Poemas, frases e mensagens de Alluconi

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Alluconi

Amor, a maior força curativa deste mundo.

 
Amor, a maior força curativa desse mundo.

Hoje sonhei com minha querida avó, tenho seu nome. Minha avó era sábia. Lembro que quando quebrei minha perna, na adolescência, e fiquei me lamentando por não poder caminhar, dançar... ela dizia, que dores e sofrimentos existem para que a gente valorize a vida... todos os momentos... no meu caso, naquele lamento, o valor de passear no jardim que ela cuidava com tanto carinho. Ela dizia , deve-se cuidar do corpo, sempre, ele é frágil mesmo, mas é só um recipiente para nossa alma, pois somos criaturas espirituais vivendo neste ‘planeta azul’ compartilhando uma experiência humana chamada vida. E, o alerta para valorizar nosso viver brota d´alma, imortal.

Agora, entendo bem as palavras da minha avó, pois vivo e já vivi tempos adversos. Tenho certeza que não somos nosso corpo , somos nossa alma, imortal. Nosso corpo se desgasta, se machuca, adoece ... tem tempo limitado, por isso deve-se valorizar a vida , a alma, que ele carrega dentro de si por um tempo determinado. A alma que nos chama atenção para o valor dessa ‘experiência corporal’ de curta duração. Então , nosso cotidiano , nossos momentos são, irremediavelmente, importantes / preciosos ... “ viver cada dia como se fosse o último”, com alegria, amor e responsabilidade. A nossa mente é a face d’ alma, comanda nossos pensamentos e ações nesta experiência , vida. A conexão mente-corpo é poderosa... através dos pensamentos , idéias, intuições somados aos sentimentos amorosos ( o bem que nos habita) geram uma força continua, que nos permite lutar contra as adversidades que a vida traz... porque dores e sofrimentos são ingredientes da vida, assim como prazeres e alegrias. Nesse processo aprendemos a ser “ responsivos pró-ativos” , desenvolvendo habilidades que gerem uma reação positiva/construtiva aos eventos dolorosos do nosso viver. Um bom exemplo disso é desenvolver o otimismo, acreditar nas possibilidades de mudança da situação adversa que nos aflige e nunca desistir de lutar na busca de um resultado melhor do que aquele que professam os médicos /os especialistas /os peritos / os governantes , etc... nas situações pertinentes que nos afetem / atingem. Somos o que pensamos e sentimos... e, com o coração e a mente cheios de amor, somos fortes, lutamos o bom combate, porque o amor é a maior força curativa / construtiva desse mundo. Já o ódio / desamor destrói tudo a sua volta, menos a si mesmo... mas, sabemos que o amor, também, neutraliza este mal.

Alice Luconi Nassif
 
Amor, a maior força curativa deste mundo.

Doce ilusão

 
a sede de amar é grande tortura
a mente luta com tal natureza
a fome de alegria, afeto, ternura
sacia e cura qualquer tristeza.

na juventude, ama-se todo dia
na maturidade, o amor é fugidio
ondula no tempo sem sincronia
como brisa suave ou vento frio.

o amor é pura intuição, passageira
que cega a razão, vã companheira
do mortal, criador de significados.

o amor é promessa... de felicidade
é meta e jornada... da humanidade
O doce alivium de condenados.

ALICE LUCONI NASSIF
 
Doce ilusão

Tudo é re.começo

 
tudo que amou
não pode reter
tudo que viveu
não quer esquecer

tudo se aniquila...

matizes , alternâncias
dores, alegrias
horas maravilhosas
horas perversas

horas fugidias...

e, aborda um cansaço
ofuscando o voo livre d´alma
explode sua força e suas asas
na murada do desassossego

o fim vive nos inícios...

uma imensidão, um labirinto
turbulências e calmarias
sente o hálito do passado
devorando todo agora

tudo é consumido...

se entrega , sem reagir
o por vir flui a toda hora
não deseja ir, nem seguir
mas, é impossível ficar

harmoniza-se ao tempo...

o sentir chega, silencioso
e, licencioso se expande
uma solidão amorosa, criativa
seduz, subjuga e consente

tudo é re.começo...

