ESFÉRICO
ESFÉRICO
Carmo Vasconcelos
Redondo é o ventre
que gera a vida
Redondo é o seio
que amamenta a cria
Redonda é a Lua
da imaginação
Redondo é o Sol
que germina o grão
Redondo é o Mundo
onde tudo vibra
Redondos os sonhos
bolas de sabão…
Redonda a existência
de ciclos sem fim
Redondo o abraço
que te cola a mim
Redondo o falo
da fecundidade
Redondos teus lábios
de sensualidade
Redondo teu corpo
de apelos carnais
Redondas as formas
que eu amo demais!
***
Lisboa-Portugal
In “Geometrias Intemporais”, pub.no ano 2000
Agora no e-Book “Rompendo Amarras”
http://www.delnerobookstore.com/bibli ... irtuais/carmo_vasconcelos
***
Meu espaço na Net:
http://carmovasconcelos.spaces.live.com
A PALAVRA
A PALAVRA
Carmo Vasconcelos
Seja escrita ou falada
seja rimada ou cantada
a palavra é milagrosa
tão milagrosa que a gente
a manipula e a sente
como arma poderosa
Ela é desprezo e amor
estrume, pólen e flor
estrela, lama e chão
pacifismo, violência
pornografia, inocência
praga e também oração
É perfídia, honradez
abnegação, mesquinhez
raiva, beijo e ciúme
também é água da fonte
maré, abismo e ponte
degelo, paixão e lume
Por vezes é alimento
é sol, chuva, fermento
que sustenta e aduba
por outras, é sofrimento
luxúria, vício, tormento
e açoite que derruba
Com ela o mundo se espanta
por ser satânica e santa
bálsamo e droga infecta
guilhotina e perdão
liberdade e prisão
vómito de boca abjecta
Pode ser batalha ou trégua
conforme a bitola e régua
do espelho da consciência
também é rosa e espinho
cardo, jasmim e carinho
escravidão, independência
Ela é freira, meretriz
pântano, pomar, raiz
pureza e poluição
é profana e sagrada
afago e chicotada
desavença e comunhão
Mas para mim é um fogo
e um mar onde me afogo
eternidade e momento
êxtase, estupefacção
poema, contemplação
bailado do pensamento
E para todo o Poeta
a palavra é a dilecta
e eterna amante fatal
e o Poeta quando parte
só deixa como estandarte
a sua amante imortal!
***
Lisboa-Portugal
***
In E-Book “Luas e Marés”
http://www.delnerobookstore.com/bibli ... irtuais/carmo_vasconcelos
***
Meu espaço na Net:
http://carmovasconcelos.spaces.live.com
A PAR E PASSO
A PAR E PASSO...
Carmo Vasconcelos
Deixai passar o tempo e seu andor
Abram alas, enfeitem-lhe a passagem
Ajoelhai em sua honra com fervor
E ao seu poder prestem vassalagem
Que ele é o sábio rei que nos governa
E a cujas leis hemos de obedecer
Seria o mundo a mais louca baderna
Se o tempo ensandecesse a correr
A par e passo se constrói a vida
Tijolo aqui, mais uma pedra além
Que a pressa é fútil e nada sustém
Louvemos o rei sábio e artesão
Que nos modela a alma e o coração...
- Ao vagar do mestre a nossa guarida!
***
Março 2009
In "Sonetos Escolhidos II"
***
http://carmovasconcelos.spaces.live.com
O POETA... ETERNO SONHADOR
[font=Verdana]O POETA... ETERNO SONHADOR
Carmo Vasconcelos
Há um mágico e estranho sortilégio
Nesse azulado-argênteo que nos banha
Irradiante atmosfera que assanha
Em nós as tentações do amor régio
É como se uma inundação alquímica
Alagasse o convés dos nosso íntimo
Tornando tudo o mais como pó ínfimo
Pra além da lua-sonho e sua mímica
É ela que desenha a ilusão
Na sombra projectada contra o chão
Dos sonhos ideais que alto esvoaçam
Mas recolhida a lua feiticeira
O poeta sonhador o sonho abeira
Dos áureos raios de sol que já o enlaçam
***
Março/2009
In "Sonetos Escolhidos II"
***
http://carmovasconcelos.spaces.live.com
/font]
SENTIMENTOS
SENTIMENTOS
Carmo Vasconcelos
Vigília de inquietude e desespero
É este madrugar sem ter dormido
Este silêncio agudo e o ruído
Que ecoa dentro em mim porque te quero
Como a grandeza morre ou se atrofia
No eco que se perde sem falarmos
Do quanto nos aflige… Ao nos calarmos
Por medo ou por fútil cobardia
Por que os sentimentos sufocar
Sem dó emudecer seu enlear
Cortando-lhe o enredo, as gavinhas?
Só pedem liberdade de avezinhas
De rio a cantar para a sua foz…
Não lhes cortes as asas nem a voz!
***
Lisboa/Portugal
In E-Book “Sonetos Escolhidos”
http://www.delnerobookstore.com/bibli ... irtuais/carmo_vasconcelos
***
Meu espaço na Net:
http://carmovasconcelos.spaces.live.com
BICHO-AMOR
BICHO-AMOR
Carmo Vasconcelos
Há uma dor perfurante no meu peito;
Urze que fere mas não deita sangue...
Verme oculto o bebe e me deixa exangue
Ao nutrir-se de insónias no meu leito!
Bicho-amor, insistente na porfia,
Mói-me as entranhas quando desatina,
Meus nervos dana, minhas forças mina,
E ao mesmo tempo é bem que acaricia!
Tento acalmá-lo com a voz de quem
De longe rasga versos escarlates
Mimos d’enlace em rendas de açafates...
Mas pede mais... Voraz, não se contém!
Devora-me alma e sangue e não fraqueja
Na gula desse par-amor que almeja!
***
17/Dezº/2008
***
In E-Book "Sonetos Escolhidos II"
***
http://carmovasconcelos.spaces.live.com
ALTERNÂNCIAS
ALTERNÂNCIAS
Carmo Vasconcelos
Vens pra mim ora em pranto ora em riso
E eu choro e rio e vibro de emoção
Arbusto sou prostrado plo granizo
Ou girassol de enlevo ao astro-verão
Se vens montado em vagas alterosas
Contigo mergulho até às funduras
Se emerges em espumas bonançosas
Entrelaço-te em ondas de ternuras
E quando as asas se abrem no teu peito
Espero a tua volta em beatitude
- Que amor não se perde na altitude
Sei que em voo raso virás ao meu leito
E é nesse roçar de asas que declamam
Os versos maiores os que se amam
***
Março/2009
In "Sonetos escolhidos II"
***
http://carmovasconcelos.spaces.live.com