Pecados
Salivar o desejo profano
o súbito flamejo mundano
Moldar o gesto feroz
o indomável lívido atroz
Pecar ao desbarato
pelo amor ingrato
Sacrilégios lentamente lançados
nesta terra de pecados
Caneta Divina
Engenhos empolgantes
Cavaleiros do zodíaco
Dourados semblantes
Entre o pecado afrodisíaco
E as preces entediantes
Do mundo reescrito
Nas linhas do horizonte
Um colossal monte
De acesso restrito
Briga tão infinita
Consoante o veneno
Nos seus corpos se agita
O mal escapa, o bem grita
Vacila mas alucina
A triste humana sina
Traçada aos solavancos
Por uma caneta divina.
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SUICÍDIO DIGITAL
Lentes bifocais
Ódios dissabores tais
Causam náuseas
As luzes psicadélicas
As armas bélicas
Ruptura profunda
Com os pixéis
Que me constituem
Com a memória RAM
Que me atraiçoa
Sou uma teia de clichés
Um monitor sem computador
Uma bateria sem carregador
Sou o turbo desconectado
Do amor.
Nessa madrugada fria
Nessa madrugada fria,
Viajo na solidão,
agarro-me ao coração
desenterro a ironia,
nessa madrugada fria.
Nessa noite chove,
No espírito que me aquece,
No silêncio da lareira,
Minha triste alma desvanece!
No dia florido,
Minha alma prevalece.
Aguardo a esperança...
Que surge e me fortalece.
Junto á fonte clara,
renasço sem fraquejar
do silêncio a que a madrugada,
me deixou a sonhar!
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Não há rosas, nem sonhos, nem vida.
Não,
Não há rosas, nem sonhos, nem vida,
enquanto a alma estiver escondida.
Não,
Não há poesia, nem versos, nem rima,
enquanto o espírito não estiver em cima.
Não,
Não há música, nem dança, nem melodia,
enquanto a alegria não preencher o meu dia.
Não,
Não há palavras, nem letras, nem frases,
enquanto o poeta não esquecer estas fases.
Visite http://poeta-perdido.blogspot e deixe que as palavras voem consigo...
Não me sinto.
Não me sinto.
Só, somente só.
Se não sofro, minto.
As palavras de amor
Saem apaixonadamente
As palavras de dor
Intopem arduamente
Um presságio
simplesmente solto
Um sufrágio
Completamente louco
Não te sinto
Tu, somente tu.
Se não sabes, finto
Sem ti, nada me acalma
De um bocejo sou feito
ínfimo, secreto, como um segredo
conjugo-me no mais que imperfeito
acordo desnudo, gelado pelo medo
agarro-me ao nada que é tudo
sofro contigo e por ti
deprimo, mas de ti nada mudo
simplesmente me incorporo em ti
me evaporo na tua alma,
transpiro prazer nos teus braços
planto sonhos na tua palma
sigo os teus leves passos
contudo sem ti,
nada me acalma!
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Chovendo em mim
Chovo, vou num fio
Que pousa na pétala branca
De tão bela flor no jardim vazio
Inundado, a porta tranca
Ao escoar lento dum rio
Vagueio nas entrelinhas da memória
Solto um fugaz desafio
Mergulho nessa tua história
História presa por um fio
Que coso e tu descoses
Violento sopro dum calafrio
Dessas boas almas ferozes.
Autómato
Nutrido mecanicamente
Pela eléctrica corrente
Que humedece e estende
Em torno da minha mente
O fósforo que apago
E que se acende quando divago
Me surpreende e nele electrifico
Todo o meu ilustre pensamento vago
Sou fio condutor do abismo
O profundo cabo que se rompe
E culmina num cataclismo
Eléctrico, magnético, frenético
Todo o campo se incendeia
Vira cinza, cinza poeira
A madeira enferruja
E o ardente ferro a suja.
Respirando Jazz, Melancólico e sonhador
No despertar,
Sublinho a ideia que vou ter que me levantar...
Acordo levemente e fortaleço a vontade,
que se estende diante do meu espírito...
E me morde carinhosamente,
respirei silenciosamente e soprei jazz...
Música que atenua a alma
e clarifica a mente...
que se espalha através das veias
e solidifica o sentimento de Liberdade e paz de alma!
Sonhando com um futuro próspero mas incerto...
garantindo a presença da poesia em todo ele.
Apalpando essa ambição, dissolvida no meu coração,
agarro o passado com uma só mão...
e viajo lentamente pelo outro,
pela minha poesia de antes,
Por algo que desapareceu, morreu,
E que eu melancolicamente fiz renascer...
Das cinzas ou não, fiz renascer
e despertar um sentimento novo em mim,
A perda, mas a memória que prevalece sobre aqueles poemas,
escritos na minha alma...