Alice Luconi Nassif
 
Tudo é re.começo

Liberdade e destinos

 
Descobrir que nada é como se deseja, imagina ... sonha
Deveria ser arrasador... mas, é na verdade, uma sorte
A grande chance de se conhecer, verdadeiramente.

Os ideais, plantados na mente
São ídolos de barro , sabemos
Já nos disseram os grandes sábios.

Tudo que é dado, tem pouco valor
Porque é para controlar ingênuos
Para produzir alienados, tolos.

Ideal, é o não real,é a falsidade
Que impregna , tortura, aprisiona
Uma manipulação antiga.

Enquanto se curvar a estes ídolos
Se é infeliz...e, os ideais se multiplicam
Nas mãos da esperança vã, da caixa de pandora.

Quando Zeus enviou a caixa
Para castigar os homens, enviou os males
A esperança era o principal, mãe do ideal.

Não se vive o presente, a realidade
Vive-se à procura de algo inexistente
A esperança nutre esse logro, este desejo.

É assim que perduram as infelicidades
Nas ficções plantadas nas mentes
Os futuros encobrem os presentes.

Quando os pés de barro quebram
Libertam ... é a chance, a revolução
O véu cai e surge o sol da verdade.

Esta luz, ilumina caminhos e pontes
Mas, só os corajosos as vê
Os tolos são cegados pela luz...

Ou, em vez de olharem às estrelas
Quando o sábio as aponta , inebriado
Olham para o dedo deste ‘ sabedor’.

O céu é o limite para conquistas
Mas, a primeira deve ser nós mesmos
Descobrir quem realmente somos...

Iremos sonhar sem ‘ condicionamentos’
Iremos desejar sem ‘patrocínios’
Iremos viver com autenticidade.

Quando isso acontecer
Seremos imbatíveis, felizes
É assim que o mundo se transforma.

As utopias existem para mudanças
E a principal é sempre nossa mente
O software do nosso destino...

Alice Luconi Nassif
 
Liberdade e  destinos

A luz d´um sorriso

 
Perdida na selva da vida
Busca sentidos, inquieta
E a alma se eleva, voa
Vê mais alto e mais longe
A luz d´um sorriso que
Como um raio de sol
Ilumina o caminho
É chama que chama...

Uma magia, onde noite e dia
Se encontram, face do mundo
Que sorri encantamentos
No tempo... senhor da vida!
Semeador e ceifador
Dos momentos
Dos desejos
Do sonhar...

A selva se contrai e se expande
Nas dores e nos prazeres
Eis sua luz... entendimento!
Escolhas... erros e acertos
Sucessos e fracassos
Coragem , aceitação, e
A cada ocaso, recomeços
Até o sorriso.luz... s´apagar.

Alice Luconi Nassif
 
A luz d´um sorriso

Esperança e fé

 
Esperança e fé

A vida é um milagre, mas não é só promessa de alegrias e felicidade... ela traz na sua essência a finitude / alternância que não entendemos e, muito nos angustia. Esta angústia faz parte da natureza humana , vive na profundidade do Ser... mas, às vezes , sobe à superfície e nos toma por inteiro, naquelas horas de grande sofrimento - físico, mental ou emocional .- de nós mesmos ou daqueles que amamos. Nestes momentos poucas coisas nos ajudam a conter o derrame de dor que se apossa da noss´ alma infinita. Mas, creio que a fé e a esperança são essenciais nesses tempos dolorosos... de infortúnio. Porque a fé e a esperança são o coração e as asas da noss´alma, sem elas somos fracos e vazios... Nada ... prisioneiros ( mortos-vivos) de um limbo/abismo... sem fim. No entanto, quando o momento nefasto passar, embora não possamos desacontecer o acontecido, a esperança e a fé nos ajudam a superar e a seguir em frente , escapamos da escuridão para a luz ... e, fortalecemos o milagre da existência com aqueles que continuam conosco e que muito amamos...Vida é e será sempre milagre ... passageiro.

