DONA DO MEU VIVER
Quem é esta que surge de minha alma?
Que se fez raiz e cresce a cada dia...
Nasce como um ser, dona do meu viver.
Tu vives em mim, moras no meu coração.
Nas minhas fantasias...
Mortos ressurgem,
Flores brotam,
Paixão torna-se amor,
A solidão tem companhia,
Nas trevas tem luz.
Sou menina, moça, mulher;
Sou pássaro, voo de um extremo a outro...
Às vezes quero libertar-me de ti;
Ah, mas a saudade logo vem,
Tu imperas na minha alma com fulgor.
Tornando-se mais forte que eu,
Dominas meu ser,
Possuí-me em qualquer lugar e hora...
Como os amantes no ápice da paixão.
Ora és como um bom vinho, transborda alegria...
Ora és como a morte, transborda a dor sentida no âmago.
Ora és como unguento que perfuma a vida de um fino olor!
Tu és minha própria vida:
Vida, que dá vida aos meus sentimentos POESIA!
05/05/2014
Periferia de mim
Circunscrevo-me à periferia de mim
ao subúrbio da minha aura de tão gasta
precária é a bolha que me protege
do submundo da minha fragilidade
Julguei-me imune ao arrabalde da agonia
Subestimei a dor contígua ao mal alheio
Dentro de mim ficou o peso da ironia
De um destino traçado num céu sem freio
Afinal, é atingível o disfarce do poeta
De carne e osso a sua vulnerabilidade
Um ponto fraco, um medo que o acometa
Ter de algum dia enfrentar a realidade
Maria Fernanda Reis Esteves
50 anos
natural: Setúbal
Sobre a Realidade
Sobre a Realidade
by Betha Mendonça
A realidade é feita de pés descalços em chãos frios colados na neve. É claridade da luz em rostos que pedem a penumbra das nuvens a voar sem destino. É o tino ante a vontade do desatino, tal sino que desperta do sono que não se quer acordar. É a visão do que deve ser quando os olhos desviam para o que (quem sabe) pode ser.
Real é o dito papável, mas o quê mais palpável que a mão a agarrar o vento e dele aspirar e provar o improvável, só pela força do pensamento? Ver cavalos selvagens a galopar pelos pastos, enquanto unicórnios dourados iluminam os campos.
A realidade é um rei tirano que obriga a gente a agir de acordo com o politicamente correto, com regras preestabelecidas por uma eminência parda má; olhos de águia e nariz adunco, que sem misericórdia leva as pessoas a agirem sob as regras impostas até mesmo ao coração.
É um cercado de arame farpado que circunda e prende os sonhos, para que
eles não se rebelem, e, tomem conta de tudo e causem desordem no cotidiano das pessoas.
PARABENS FILHA
Hoje eu parei para escrever,
Alguma coisas assim para voce.
No dia em que voce nasceu
Vinda do amor de seu pai e eu
Um lindo presente que o senhor nos deu
A realidade de um sonho meu
E quando voce chorou,
Deus me ensinou uma nova canção.
Seus olhos de um anjo pequeno,
Coisas que de mim não saem.
A primeira vez que me chamou de mãe
É de alegria que meus olhos choram
Meu pequeno anjo que agora me fascina.
Para mim voce será sempre minha menina.
Filha onde voce vai,pode não sobrar um lugar para sua mãe,
Mas tenha certeza que vou sempre estar
Perto de voce onde quer que vá.
Não quero ser sua dona,
Isso é so um cuidado de mãe,
Filha eu TE AMO.
Música de Rick e Rener.
Feliz aniversario minha filha querida.
Deus vem
Às vezes olhamos para os lados,
Mas estamos tão fadados
Que pensamos:
Não vou conseguir, suportar!
O fracasso parece nos acompanhar...
São tantos os percalços.
Mas onde irei eu me esconder?
Ainda bem que existe alguém que tudo vê.
É nessa hora que olho para o alto
Ali está o meu socorro.
Deus vem, vem, me socorrer!
Mary Jun
ENTRE MINHA CASA E CRETA
ENTRE MINHA CASA E CRETA
Numa esquina descoberta
Entre minha casa e Creta,
Um labirinto instalado,
Circunscrito, limpo,
Arrumadinho...
