Poemas, frases e mensagens de orientem

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de orientem

Quando os pés ficam sem a maré

 
 
O destemido olhar
Recria o mar
Fora do lugar
E deixa o cair
Como cascata
Numa vida
Transformada
Em grãos de praia

E na ravina do peito
O vento
Não acalma
Olhares

E naquele cais
[casa]
Existe uma pressa
Que não cessa

Há verdes que ardem
No centro de mim
Antes mesmo
De serem tabuas
Do teu último jardim

Um dia
Voltarei para ti
Voltarei
Com todas as palavras
Que não te disse
 
Quando os pés ficam sem a maré

Meu âmago se faz brisa para te ameigar

 
 
vou revisitando
o vestígio dos teus dedos

bebendo das tuas letras
para acalmar os silêncios
cheios da tua ausência

queria que estes poemas
que te deixo
chegassem a ti
como orações das profundezas do meu ser
e pudessem acordar
o lado mais adormecido daquele
coração nosso
que bombeava
sentimentos mágicos
nas nossas entranhas
e nos fazia sorrir
do nada

nos fazia sonhar com
o futuro da nossa alma
nos reencontros do corpo
no calar das lágrimas

naquele tempo
tínhamos
a sensação que nada nos separava
nem as distâncias terrenas
nem os obstáculos diante dos passos

por favor
diz algo…
dá-me o mais pequeno sinal …

diz me como estás?

eu cá estou
pendurado
nos ponteiros …

de peito escancarado
cansado de fugir
do coração
teu
 
Meu âmago se faz brisa para te ameigar

Tatuadora de interiores

 
 
guardo
aquele caderno
que me deste
como tesouro
precioso
do nosso sonho

lá dentro
vive um pouco
do nosso amor
do começo
dos nossos versos

e tu …
o que guardas da minha parte ?
que parte guardas de mim ?

da minha parte
não há parte
que não tenha
a memória
da tua imagem

serás para sempre
a minha tatuadora de interiores
há marcas de ti
na raiz da pele
no chão do coração
no corredor do peito
no sótão da razão

enfim existe uma galeria de ti
exposta no salão do meu ser
até na janela do olhar
existe o teu último aceno
tatuado
impossível de apagar
mesmo nas noites
dos meus silêncios
chuvosos ...
 
Tatuadora de interiores

Primeiros instantes

 
 
a afinidade da tarde
contrastava com nervosismo
das mãos

o coração embrulhava-se
com ansiedade
dos nervos

antes de te ver
a musicar o olhar
com essa beleza
de doce em flor
fui obrigado
a beber um
litro de água

pensei que me acalmava
mas só apressou
a ida á casa de banho

mais tarde
quando te vi chegar
fiquei transbordando
admiração …

aquela linda mulher
era real
fora do ecrã
fora do poema

o sentimento sentido
fez sentido
para lá do tecido dérmico das palavras

finamente percebi
que a alma vestia a Prada da carne

finalmente
o sonho tinha perfume
calor
ternura a montes

finalmente
a gémea alma
sentia-se em casa
no tocar de mãos
no tocar de asas
 
Primeiros instantes

No lugar do coração …ficou um lago salgado… com o teu nome

 
 
olhos
estourados
varrendo
o sonho

o corpo
zangado
querendo
o refúgio
dos teus braços

o adeus
desmentido
no teu lindo
sorriso

aquela tarde
tinha tudo
para dar certo

dois corações
no mesmo sentido
a caminhar
entre livros
e arrepios
desenleados
baixinho
no
caminho
dos ombros …

não sei o que aconteceu
para ficarmos
no cais do rio
a um fio
de transformámos
nossos íntimos
num lugar mais habitado
num sítio mais bonito

hoje
ainda sai
a sumarenta mágoa
desta memória
destapada
por estas palavras
tão molhadas
 
No lugar do coração …ficou um lago salgado… com o teu nome

Queria muito mais que o teu corpo …

 
 
os dedos
sabem
deslizar
na sombra
dos teus olhos
sem serem ensinados

contorna-los
com a suavidade
lenta
de uma circunferência
feita de cetim

devo-te confessar…
que nunca vi olhos
tão raros
aquela savana africana
rodeada do branco ártico
e um milhão de estrelas
condensadas
duplicadas
no rosto
tão mágico

naquela tarde
o que mais me impressionou
não foi toque da pele
não foi o roçar da carne
foi a esperança adormecida do teu olhar
e aquela menina feita mulher
querendo voar

naquela tarde
trazíamos dois corações abarrotar de melodias sem nome
e a promessa de uma espera
por validar

vá lá …diz-me …a onde guardas esse amor de ontem?
 