Alice Luconi Nassif

Desejo a todos um 2017 pleno de paz. saúde, harmonia e prosperidade... que a fraternidade e a solidariedade sejam uma constante em vossas vidas.
 
Esperança e fé

Caixa de Pandora

 
A necessidade é o ruído/alarme que desperta os anjos ou os demônios que vivem em nós... desvelando quem, realmente, somos. Amor ou ódio, coragem ou covardia, nobreza ou canalhice, compaixão ou indiferença... isso tudo aflora frente a uma necessidade forte e profunda .

Felizes aqueles que controlam seus demônios, pois eles nos habitam... e, a quantidade e a qualidade da nossa humanidade, depende da força interior / espiritual que cultivamos para nos tornarmos melhores.

A principal batalha é contra a hipocrisia... ser amoroso, ser autêntico , ser justo, enfim, ser melhor em qualquer ocasião... e , não só naquelas convenientes ou com grandes platéias ... vida não é ensaio, toda cena carrega em si causas e efeitos, que irão disseminar o bem ou o mal, no teatro do existir... cedo ou tarde a consciência (solidão) revelará os fantasmas , espectros da hipocrisia , desta ópera existencial ... onde tantos críticos / espectadores ‘esquecem’ que são atores/ personagens, também.

Alice Luconi Nassif
 
Caixa de Pandora

Divinas Saudades

 
O olhar ... desvela magias
No crepúsculo do sentir
As mãos... nunca vazias
Acarinham todo existir.

As lembranças, ressoam
A amargura, não perdura
Os afetos transbordam
Num oceano de ternura.

Nos olhos, a dança do a.mar
Em ondas de sentimentos
Num marolar de momentos.

Desliza a vida, sem medrar
No ballet das tantas idades
Musas divinas desta saudade.

Alice Luconi Nassif
 
 Divinas Saudades

Exaustão

 
sinto
a noite cair
lentamente
a melancolia
me abraça.

tudo que vivi
não esqueço
tudo que amei
esvanece
assim...

minhas mãos
uma na outra
se enlaçam
uma exaustão
invade...

e, num aso
minha dor
se encerra
na vastidão
da Terra.

Alice Luconi Nassif
 
 Exaustão

Imanências

 
no leito do rio
sonha madrugadas
com águas cristalinas
e dias ensolarados.

na pele da noite
borda galáxias
com estrelas
cintilantes.

na mente do homo
desenha paisagens
com pensamentos
de amor e paz.

na face do mundo
derrama lágrimas
para exorcizar
seu sofrimento.

Alice Luconi Nassif
 
Imanências

Vida, sonho da ilusão.

 
A tempestade desenha a noite
Em preto e branco.
A lua dança a cada relâmpago,
E nos leitos de carvalho
Descansam os mortos.

Ainda vivos... sonham!

A luz mentirosa, confessa
Que a realidade é escuridão.
É eternidade fria,
Onde o tempo semeia
O antes, o agora e o depois.

Um jardim de impermanências...

E, esta luz que vos engana
É só uma faísca, viajante
Vestida com traje brilhante
(a fantasia do eterno)
No banquete efêmero

Da existência...

Alice Luconi Nassif
 
Vida, sonho da ilusão.

Semente

 
No leito macio , derradeiro
O sonho morre, sufocado
Pelos tentáculos da realidade
Que compassiva o sepulta
Num sarcófago de magia
No panteão dourado
Da eterna Poesia ...

Alice Luconi Nassif
 
Semente

Peregrina

 
Oh! Felicidade!
Como te espero
E, como tu demoras.