E as portas se abrem
Para brilhantes salões nobres
Com seus ricos comes e bebes
E seus confrades falastrões
Outros portais dão em jardins
Enclausurados e enormes
De pássaros multiformes
Cobertos de plumagens esnobes
Eles não trinam, não voam...
Enfeitam...
A mão passeia,
Sobrecarrega-se de arestas
E se abre, em frestas
Derramando-me visões
Em fileiras
De pedras de dominós
E eu escapo um instante
Destes corredores
Convenientes, agradáveis
Contorcidos em elegantes nós
E me aconchego aqui
Nesta bagunça abstrato-concreta
Véu de Maia
O que é real?
E o que é conseqüência?
Envolto na luminosidade dos teus trapos
Estão cuidadosamente escondidas
As lacunas do ser.
A luminosidade do dia que cega
Ofusca o breu noturno
Que indaga aos meus olhos:
È real o que se pode ver?
Intangível véu de serenidade,
Impalpável véu de segurança.
Equilibrando o caos numa balança
Que pesa a medida entre o bem e o mal.
Castigo ou herança?
Qual o verdadeiro propósito
Do afago das sensações?
Até hoje o principal triunfo dela-
Maia-
É separar-me de você,
Fracionar o elo da vida
Em pequenas partes independes de si,
Que guerreiam incessantemente
Para alcançar e sobrepujar o outro.
Como fração insignificante do universo.
Não nos permite perceber que o bem que lhe faço
Faço a minha própria existência.
A “irracionalidade” da natureza
Mostra-nos que a peça é parte do todo
Assim como o todo é parte da peça
Teatral ou mecânica,
Visceral ou trivial.
Para transpor-te
Vale a velha máxima
Se teu olho te faz tropeçar arranca-o.
Baseado no livro "O Mundo como Vontade e Representação" Arthur Schopenhauer.
TREM DE SUBÚRBIO
TREM DE SUBÚRBIO
Noite. Por essas vias baldias
De neons nublosos e vermelhos
Través espelhos cegos, insinceros
A riscarem reflexos revelhos
Um relho delírio me ocorre
De tanto sacode esse trem parelho
Não. Não nego sonhos a rodarem trilhos...
Só procuro, do dia, legítimos rastilhos
Brumas dos rebrilhos da manhã perdida
A diluírem empecilhos da jornada
N’um chorrilho de luzes frias e castas
De realidade vasta, arrelia e intacta...
Menina Realidade em tempos sombrios
Viram.
Tempos sombrios virão.
Não pela ode apocalíptica
De malfadada crença
Não pela mão da doença
mas pela realidade.
Virarão.
Revirarão os olhos pela descrença
Na fé que se extinguirá
Na contramão ou tiro no pé
Da falta de esperança.
Dura. Nua. Raquítica.
Numa beleza sincerocídia
De comprovação inequívoca
Do seu histórico
dados racionais
Da nossa falta de fé.
De pé.
Atenta. Com olhos tristes
Vazios.
Acostumados a dor
Sem brilhos.
Acostumada à realidade.
Pura. Crua. Esquelética.
Não viram.
Viraram a casaca das suas escolhas
Realistas. Mistas.
Em suas conquistas.
Que trocariam por ver
Sentir. Sorrir.
Mas, viram? Tempos sombrios virão.
Marcos Raul de Oliveira
25/03/21 5:31
Poesia ao raiar do dia
Dos desnortes que se passam em agudo sonido,
Não, não "olvido",
apenas afasto!
O reverbero deste distante passo
rodopiante, ébrio e errante
onde tropeço o traço.
Zunem os fonemas em entrelaço,
neste insano espaço,
que brilha ao fim da noite tardia.
Mas, a vida vem e me afasta,
convida para ver, ser,
beber um vinho
ao amanhecer
apreciar o caminho
caminhar ao mar,
sonhar um dia novo,
ver as ondas em rebeldia.
Pergunto-me:
-Isso também não é poesia?
Mudo,
me respondes
com tua boca
à minha boca
ao nascer do dia:
-Não tema, viver é um grande poema!
E solta, flutuo em uma nuvem de paz e harmonia
no céu de tua boca que por dentro de mim sorria...