Meu Pai
MEU PAI
Sempre em mim o sonho de menina
Querendo dar-te um carinhoso abraço
Como fazia quando era pequenina
Quando aprendia o meu primeiro passo.
Hoje, trago-te nas minhas lembranças
Neste escrever triste sem esperanças
Recordo que partiste uma tarde,foi duro
E a custo ainda agora meu pranto seguro.
Num mar de lágrimas banhada
Minha alegria já é quase nada!
Lembro-me de ti a todo o instante.
Teus olhos azuis que não voltarei a ver
Oprime-se me a garganta só de te dizer
Que nosso encontro pode já não ser distante.
rosafogo
O meu pai era um homem do campo, analfabeto, mas
nem por isso e apesar das mãos calejadas me deixou
de acarinhar, hoje o recordo com saudade.
“O momento certo...” - Soneto
"O momento certo..." - Soneto
O momento era certo moço querido
E o tecer de palavras, num dia qualquer
O peito aberto, servindo como abrigo
No abraço concedido, toda paz que vier
O descanso contrito nutriu sem intenção
Mas deu alento ao andar pérfido e perdido
Olhar mavioso ao encontro do coração
Enigmaticamente cuidou do peito ferido
Mas confesso, não quero trocar figurinha
Quero o gosto indiscutível do corpo no teu
Nas veias a doce mistura do sangue no meu
Não quero só a lembrança, apenas uma “historinha”
Do filme que conhece, não tenho idéia definida
Quero só o afago sincero sem visão distorcida.
Glória Salles
[/color][/b][/i]
“Chovendo carinho” (Dedicado a Vóny Ferreira)
“Chovendo carinho” (Dedicado a Vóny Ferreira)
Hoje acordei com o canto dos pássaros
Vindos de alem mar, trazidos pelo vento
Por um instante meu coração destroçado
Vislumbrou a calmaria do momento
As palavras contidas naquele canto
Fizeram-se lenitivo aos meus ais
Na grandeza límpida do teu carinho
Descansei serena no teu cais
Que os anjos, comparsas dos poetas
Espalhem pelo mundo, verdades colossais
Esponjas que suguem os atos rompantes
Que por vezes fazem de nós, canibais
Teu abraço sempre tão aconchegante
E dos teus versos, a fogueira sempre acesa
Dessa “miúda” seca os olhos penitentes
E firma-lhe os pés, num caminho de certeza...
Glória Salles
14 novembro 2008
11h22min
"Prisão desejada" - Soneto
"Prisão desejada" - Soneto
Ele chega imperceptível, sorrateiro.
Envolve-me assim, lenta e mansamente.
Abraça meu corpo, toma-o por inteiro.
Olha-me, com o olhar mais envolvente.
Como sopro da manhã, num arrepio.
Deixa-me zonza, totalmente perdida.
E a esse amor que é minha lei e desvario.
Deixo-me conduzir, feliz e seduzida.
O que mais queria em teus braços estar.
Sussurra a vontade do ardente beijo.
Chove em minha seara, esse insano desejo.
E se desse louco abraço, luto tentando escapar.
Então o coração domina, fazendo-me muda.
E tudo o que quero, é ser mesmo absurda.
Glória Salles
“Para isso vim” – Soneto
“Para isso vim” – Soneto
Para desviar teu olhar, das trevas que o rodeia
Ser lenitivo para tuas noites inertes e vazias
Calar com beijos os gritos mudos que te permeia
Regar tuas fontes secas, alimentar teus dias
Tua vida cinza, sem emoções, encher de cor
Vim devolver aos teus olhos opacos, o brilho
Invadir sonhos, arrancar a máscara da dor
Alicerçar sentimentos, pôr teu vagão no trilho
Dar convicções e certezas às tuas vagas razões
Aí da tua varanda, te mostrar os horizontes
Com o calor do meu abraço, jorrar tuas fontes
Acalentar teus sonhos, afugentar as ilusões
Mostrar no meu abraço, que dá pra ser feliz, sim
E te manter acordado, só pra senti-lo em mim...
Gloria Salles
JARDIM DE ROSAS
Tive um lindo sonho,
Sonhei que estava num lindo jardim de rosas,
Rosas vermelhas as que mais amo,
Quando cheguei mais perto,
Vi um rosto com um lindo sorriso,
Fui caminhando entre as rosas,
Quando cheguei mais perto,
Vi que aquele lindo sorriso era você!
Meu amor querido.
Cheguei mais próxima de ti,
Você com os braços aberto,
Acolheu-me num forte abraço,
Beijo-me, acariciou-me,
Senti o cheiro das rosas,
Se misturando ao seu cheiro,
Num doce delírio de paixão,
Entreguei-me a você naquele,
Lindo jardim de rosas.
“Página branca”
Meu coração se apressa em te lembrar
No raro encanto que teu olhar encerra
O calor do teu afago a me queimar
Restringindo a tortura dessa espera
Deusa de tuas noites, apenas quero
Enlanguescer perdida no teu abraço
Aspirar todo encanto, que com esmero
Ofereces no aconchego do teu regaço
Vem, leva o inverno que em mim mora
Quando da tua ausência, farta me vejo
Traz teu olhar, que meus sentidos aflora
Entontece-me com a fúria do teu desejo
Toma meus sonhos nos lençóis de cetim
Sou tua página branca, rabisca em mim
Glória Salles
No meu cantinho...
“Refém do sentir”
Se ficar próximo assim, faz reboliço
Audacioso, acorda os meus desejos
De querer, dessa noite, todo o viço
Delicias que antevejo nos teus beijos
Amo a surpresa do abraço malicioso
Este sentir que atravessa meus quintais
Ver-me na retina do teu olhar mavioso
Invencível desejo colorindo meus varais
Evidentes delírios nos atam em simetria
Faz-me ausente de pudores me entregar
Serena meu sonho, me envolve em magia
E sem aviso a noite vem nos tragar
O sentir que me mantém assim, refém
Diz que quero só ser tua, nada alem...
Glória Salles
No meu cantinho...
Xaile de hortelã
Xaile de hortelã
Trazes o cabelo enfeitado
de aloendros
e à cintura
o mar
nos pés chinelinhos de jasmim
e nos ombros o teu xaile de hortelã.
Poesiadeneno
-------------------------------------
" O único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum."
A.Caeiro
“Das andanças de mim”
Quando o sol em pranto se derramou
Então serenei das andanças de mim
O errante percurso selou a procura
Das sandálias surradas, o andar cessou
A rima dos versos perdi no trajeto
A musica do destino dancei sozinha
Nos acordes que acordam os sentidos
Renovei emoções, rabisquei o projeto
Cedendo ao abraço do (re) começo
Apostei no calor do afago lascivo
Destruí a tramela da porta cerrada
Reconstruí as vontades que conheço
Espero a noite, que chega irreverente
Quando nenhuma palavra é inocente...
Glória Salles
27 maio 2009
17h01min
No meu cantinho...