Ah! Felicidade!
Quando chegas
Me encantas ...

Mas,

Por que não ficas?
Cedo demais
Vais embora.

Alice Luconi Nassif
 
Peregrina

Luz e sombras

 
Quando sonho acordada, a vida
Teço uma colcha leve e florida
Que me protege da realidade
D´ instante raro, de maldade.

Sonhar é um antidoto poderoso
Que cura a mente de loucuras
Males que brotam das nervuras
D´um sentir denso e perigoso.

A imaginação criativa, salva
Semeia porvir e esperança
Em devaneios instigantes

E, assim se nutre minh´alma
Sonhando feito criança, e
Superando feito gigante.

Alice Luconi Nassif
 
Luz e sombras

Da verdade

 
Ter convicção não significa ter a verdade . A convicção só prova sua força , jamais a verdade daquilo que se crê ... por isso aqueles ,convictos , que afirmam serem os donos da verdade , cometem , em seus julgamentos e ações , erros irreparáveis... pois toda convicção nasce da opinião exacerbada ... e, opiniões são filhas da subjetividade e das circunstâncias , instáveis como folhas ao vento .
 
Da verdade

Reflexão ll ... o /um bom pensamento

 
Continuando minha reflexão solitária... acredito que meus pensamentos e escolhas conscientes regem tudo que me acontece. Claro que, as circunstâncias que não controlo, atuam , também , no desenrolar de muitas situações que vivo neste mundo . Por exemplo... nasci no Brasil não na Itália, vivo neste século não no anterior, nasci mulher e não homem ... não votei no presidente que hoje governa este país...e por aí a fora... tudo que não controlo e preciso aceitar... mas, posso me colocar e reagir frente às coisas incontroláveis a fim de tentar viver bem e melhor... isso quer dizer : pensar, refletir e escolher minhas ações.

O ser humano individual vive num tempo retílíneo e não circular como a Natureza, onde o presente não repete o passado e cada momento é diferente e único... como se estivesse sempre se renovando e perfazendo. É nesse olhar que me vejo... construindo ou desconstruindo as situações que crio e me envolvo. Os erros servem como o alerta ( não repetir) e os acertos, como luz que ilumina à frente , evitando tropeços nesta estrada escura para o desconhecido, o futuro.

Creio, também, ser positivo, a gente se perdoar pelos nossos erros, não ficando presos no passado, tentando consertar o impossível... nosso caminho é para frente , um movimento retilineo que, se paralisado traz aquele sofrimento existencial... que tantos sentem sem compreender. A realidade está sempre se mostrando... é ela que devemos ver/ perceber ... ficar aprisionado no campo do possível é sofrer , já que é infinito , enquanto o campo do real é finito e rege nosso viver. No campo do possível ficamos pensando que tudo teria sido diferente se a nossa escolha fosse outra... no caso dos nossos erros... um pensamento (obssessivo) que deve ser revisado para acabar a dor , muitas vezes inconsciente, que destroça e arrasa nossa alma.

Dizem ( sábios?!) que todo sofrimento existencial se sustenta na distância que nossos pensamentos criam, entre o ideal e o real... quanto mais distante mais sofrimento ... a proximidade do nosso ideal - desejos, sonhos, esperanças ... - com a realidade que nos envolve, faz desaparecer todo sofrimento... (gerado por aquele medo/ angústia de não alcançar nosso objetivo). Isso vale para perdas ... qualquer tipo de perda... o/um aceitar/distanciar o quanto antes de tudo que é irreversível... pois, só esse proceder faz que continuemos neste movimento vital , bem vivos ... e , não só existindo, aprisionados nas situações impossíveis que nossos pensamentos podem nos acorrentar... sabemos que “ o bom pensamento” é o nosso aliado mais poderoso em todas batalhas que somos obrigados a lutar... ser racional é , simplesmente, pensar/querer/valorar/ escolher... pensar bem... é o primeiro passo.

