Entredentes
Um Favo de Mel pode ser azedo e amargo,
Depende do modo que traço.
Nessa doçura se esconde
Um amargor de passado.
Se esconde também entre os dentes,
Entre a língua e o sorriso
Um coração intranquilo
Um passarinho sem laço.
Nesse entredentes se esconde,
Nos entreabertos lábios,
Um desespero de gôzo,
Um doce que se torna amargo.
Poesia sem nome
Se eu fosse poeta
Não pegaria papel e pena
Pegaria o verso, a prosa
A mão e a rosa
Se eu fosse poeta
Viveria cantando
Saberia lidar
Com a beleza do ser
Ser poeta é tão fácil
É beber de uma fonte
É sentir o perfume
Dos lábios de alguém
Eu digo e afirmo
Ser poeta é tão fácil
É sair do casulo
E voar bem além
Paraíso
Paraíso é todo sonho bom do qual somos acordados num repente.
De resto, a rastos
Minha musa se perdeu há muito tempo
Voltou agora há pouco envergonhada
Com os restos de meus sonhos num retalho
De pano esfarrapado em frangalhos
Pedra Dura
A vida é engraçada...
Nos faz tornar pedra, endurecer - mesmo sin perder la ternura - Depois vai erodindo a pedra, esculpindo novos traços até transformar em pó.
Do pó ao pó...
Assim, levada pelo vento, me misturo a outros pós e após a chuva me tornar lama/barro e pedra dura novamente, a história se repete e se reconta, com novas palavras, novas idéias e novos rostos... Pedra dura, pedra que se torna mole, porque o tempo tanto bate até que fura..
Das perdas e danos
Perdida estou eu
Do caminho de mim mesma
Da porta de minha casa
Do fio de meu pensamento.
Perdida estou eu
Desse mundo que me afasta
Desse reinado fantasma
Da dobradiça já gasta.
Perdida me encontro
Do calor que subia às faces
Dos desejos mundanos, dos leitos
Das graças, dos risos e fanfarras.
Perdida prefiro estar
Do que me encontrar sem rumo.
Olheiras
Meus olhos tem olheiras,pois precisam de um lugar colorido para dormir.