FICA COMIGO
Teus passos ficaram tristes,
teus olhos envelheceram,
teu rosto ganhou uma névoa que não cabe no tempo.
E eu que me revejo em ti, vejo o meu futuro.
Pergunto por ti.
Falas-me do mar e da primavera…
e eu que te quero continuamente presente, trocava de primavera contigo.
Fica comigo!
Olhas-me,
sossegas o meu olhar…
Voltas a falar do mar, falas também do universo,
ensinas-me a olhar as estrelas.
Vejo um brilho em teu olhar.
Sorrio!
Ver esse brilho, lembra-me que ainda tens vida dentro de ti.
Falo:
- Nunca me deixes!!
Tu, continuas a falar da primavera!
Pegas na minha mão e levas-me contigo!
NAUFRÁGIO
Naufragaste ,
e agora navega em teu peito uma tempestade que te desassossega!´
Liberta-te!!
Solta as amarras, rema a favor da maré,
quem sabe as ondas te levem para outros mares onde tu consigas navegar.
Repara naquele barco que navega no mesmo mar que tu!
Pequeno! Mas suficientemente forte para enfrentar a tempestade.
Faz dele um exemplo!!
Não olhes para trás,
vive o presente, navegando na onda que te levar a bom porto.
Teus rebentos precisam de ti!
Sê forte como o mastro,
não deixes que o vento provocado pela tempestade que nasceu em teu peito te leve.
Olha as tuas crias, sufocam sem ti!
Mostra-lhes como enfrentar vendavais…
Elas seguirão as tuas braçadas.
Que elas vejam como chegar à outra margem através de ti!
Solta-te, sem medo de naufragares!!!
SEGREDO
Tenho um segredo por revelar, e que desvelo no teu olhar,
Puro segredo, olhar tão puro, doce sentir…
É indubitável, mas sempre amável, meu doce mel…
Que o tempo encurte para que assim não vire fel…
Velo por ti, nesta minh` ansia de te encontrar,
Que o tempo encurte para de novo voltar a amar!
SERÁ SAUDADE?!
Hoje o vento falou-me de ti,
trouxe com ele o teu cheiro; Jasmim,
sempre jasmim.
Mostrou-me o teu sorriso
e o brilho do teu olhar.
O meu débil sorriso iluminou-se,
quis saber mais
então,
uma brisa suave falou-me de amor…
Floriu na minh ‘alma a esperança,
mas logo desvaneceu…
Pois,
na tua ausência eu não me encontro
tudo é deserto…
Passei a viver a tua história
e
abandonei a minha!
Peço-te,
não me abandones,
e
guarda-me nas tuas melhores recordações…
Tu estarás sempre em mim!!
PERDI-ME de MIM
Perdi-me nas letras, escondi-me nas palavras.
Imagem que não tem rosto, turbilhão de sentimentos.
Sinto, transbordo de ânsia que projeto em projetos,
rego cada vírgula como se fosse flor a desabrochar…
Será que transmito o que quero dizer?!
Perdi-me nas letras, escondi-me?! Não!!!
Mostro a minha revolta, a minha revelia.
Ofusco-me, escondo-me, mostro-me, perco-me…
Onde ando??
Perdi-me nas palavras, sem as soletrar, tento entender, mas perco-me num labirinto onde ninguém quer culpas.
Procuro um caminho, ou será um trilho?!
Penso seguir pegadas, elas apagam-se…
É urgente sobreviver neste rumo que sigo!!!
ATENTA
Atenta
Atenta ao desenrolar do filme, caminho por um trilho que me leva ao mais profundo do meu ser.
A dada altura tropeço.
Será o fim da linha?
Ou serei eu que pretendo chegar,
mas não me decido a partir?
Tanta indecisão!
Paro e penso:
-Se eu fosse poeta, faria um poema a partir deste pequeno incidente,
mas como estou muito aquém de tal sujeição, permito-me apenas permanecer na determinação de ficar ou partir.
Decidir é tão difícil.
É o medo!
Sempre o medo!!!!
-Não fiques presa nessa indecisão,
sussurro então para a introspeção,
pois é caminhando que se faz o caminho.
Não é o que diz o poeta?!
