista
Quem acredita ser possível amar só com um olhar?
Eu sim. Eu amei muito. Demais.
Anda amo em parte, mas já não é o amor avassalador que me consumia.
Não esse já passou, agora é apenas um carinho fraternal.
Aquele amor de quem protege as suas crias.
Do mundo e de nos próprios.
Mas voltando ao amor avassalador que senti.
Fiz loucuras só para receber um pequeno olhar.
Quando o olhar chegou, não encontrei bem o que queria nele.
Fiquei confusa mas dei sempre o benefício da dúvida em prol do que sentia.
Queria ver o que não existia. Mas essa é a maior loucura do amor,
é ver o que não existe.
Quando eu decidi que acabaria com aquele jogo doido,
aquele que me cansava, corrompia e maltratava.
Ai sim, eu senti o que era dor de verdade.
Eu chorei, mas nem uma lágrima foi derramada pelo meu rosto.
Foi o meu coração que chorou, noites a fio.
Tentei de tudo para o esquecer, fugi de sítios onde ele poderia estar,
não queria que visse a expressão de dor que ficou impregnada no meu rosto.
Tente arranjar um novo amor, mas não deu resultado.
Decidi então deixar o tempo passar,
e curar o meu coração partido.
Foi demasiado tempo a gostar de alguém que nunca viria a ser nada.
Agora quando vou na rua tento não olhar para ninguém,
não quero voltara a ser apanhada na teia de um amor a primeira vista.
Eu tentei fugir do amor, mas ele persegui-me.
Em vez de um amor a primeira vista foi para um proibido.
Mas isso já é outra história.
Mente confusa
Os meus sonhos, baralhas-te
O meu destino, traças-te.
Sou louca por ti, quero-te aqui.
Ser tua, os teus lábios nos meus.
O teu cheiro inflama o ar.
Deixo de respirar.
O coração dói, a alma grita por ajuda.
Estou presa, muda.
Aos teus desejos, obediente
Dos teus sonhos escrava.
Submissa ao teu sorriso,
Mesmo que não sejam para mim.
Submissa ao sentido, submissa a ti.
vazio
Estou despida de sentimentos
A minha alma vazia
Deixou de ocupar um lugar na terra.
Foi-se,
assim não sinto, não sofro, não dói.
Vazia como uma caixa
Deixada no chão
Esquecida pelo tempo.
Ate o tempo se esqueceu de mim
Já não anda, não passa.
Apenas a monotonia dos dias.
Que se passam sem que note.
Já não há percepção do tempo.
Apenas um arrastar
De um corpo vazio,
Como uma caixa esquecida pelo tempo
Fogo
Olho a minha volta,
Procuro o fogo.
Busco pelo mar de chamas ,
que me consome.
Me atormenta ,
e não me sai da alma.
Procuro desesperadamente pela resposta,
aquela que ficou por dar.
A razão já não reclama
e o coração parece concordar.
Procuro intensivamente,
o meu olhar observa cada centímetro,
em busca da cor de bronze que
agita o meu coração.
Fogo que me consome.
Nunca vi cor assim.
Só o poder da natureza poderia criar,
extraordinária chama.
Cor do pecado. Cor do prazer.
Cor que associo aquele esplendoroso ser.
Quem sou eu?
Espontânea e diferente
Verdadeira e apaixonada
Na busca do presente
No passado enrolada
Sorriso no rosto
amor no coração
quando um amigo precisa
Estou la de plantão
Fiel ao que sinto
luto pela perfeição
Teimosa que chega
Fui encontrar-te meu coração
Viajo para o meu mundo
Onde tudo é perfeito
Acordo sozinha
Mas de chama no peito.
Aos sentimentos dou importância
Luto sempre ruma a mudança
Não fico parada na confusão
Desenrolo-me de novo rumo á razão
ilusão
Como se a vida não fosse complicada a suficiente apareceste tu, no teu cavalo branco ilusório de uma beleza tão disfarçada que transcende a imaginação. Nos teus olhos perco sentido da rotação, e nos teus braços sonho encontrar o lar que nunca senti ter. Suspeito estar subterrada em sentimentos sem sentido assim como texto que guia o meu fado. Maldito destino que me levou a ti, bendito o tempo que me dedicaste embora partilhado com quem vejo e não conheço. Com quem luto sem ter hipótese de vencer.
Tem alturas que duvido dos sentimentos que carrego em relação ao mundo. Pergunto o porquê? Não é justo, o meu destino é injusto com a injustiça da minha vida. Eu sei que a vida é injusta, mas é injusto a quantidade de injustiça presente na minha triste sorte. Continuo a carregar o peso do passado que nem passado é pois arrastasse até ao futuro. Quando finalmente penso ter encontrado o meu final feliz, mais uma reviravolta e mais uma batalha injusta para quem já nem se aguenta nos próprios joelhos. De tanto lutar contra o mundo luto contra mim, contra tudo e refugio-me em “todos” quando o “todos” se torna num.
Injustiça das injustiças é quando se ama e mais uma vez dói, quando se encontra a alma gémea e ela está ao mesmo tempo longe e perto. Sem saber em qual sentido, ou melhor em quais dos sentidos é ocupado o lugar.