Alice Luconi Nassif
 
 Reflexão ll ... o /um bom pensamento

Sussurros de sentires

 
Uma tristeza indizível me toma
porque não consigo te alcançar.
nestes anos que vivemos
sempre conseguíamos compartilhar nossos momentos.

não falo dos momentos de alegria
estes são como as estações, passam vez por vez
porque é assim determinado pelo viver
na festa das emoções, velozes e fugazes.

falo dos momentos dificeis,
aqueles inerentes a natureza humana, finita.
os tempos de dores e sofrimentos, que se arrastam
destroçando corpo e alma.

estes momentos testam os limites
a capacidade de cada um de mostrar quem é
na relação amor/amizade que os une
... assim como nós.

não há espaço ou tempo (irmã)
que quebre nossas promessas
sempre, estivemos juntas nestas horas
porque somos seres amorosos.

o amálgama que nutre nossa essência
se nutre de amor, cuidado ,proteção
nos mobiliza nestes momentos difíceis
desvelando nossa “com. paixão”.

“com. paixão”, é o amor revelado
numa incessante busca de salvação
nesse devir, salva-se ambos
o que busca e o buscado.

porque amar , verdadeiramente
é se sentir feliz no bem estar do outro,
é estar juntos nas vulnerabilidades
dividindo cuidados.

é no nosso intimo que o amor habita/vive
e, a alma que tem a escada mais longa
pode ir mais fundo dentro de si
encontrar sua verdade, seu amor.

sei que estás lá, desvelando os segredos do Amor
pois sabes amar como ninguém... eu
aqui , na superfície, sussurro teu nome
baixinho... e sem pressa

numa esperança infinda, que ouvindo
consigas e desejes emergir / retornar
(dessa viagem “comatosa”, inesperada)
te amamos... volte para nós!

Alice Luconi Nassif
 
Sussurros de sentires

Eternidade (in)poética

 
Quanta ilusão
Tentar ser realidade
Quando tudo que se é
Não permanece.

Sou simples aparição
Viver é aparecer!

Um sonho... talvez?
Cheio de aventuras
Numa virtualidade
Imensurável...

Vida é um sopro
Uma mensagem
D’um Universo
Sem fim...

E,

A morte seria... talvez?
Um acordar diligente
Uma convocação
À eterna realidade ...

Alice Luconi Nassif
Maio/ 2017
 
Eternidade  (in)poética

Teu amanhã

 
Encontre a tua palavra
Ouça a própria voz
Delineie teus significados
Palavras repetidas
São sons vazios
Badaladas d’ um feitiço
Nostalgia , saudades
Te aprisionando
Num cárcere do passado
Sempre igual, circular...

A tua palavra
É tua liberdade
É teu amanhã, tua fuga
D’ encantamentos
É a cera para teus ouvidos
Como Ulisses no mar das sereias
É tua estrada reta, o ‘ caminho’
Para o futuro d'agora
A palavra d´outrora é sinal n’areia
O vento desfaz num sussurro...

Alice Luconi Nassif
 
Teu amanhã

Luís Vaz de Camões

 
Um singelo texto sobre o maior poeta épico de Portugal – Luís Vaz de Camões .

Estava relendo Os Lusíadas e relembrando meu tempo de ensino médio quando tive que decorar várias estrofes deste poema, pois minha professora de Literatura iria sorteá-las para a gente declamar, era 0 ou 10, dizia a mestra torturadora. Trinta alunas e trinta estrofes a decorar, mas eu adorava esta “tortura”...
Hoje preciso voltar ao épico, lendo, de memória só recordo a primeira estrofe:

As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;

A partir da segunda, recordo só “pedaços”, a lembrança ficou lá atrás... Entretanto, o prazer é o mesmo de antigamente.

