Olhar de Petrus, imensidão de mar!!!
Me inunda o mar em seus olhos
E toma minha alma a correnteza
De incertezas que se cruzam
E escoam em meu coração
Iceberg de outrora
Que derrete e evapora
Por você
Meu doce amor
Sou como náufrago por opção
Que se rende ao corsário
Que me furta e me salva
Nessa contradição...
Amor do mar e amor da terra
Do céu e na imensidão
Que seja infinito enquanto dure
Netuno abençoe a união
Que afundem as incertezas, os inimigos e a decepção
Que possa emergir em meio as turbulências mais amor
E mais paixão...
Amor do mar e amor da terra
No infinito horizonte...
Que o verde desse mar
Nesses seus olhos tão brilhantes
Não se distraiam por outras sereias
Que sejam só meus a todo instante...
Márcia D'ultra.
Palco
Palco
Sem fãs e sem graça
Mais um na multidão
Um rosto triste
Camuflado entre centenas,
De igual situação
A plateia pede bis
Quer que ele se atire ao leão
No show só mais um espetáculo
Só mais um número,
Sem distinção
Canta triste o palhaço
Decadente, enigmático
Maquiagem a escorrer
Seria ele o mágico,
Que leva a vida a desaparecer?
Um, dois, três truques
Nada mais que ilusão
Pula, grita, e dá cambalhota
E resiste a triste sina
Com cara de idiota
E calças na mão!!!
Márcia D'ultra
Personagens!!!
Personagens!!!
Fui sereia, fui felina e fui aranha!!!
Fui de tudo o que um poema me pôde dar
Só não fui a tua amada
Disso posso me queixar
Peguei carona com a caronte
E fui ao fundo do mar
Retornei escalando as paredes
E pulos de gato que pude dar
Nem uma dessas peripécias
Foi suficiente pra te conquistar
Estou aqui abandonada
E com tristeza a falar
Aí que mundo complicado
Deus resolveu me enfiar
Eu era tão entusiasmada
Antes dessa realidade participar!!!
Da informação à solidão
Da informação à solidão
Desordem é a nova ordem
Em meio ao caos e a poluição
Juventude robotizada
Isolada, mas conectada
Com outros dessa nova geração
Consumistas por osmose
Um querer sem precisão
Seguir a mídia é estar na moda
A ignorância é o padrão!!!
Fugir disso não adianta,
Estamos nisso, nesta prisão
Fios, cabos, rede elétricas
Software, informação...
Nunca o mundo todo foi tão homogêneo
Acesso à cultura e transformação
No entanto, o que isso nos vale?
Se estamos tão solitários
Com toda essa globalização.
Márcia D’ultra
Viúva negra
Viúva negra
Te observo do alto
Como habilidosa rendeira
Teço fios com esmero
E deixo a cama bem feita
Não tem distinção
Entre meus amores e a refeição:
Ambos são servidos em minha trama
Sou uma negra dama...
Há quem duvide de meu talento
Eu danço, rodopio e me alimento
Em paredes de casas e apartamentos.
Cruel pareço! me acusam como ser nojento
Mas tudo na natureza cumpre seu papel
E não há criatura mais horripilante
Do que vocês: “seres evoluídos”
Que estão sempre a destruir esse mundo tão
bonito!!!
Márcia D'ultra
O ceifeiro
O ceifeiro
Me abraçou o ceifeiro
E com ele dancei
A triste valsa da despedida
E sem vida fiquei...
Me levou tendo eu a vida
E como zumbi fico a andar
Dias com ânimo e outros tristonhos
Nas ruas dessa cidade a vagar...
Entorpece a alma como o mundo está
São frias as pessoas e de indiferente olhar
Morro eu, morremos nós todos os dias
Nas aflições das cidades e nas frias acolhidas
Então dancem nesse salão a mesma valsa
Porque essa cidade não é só minha
A diferença entre nós é pouca
Eu admito as coisas como são e sem hipocrisia...
Márcia D'ultra
Novela mexicana
Novela mexicana!
Estarei em você
Onde quer que esteja
Na mobília da casa
Num trago ou na cerveja
Estarei em você
De noite e de dia
Nos tempos de chuva
Ou naquela melodia
No sonho ou no pesadelo
Nas alegrias e na dor
Na inconstância e desespero
Nos poemas de amor
Estarei em você
E não é culpa minha
O que foi vivido não se apaga
Está impregnado na alma
E segue sincero o sentimento
E dói a ausência
Sem muito alento e
Neste momento...
Quem assiste não se engana
É sobre nós:
Eu e você...
E todo esse drama...de novela mexicana!