É aí que descubro que o melhor do caminho são as experiências,
estas enriquecem o nosso ser,
de tal modo,
que crio, sem me dar conta,
mecanismos de autodefesa.
É a luta pela sobrevivência!
E é a partir daqui que de certa forma consigo ver o mundo de maneira melhor!!!
E pensam todos, enlouqueceu!?
Não enlouqueci!!
Ou será que sim?
Talvez tenha enlouquecido, mas esta loucura é tão saudável,
que traz com ela um novo amanhecer!
Tudo isto sem ainda ter chegado à primeira curva do meu percurso.
Penso:
“É o momento…”
Desfaço a curva e deslumbro-me com toda a beleza da simplicidade.
É então que não prescindo do meu momento, todo ele feito de pequenas coisas, sem mesmo ter de me voltar para dentro do meu ser.
E pensam de novo:
- Tão supérflua,
parece que vive no mundo do efémero!!
- Não vivemos todos?!
Tudo é passageiro, mesmo aquilo que nos parece durar uma eternidade…
O trilho que me trouxe até aqui foi o melhor deste lugar, mesmo não sabendo o que estava para além de…
Esta curva, que me levará a tantas outras, foi fundamental,
e embora este momento passe, pois tudo é efémero, nada morrerá uma vez que percorri a minha experiência, tomando conta da sabedoria, que de certa configuração não existe.
Sim!
Atenta ao desenrolar do filme, caminho por um trilho que me leva ao mais profundo do meu ser…
SENTIR-TE
Trago em mim a tua voz, que me sussurra sem cessar o teu querer…
Será assim?!
Ou serei eu que te percebo quando não estás?
Oh!!!! Quando a distância fica distante,
e a tua ausência não fica em mim…
Quanta ilusão!!
Mesmo tu perto, eu não te alcanço…
moro na ausência do teu querer,
tu não me vês…
Peço, imploro tua atenção…
O que fazer, se não te alcanço?
Tens deturpada tua visão?!.
Sim!
Olhas-me mas não me vês!!!
Serei o guia do teu olhar, e certamente tu irás ver-me.
Quando?
Não sei!!
Mas é sempre certo um novo dia,
e será novo, um novo olhar!!!
EU e os MONTES
Percorro sem cessar estes montes outrora verdes,
agora cinza que o lume ardeu!
Sou eu, e os montes!
Os montes, e eu!
Negros, tristes,
sem vida,
profanação que ocorreu em ti,
ultraje que o homem insensato cometeu!
Sou eu, e os montes!
Os montes, e eu!
Constantes vidas sempre em mutação,
esta forçada,
pela violação!
Ocorre no tempo,
que o tempo perdeu.
Sou eu, e os montes!
Os montes, e eu!
Será que não veem o erro aqui?!
Oh! Homem malvado que moras num mundo que não é só teu!
Sou eu, e os montes!
Os montes, e eu!
Passado recente,
tão longe está da bela ilustração,
Vida que era vida,
e agora morreu.
Sou eu, e os montes!
Os montes, e eu!
Árvore da vida,
não morras assim,
não deixes que vida se afaste de ti,
não tiveste escolha…
Germinou a crueldade do homem,
que erro concebeu!
Sou eu, e os montes!
Os montes, e eu!
NÃO CHEGA A SER
A tua sonora gargalhada, esconde a tua dor!!!
És um sopro de vida…
PARTISTE
Partiste…
Foi imperativa a tua partida,
e tu que não escolhes-te partir, foste embora…
E eu que bebi da tua fonte, e que te contemplei tão meu,
e que sem saberes te sorri ao mundo,
deixei que subsistisses no meu caminhar…
Quanta ilusão!!!
Sucumbi com a tua partida,
o meu lado esquerdo adormeceu…
Dilacerei,
fui obrigada a prantear,
correu então das nascentes a água que me lavou a alma…
Ah!!Contemplasse eu a promessa do teu olhar,
teu olhar que nunca mentiu,
sem nunca ter de falar…
E eu, que te sabia tão meu…
perdi-me no tempo,
esse que tudo refaz, esqueceu-se de olhar para mim.
Contemplo apenas um sopro de vida…
Resta o vislumbre sublime da tua essência em mim…
Partiste…
Foi imperativa a tua partida…