Esta maravilhosa obra tem como centro a descoberta do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama e descreve também alguns fatos da história de Portugal, glorificando todos os portugueses (o povo).

O grande poeta e o grande navegador estão enterrados lado a lado em belos sarcófagos no Mosteiro dos Jerônimos em Lisboa. Foi um dos primeiros lugares que visitei quando estive naquela bela cidade.

Mas, quero falar mesmo é de Camões, o bardo das rotas das especiarias e dos tratados de uma era capitalista emergente( inicio da era moderna). Relembrar (resumidamente) suas aventuras e vida atribulada.

Os deuses nunca estiveram a favor do grande poeta. Entretanto, no seu épico - Júpiter, Cupido, Baco , Netuno e o panteão clássico - eram personificações que, ajudavam ou atrasavam o destino manifesto de expansão mundial dos católicos portugueses.

Camões, por causa de um infeliz caso de amor com uma dama de companhia da rainha que resultou num exílio temporário de Lisboa, se alistou como soldado a serviço de Portugal. Mais tarde , depois de uma briga, acabou partindo para a Índia.Tinha um temperamento explosivo e imprudente,o magistral poeta, a viagem o salvou da prisão.

Em 1553, no navio São Bento, foi levado à Índia. As tormentas e tempestades do Cabo da Boa Esperança, testemunhadas nessa viagem, foram incluídas no seu poema famoso - Os Lusíadas _ (o cabo seria o gigante Adamastor, que proibia a passagem de navios). Ele navegava para dentro dos domínios abertos por Vasco da Gama, menos de cinqüenta anos antes.

No Oriente passou por inúmeras situações desagradáveis, inclusive um naufrágio onde conseguiu salvar somente Os Lusíadas . Um punhado de papéis úmidos, mas o poema sobreviveu - até aquele momento eram sete cantos completos.

Em 1567 resolve retornar a Portugal, conseguiu navegar até Moçambique. Os soldados tinham de pagar a passagem de volta do próprio bolso. Sem dinheiro e com frequentes enfermidades ficou três anos nessa terra, pois o capitão do navio se negou a levá-lo adiante sem receber o pagamento. Lá escreveu um livro chamado O Parnaso de Camões (de conhecimento, doutrina e filosofia) descrito assim pelo historiador Diogo do Couto que o conheceu e ajudou nesse período em Moçambique. Esta obra foi roubada, mas os ladrões não acharam Os Lusíadas (para nossa sorte).

Quando conseguiu voltar , chegou em Lisboa durante uma peste ( era de azar mesmo). Mas, publicou seu épico que foi um sucesso. Apesar disso Camões morreu na pobreza. Decepcionado com a situação de Portugal, fez severas criticas ao governo que encontrou ao retornar. No seu poema, colocava o país como a ponta da Europa e centro do universo. Triste e amargurado o grande poeta disse, que ele , Camões, era tão patriótico que não apenas morreria em seu país, mas com ele...

Luís Vaz de Camões, morreu em 1580 e um mundo morreu com ele. Os antigos deuses clássicos, em face da modernidade, se esvaneceram para sempre. O grande poeta na sua obra , Os Lusíadas , os invocara com todo seu poder e grandeza pela última vez... no entanto, com seu épico, o nobre poeta português, Camões, garantiu seu lugar , para sempre, no Parnaso dos gênios.

O texto é singelo mesmo, mas só quero despertar/desafiar a curiosidade daqueles que não leram Os Lusíadas. Vocês nem imaginam o que estão perdendo... até porque, nesta época pós moderna e globalizada, os clássicos só são lembrados nas aulas de literatura nas escolas... parece que , como os deuses do épico, estão fadados a desaparecerem neste mundo tecnológico e de cultura de massas, infelizmente.

Alice Luconi Nassif
 
 Luís Vaz de Camões


Somos (estamos) o que pensamos. Pensar é a unica veste que aquece nosso coração.