DOS ENCANTAMENTOS
Há encantos entre olhos
que desejam,
entre mãos que tocam
nossas geografias
e pousam,para relaxar,
no lugar mais quente
de onde todo pouso é prazer!...
Cezar Ubaldo.
DOS HOCUS POCUS DIVINOS
Ao ver a luz diminuir
O brilho,
Senti de Deus,o esfriar
Do tempo,
Ouvi o vento assobiar
O canto
E,sem espanto,recriei-me
Em vida...
Cezar Ubaldo
DAS BUSCAS
Preciso encontrar-te
e em silêncio,tocar-te
a alma...
Depois,acariciar a pétala
do amor em teu corpo nu,
teu e meu!...
Cezar Ubaldo.
ENTRE DEUS E EU
O mistério para mim
é música
não importa de quem seja
o mistério:
de Deus ou meu!...
Cezar Ubaldo.
CARPE DIEM
Nasce o dia,e a luz
vem garupando nele,
feito amazona,
até você chegar
e colher-me
como colho o dia...
DOS VERSOS SEM NOME XIX
Tenho todos os rostos do mundo
e todos os pensamentos.
Sou o tempo à minha espera
com suas fadas donzelas,
com suas garras e teias
e dou o que de mim semeias:
versos e esperança.
Cezar Ubaldo.
GRAÇA
Verso sereno que pageia a noite,
por onde andam teus cantos,
a que tom elevas a voz?
Onde escondes o verde que não tens
nos olhos,
onde escondes a pacífica ventura
das mães,
onde buscas tuas lanças,teus fuzis
que jorram gritos e não mortificam
a nenhum homem em todo o nosso tempo?
Graça,
em que rosto roças tuas mãos
que fazem vinho e mel da poesia
na ventura de encontrar-se onipresente
quando te velejas feito embarcação
deste universo,inverso do teu pão?
Graça,
em que mundo tu te guardas?
Em rosas-margaridas prenhas
feito a vida,
em mudas magnólias,sem fé
desenganadas,
ou na razão que nos liga
como a raiz da paixão?...
DE TODAS AS INTENÇÕES
Da vela acesa na poesia escrita
surgirá sempre um signo parido
da janela do som
e da penumbra da alma inquieta
daquele que vara a noite
com versos profanos cultos
o símbolo da embriagues acumula-se
no tempo do completo silêncio
do interior das gentes que morrem
no silêncio gritante da noite
de alma medrosa
que escapa à ousadia da mulher da noite
que lava as partes de prazeres
na saliva do amante
que sem poesia escrita na língua
enche de prazer a companheira
em sintonia com a média luz fluorescente
que aborta a luz da mariposa
e a faz gemer como uma útil inocente
a ajudar o verso a desnudar as farsas
com que os homens regem o partilhar
do amor...
ENTRE DIVINDADES
Creio que devo partir
para onde estão os deuses.
Talvez,encontre-me com Deus
e possa,ao tempo permitido,
cear maçãs e uvas,para depois
de deleitar-me com o Canto Divino
ao qual só poetas são convidados
a ouvir!...
Cezar Ubaldo.
ENTRE VAZIOS
A noite é devagar.
Entre vazios
uma melodia é silenciada
e depois
o próprio mar acaba
navegando
e tudo acaba.