Carta de amor
Um dia o mundo vai virar-te as costas e sentir-te-ás sozinho
Nesse dia triste, saberás o que senti de cada vez que partiste
Perceberás então ao que me referia quando falava de saudade
Quando o mundo te virar as costas e não restar mais ninguém
Verás o teu ego como uma aberração e o teu orgulho como um monstro
Nesse dia conhecer-me-ás como nunca antes foste capaz....
Falsidade....
Acordei. Olhei a janela. Lá fora um transeunte, passava pela manhã clara e fresca de mais um dia de Inverno. Segui-o com o olhar, este transportava um semblante taciturno e inócuo.
Voltei para dentro. Não fisicamente, essa parte de mim ainda se sentia a dormir, mas sim no pensamento, esse ia longe, passava na rua lado a lado com o indivíduo que havia observado. Se a minha mãe aqui estivesse estaria a admoestar, sei como ela detesta este meu espírito sonhador que viaja pelo recôndito facilmente.
- Ding Dong!! - A campainha toca.
Desço apressadamente as escadas, barulhentas de madeira escura e envelhecida. Odeio que me interrompam as reflexões, podem parecer de alguém ignóbil, mas para mim, detêm muito valor. Seja quem for. Vou ter de a defenestrar, não estou acordado o suficiente para receber quem quer que seja. Olhei pelo monóculo. Abro a porta.
- Olhem só! Se não é o famigerado Artur! – Proferi com um tom irónico e uma expressão arrogante, na tentativa de que este compreendesse que era indesejado ali.
- Vim só deixar o que a tua irmã me pediu. – Disse o Artur com um tom desentendido. Deu-me a caixa às mãos e foi embora.
Artur é o pedante do meu cunhado, vive a enganar a minha irmã. Todos sabem, até ela, mas ninguém se digna a fazer nada. Nem eu. Falo, critico. Mas no que toca a tomar medidas, nunca fiz nada para o impedir de a tratar assim.
No fenecimento desta história, apenas resto eu e a minha família, aquela à qual pertenço e a mesma que passo a vida a criticar, pela sua hipocrisia e cegueira; E eu que, no fundo, sou tão ou mais cego e hipócrita que eles, vivo das minhas reflexões e sonhos, do meu mundo utópico, do qual me nego a sair e enfrentar a dura realidade.
iP
Esperança do insigne....
Neste olhar taciturno me centro,
num fenecimento próximo sou somente transeunte.
O ser ignóbil que represento,
não é mais que um pedante inócuo,
de que me tento defenestrar.
No recôndito da minha alma,
tento admoestar a mim mesmo
o famigerado insigne.
iP
Saudade de...SER!!
Que saudade sufocante de respirar!
Que incessante necessidade de ser quem se é,
De respirar o ar sem que este se disperse nos labirintos do cérebro e acabe por não chegar aos pulmões,
De sentir a brisa a roçar a epiderme muito suavemente de modo a somente fazer virar os pelos que se espalham pelo corpo,
De sentir a água do mar a bater nas canelas e a salpicar até à barriga,
De sentir o sol ainda quente a contrastar com o mar que numa onda nos chega quase até às costas e causa um nervosismo livre!
Saudades de ser quem se é,
De sentir os pensamentos sorrir ao som da liberdade que esvoaça ao redor do corpo,
De sentir livres e desimpedidos os sentimentos e as sensações,
De aproveitar cada um dos momentos que passam pela nossa vida,
De engolir o sabor da vida e desfrutar do movimento que este causa ao nosso pescoço!
Saudade de simplesmente ser!
De ser o que se sente, o que se deseja, o que se ambiciona, o que se sonha,
Ou simplesmente ser,
Sem qualquer obrigação, motivo, objetivo!
Saudade de… SER!!!
iP
pressinto, persisto e sinto*
A solidão que assola as pobres almas vingativas
A vergonha que enoja o espírito visionário
A culpa que fere a mente perturbada pelo escorregar da dor
A raiva que mata o pensamento de gozo da vida
A mágoa que corrompe o medo do falhanço
E finalmente eu que pressinto, persisto e sinto cada uma destas sensações....
iP
Salpicos*
Palavras....
Sons....
Frases....
Cores....
Salpicam a minha imaginação....
Alma Mãe
Saudade sem estar só....
Saudade com presença....
Saudade apenas por não ser como antes....
Vai mas diz não resistir em voltar....
Importante e especial em palavras....
Única em gestos....
A ALMA nunca nos deixa, mas por vezes desvanece para que possamos crescer....
Como a MÃEque deixa os filhos voar do ninho, eu*********
iP
AM (=
é assim''''
De um olho triste escorreste tu....
Vinhas sóbrio e alheio....
Percorreste a face ardente de dor, indiferente ao que significavas....
Morreste no meu colo onde, por entre o tecido grosso das calças azuis, te alastraste impiedosamente....
Eram os meus gemidos de dor que ecoavam,
Era pela tua carne que eles existiam....
E agora relembrando o que foi saudade,
Sinto uma solidão correr nas veias daquelas que nunca deixaste sós....
“E tu? Para onde vais?”....
Respondi-te que iria para lado nenhum, o que apenas queria dizer....
É que irei para lado nenhum onde te sinta, que ficarei em qualquer lado onde sejas uma ilusão....
Estarei aqui quando precisares.... Mas não me procures mais!!!!
**Vou dedicar-me à bebida**
Talvez seja uma recompensa ou então castigo....
Talvez deseje demasiado sem ser recompensado....
Talvez mereça sem que haja quem o considere....
Talvez seja mais forte que morno....
Talvez mais louco que mutuo....
Quem sabe uma ilusão desiludida, uma amargura amedrontada, um sopro desvanecido, um campo minado onde apenas os sobreviventes morreram....
Talvez nada seja tudo o que é fundamental....
iP
TODAS MENTEM
- Nunca hás-de ler o que escrevo.
- Porquês?
- Porque não. PORQUE AS PESSOAS MENTEM!
PORQUE AS PESSOAS MENTEM!
PORQUE AS PESSOAS MENTEM!
PORQUE AS PESSOAS MENTEM!
PORQUE AS PESSOAS MENTEM!