Silêncio pervertido
Palavras não mudam com os séculos
mesmo alterados alguns significados
descrevem as diversas paixões,
indiferentes lábios apaixonados,
pairando nas linhas de amor,
ou contagiosas na perseguição expressa...
Tudo é permitido,
desde a mentira ou bajulação,
um bom combate sempre é bem vindo;
pervertido seria o significado do silêncio.
DIA A MENOS
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Assim bradou irritado o imperador,
ao descobrir que o mês de julho
tinha mais dias do que o seu.
- “ Nenhum Júlio vai ser mais César do que eu”
Tratem de resolver essa pendenga
disse aos astrólogos imperiais.
Não sei como vão fazer
mas eu quero um dia a mais.
Não havia outra via
para acabar com o berreiro.
A solução foi tirar um dia
do pobre mês de fevereiro
Obs. Por isso o mês de fevereiro tem um dia a menos. Esse dia foi acrescido no mês de agosto, para não ficar com menos dias que o mês de julho.
CAVALEIRO DA MEIA NOITE
O cavaleiro da meia noite,
deixou o seu cavalo lá fora,
mas não está sendo cavalheiro
já que não tirou a espora.
MULHERES BONDOSAS NÃO ESTÃO NO MAR
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em Roma o amor está ao contrario
apagaram-se as brasas em Brasília
certo que nada lhes dou em Daca
mas será que há filas na Filadélfia ?
Um céu de beleza plena,
foi o que vi em Viena
de bom grado em Belgrado
percorri céu e terra.
Diga se é verdade:
se cão berra em Canberra
alguém ri em Riad?
Vi a lua que anda em Luanda
dá-se carros em Dacar
não sei se me ama
muitas damas de Damasco
nunca viram bruxas em Bruxelas
Mulheres ímpares, senhoras únicas,
usam as túnicas de Tunis
fazem desenhos de Cartum
com esfuminho importado
dizem que não há mal em Praga
nem bem que dure em Bengasi
Dentro de uma semana,
diga o que há em Havana
se não há brancos em Pretória
conte mais uma história
Para mim acho que tanto faz,
se há eleições livres em Tirana
ou se não há guerras em La paz.
os carteiros de Jacarta
não são diferentes da gente,
bebem aguardente em Genebra
suspiram por seus amores
vêm flores em Florença
continuam na pia crença
que são artistas e convivem
com telas que vivem em Telaviv.
notícias estrondosas
mulheres bondosas sempre estão secas
as más estarão no mar em Manágua ?
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Crocodilo ao sul do Nilo
foto do site freeimages.com
Num dia de sol escaldante, calorento e tranquilo,
um senhor réptil avantajado, com ares senhoris,
rastejando, matreiro vai, deixa o silo sem estrilo,
sai esfuziado, sem grilo, do cafofo onde tinha asilo.
Ardiloso ser foi se bronzear entre lótus e papiros,
esse perverso reis das águas, desde Madagascar.
Queria tirar um cochilo, modorra em grande estilo,
tostar-se um pouco só ao arrebatado sol do Nilo.
Sonhou que era príncipe, trazia um anel de berilo,
destruiu à dentadas, sem dó troncos de madeira ,
todos enganosos galhos secos que flutuavam por lá,
astucioso escondendo no lodo fecundo do fundo
as coisas ruins do dia anterior, com olhar rubicundo.
Foi sonhando que viu Luxor, o fascinante Vale dos Reis,
as batalhas de karthum e o esplendor de Alexandria,
ao recordar segredos revelados por Roseta, ele sorria.
Ainda modorrento vê que a água escapa, ludibriante
se vai toda lenta, cativante, fluente entre os dentes
para desagrado restando do estimulante peixe suculento
só mesmo o gosto sem atrativos da água barrenta.
Mas já que era seu destino, desanimado não reagiu,
nem antevendo um deslumbrante quarto de gnu,
estimulado ficou sonhando com charmosas zebras
acepipes irresistíveis,tão imaginários e sedutores
recém caídos das galantes galeras de Cleópatra.
QUE VENTO FOI ESSE AGORA ? ( para Jurema)
Que vento foi esse agora,
vi pela janela que lá fora,
tudo parado, calmaria,
nem uma palha se mexia.
Enquanto lia num almanaque,
tenho certeza que senti a brisa,
um ventinho de destaque,
com forte odor de pizza.
Não, não foi minha impressão
sequer também foi achaque.
não vou iniciar discussão
antes que a minha ira aplaque.
Jurema, não disfarça,
não vou ser seu comparsa.
Sei que veio de “tu”
tão cruel e cobarde ataque,
esse vento saiu do cano
repercutiu como atabaque:
- Você soltou um traque?.
Para aos poucos
Mais um feriadão delicioso,
quatro dias de leseira,
contemplando o povo ocioso,
nesta crise passageira.
Entramos no possante,
eu, os piás e a Jurema,
para a praia sempre avante
esse era o meu sistema.
Um franguinho com farofa,
refrigerante, a cervejinha,
a maionese que quase mofa
no tuperware da vizinha.
Ainda na descida da serra,
Jurema disse dos receios:
_ “ Vê se desta vez não erra,
e cuidado com os freios”
Quando a descida começou,
lá na curva do laranja,
foi que a coisa desandou,
- até ali só dava canja.
O possante carregado,
foi ganhando velocidade,
na ladeira desengatado,
deixou Sampa na saudade.
Já prevendo o perigo,
Jurema gritava “pracarai” ,
cutucava meu umbigo,
rezando um “crendospai”.
Foi preciso minha intervenção,
para acalmar a filharada,
mais Jurema na locução,
- a coisa estava danada!
“- Jurema, nada tema,
que nós não somos loucos,
não tem nenhum problema
este carro para aos poucos.”
A BOILADA
era ela.
mas na esquina não foi.
Olha! passa um boi,
passa uma boiada,
ela continua sentada.
Olha quanto boi,
nunca vi tanto boi assim.
Seria este o fim?
voltei na esquina
ver a boiada
passou mais boi
o boi se foi
olhei para cima
vi um urubu
que voava tranquilo
no céu de brigadeiro
ao ver aquela cena
sorriu matreiro
e gritou lá de cima:
quanto boi!!
A CAVEIRA AZARADA
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uma caveira azarada
morava na cova três
trabalhava como empregada
para um lobisomem xadrez
mas a coitada
era mesmo azarada
lavando pratos na cozinha
quebrou a falanginha
E só não bate
o nariz num toco
por que de nariz
não tem nem um pouco.