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Luís Vaz de Camões

 
Um singelo texto sobre o maior poeta épico de Portugal – Luís Vaz de Camões .



Estava relendo Os Lusíadas e relembrando meu tempo de ensino médio quando tive que decorar várias estrofes deste poema, pois minha professora de Literatura iria sorteá-las para a gente declamar, era 0 ou 10, dizia a mestra torturadora. Trinta alunas e trinta estrofes a decorar, mas eu adorava esta “tortura”...
Hoje preciso voltar ao épico, lendo, de memória só recordo a primeira estrofe:

As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;


A partir da segunda, recordo só “pedaços”, a lembrança ficou lá atrás... Entretanto, o prazer é o mesmo de antigamente.

Esta maravilhosa obra tem como centro a descoberta do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama e descreve também alguns fatos da história de Portugal, glorificando todos os portugueses (o povo).

O grande poeta e o grande navegador estão enterrados lado a lado em belos sarcófagos no Mosteiro dos Jerônimos em Lisboa. Foi um dos primeiros lugares que visitei quando estive naquela bela cidade.

Mas, quero falar mesmo é de Camões, o bardo das rotas das especiarias e dos tratados de uma era capitalista emergente( inicio da era moderna). Relembrar (resumidamente) suas aventuras e vida atribulada.

Os deuses nunca estiveram a favor do grande poeta. Entretanto, no seu épico - Júpiter, Cupido, Baco , Netuno e o panteão clássico - eram personificações que, ajudavam ou atrasavam o destino manifesto de expansão mundial dos católicos portugueses.

Camões, por causa de um infeliz caso de amor com uma dama de companhia da rainha que resultou num exílio temporário de Lisboa, se alistou como soldado a serviço de Portugal. Mais tarde , depois de uma briga, acabou partindo para a Índia.Tinha um temperamento explosivo e imprudente,o magistral poeta, a viagem o salvou da prisão.

Em 1553, no navio São Bento, foi levado à Índia. As tormentas e tempestades do Cabo da Boa Esperança, testemunhadas nessa viagem, foram incluídas no seu poema famoso - Os Lusíadas _ (o cabo seria o gigante Adamastor, que proibia a passagem de navios). Ele navegava para dentro dos domínios abertos por Vasco da Gama, menos de cinqüenta anos antes.

No Oriente passou por inúmeras situações desagradáveis, inclusive um naufrágio onde conseguiu salvar somente Os Lusíadas . Um punhado de papéis úmidos, mas o poema sobreviveu - até aquele momento eram sete cantos completos.

Em 1567 resolve retornar a Portugal, conseguiu navegar até Moçambique. Os soldados tinham de pagar a passagem de volta do próprio bolso. Sem dinheiro e com frequentes enfermidades ficou três anos nessa terra, pois o capitão do navio se negou a levá-lo adiante sem receber o pagamento. Lá escreveu um livro chamado O Parnaso de Camões (de conhecimento, doutrina e filosofia) descrito assim pelo historiador Diogo do Couto que o conheceu e ajudou nesse período em Moçambique. Esta obra foi roubada, mas os ladrões não acharam Os Lusíadas (para nossa sorte).

Quando conseguiu voltar , chegou em Lisboa durante uma peste ( era de azar mesmo). Mas, publicou seu épico que foi um sucesso. Apesar disso Camões morreu na pobreza. Decepcionado com a situação de Portugal, fez severas criticas ao governo que encontrou ao retornar. No seu poema, colocava o país como a ponta da Europa e centro do universo. Triste e amargurado o grande poeta disse, que ele , Camões, era tão patriótico que não apenas morreria em seu país, mas com ele...

Luís Vaz de Camões, morreu em 1580 e um mundo morreu com ele. Os antigos deuses clássicos, em face da modernidade, se esvaneceram para sempre. O grande poeta na sua obra , Os Lusíadas , os invocara com todo seu poder e grandeza pela última vez... no entanto, com seu épico, o nobre poeta português, Camões, garantiu seu lugar , para sempre, no Parnaso dos gênios.

O texto é singelo mesmo, mas só quero despertar/desafiar a curiosidade daqueles que não leram Os Lusíadas. Vocês nem imaginam o que estão perdendo... até porque, nesta época pós moderna e globalizada, os clássicos só são lembrados nas aulas de literatura nas escolas... parece que , como os deuses do épico, estão fadados a desaparecerem neste mundo tecnológico e de cultura de massas, infelizmente.





Alice Luconi Nassif





Somos (estamos) o que pensamos. Pensar é a unica veste que aquece nosso coração.


 
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Enviado por Tópico
Juvenal Nunes
Publicado: 29/01/2017 11:49  Atualizado: 29/01/2017 11:49
Membro de honra
Usuário desde: 28/07/2013
Localidade: Douro Litoral
Mensagens: 531
 Re: Luís Vaz de Camões
É com satisfação que verifico o correto conhecimento dos factos que relata, na homenagem que faz ao maior poeta português de sempre.

Juvenal Nunes


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 31/01/2017 11:20  Atualizado: 31/01/2017 11:28
 Deus deu ao Povo um Sebastião D.
. ……. Metida(o)
No gosto da cobiça e na rudeza
Dhua austera, apagada e vil tristeza”