Queria muito mais que o teu corpo …

Ária da Alma é o meu intento

 
 
como te posso explicar
que te amo
a cada vocábulo
arremessado
de lábio a lábio

que a letra
é como frasco
que guarda
a delicadeza
de te amar

por isso te escrevo
com o coração apoiados nos dedos
um poema
escorrendo
saudade
 
Ária da Alma é o meu intento

Colecionadores de ondas …

 
 
como se foge de um sentimento
que procura no fundo das costas
o princípio do teu umbigo?

como?

como recriar a primavera das estrelas
igual
aquele dia
em que os olhos
somaram
beleza
diante do teu
lindo rosto?

diz-me
que um dia
voltaremos a colidir
os frascos de lágrimas
que trazemos no rosto …
e ai…o sol
não levantará nenhuma gota
porque os nossos ombros
serão cascatas
levando
a tristeza da nossa alma …
a bom porto
 
Colecionadores de ondas …

A ponte do horizonte… pode bem ser os nossos braços

 
 
a distância das vagas
enganam

serei forte na espuma

cobarde …
no meio da rocha
e da onda

mas se tiveres
afogando o sol
eu levo-te a lua
para te trazer de volta
 
A ponte do horizonte… pode bem ser os nossos braços

Abrigos

 
 
no casulo da memória
tudo é tarde

a borboleta já não
veste as asas

a lagarta
coxeia de uma pata
e demora
a mudar
a forma
da alma

no ninho da vontade
as folhas
deixam
cair
palavras
só as ramas
da saudade
permanecem intactas
mesmo
castigadas pelos
relentos
do tempo

no berço do peito
o sentimento
espreguiça-se com a ingénua
bondade
de te fazer feliz
num incessante
renascer
de ti
antes do ventre
antes da pele
nesse cordão
que liga as mãos
ao coração
 
Abrigos

A cor transparente da letra

 
 
o remetente se transmuta
mas o destinatário
nunca muda
e por vezes ...
só o destinatário
sabe o verdadeiro
significado
de certas letras …

só assim faz sentido
a poesia do meu íntimo
tantas vezes
aqui exprimido
vestido de diferentes
roupas

Contudo ...
só tu sabes o tecido da pele
depois das palavras despidas

só tu sentes
certas linhas
onde aquele
vocábulo se senta
e te arrepia

só nos sabemos
cor dos olhos
entre silêncios
a centímetros do rosto
depois de tantas
frases amadas
fora das páginas
 
A cor transparente da letra

A alma no corpo de luz

 
 
ancorado nestas palavras de sempre
deixo este teu coração de ontem
querendo girar como farol
nas linhas
da tua mão
esperando
por alguma razão
iluminar
teus lindos versos ….

nos rodopios da luz
anseio
que surja
neste mar de escrituras
teu nome

passo
espreito
danço
lanço
a luz
no casco
dos teus azuis
flor

desejando
que o embate
seja real
no meio dos nossos
braços

sabes …
todas as lágrimas
trazem lugares
flashes de saudade

as minhas
as tuas
trazem
esse clarão
de um amor
inacabado
e aquela
gémea
alma
que
que ficou para trás
sangrando
o sonho
 
A alma no corpo de luz

Só falta as vermelhas pétalas …ao teu silêncio …

 
 
a Helena Kolody
já escrevia sobre o “nós” dela
alguém que dedilhava a poesia coronária como a tua …

“fomos duas árvores castas.
não misturamos as raízes.
apenas enlaçamos os ramos
e sonhamos juntos.”

no meu caso
a invisibilidade das tuas raízes
trespassaram o núcleo
umbilical do sentir
sem vestígios audíveis
nem cicatrizes

hoje o vento lá fora
traia a calma
aparente das horas
e me ensina …pingo a pingo
que o amor silencioso
é perigoso
quando não temos calaboiço
para o abrigar
e torna-lo
gente
presente
na vida

como foi contigo …?

sei
que naquele dia
trazia orquídeas
para colher no teu olhar
a beleza que me faltava

cheguei-te
escondendo
debaixo da pele
veias de seiva
nascidas
do teu lindo tronco

naquele dia
o único trunfo que levava
para te impressionar
era e é
o tal amor puro
que não se via
que não se distinguia
do homem ou da mulher
aquela chama branca
que se acende e permanece
no fundo do mar…
acesa …
até possibilidade
finita
do sempre …
 
Só falta as vermelhas pétalas …ao teu silêncio …

Semeando a flor na terra adubada de pólvora

 
 
a alma nua
[maquilhada de ternura ]
regressa a esta casa
em ruinas
com a esperança
de ver nascer
a tal flor
nos destroços
de uma guerra
impura

traz a lágrima na cortina
de um sorriso
a beleza de amar
na retina das letras

contudo
o tempo surdo
não para de distanciar
a luz das estrelas

…e tudo se esquece
num parágrafo

…e tudo foge dos braços

…e tudo o silêncio sossega
nos atrasos
das horas

mas a tal flor
mostrará ao mundo
a beleza das suas folhas
sagrando por dentro
as raízes da sua dor

...e no fim de tudo.
o que vai sobejar
ao inverno e ao outono,
são as raízes e o tronco …
 
Semeando a flor na terra adubada de pólvora

As palavras que não deixam marcas… não tem linhas do coração

 
 
não foi só as palavras que te chegaram
e tu sabes bem disso …

sabes da ternura do nosso olhar
quando os nossos rostos
se tornara íntimos
quando nossos íntimos
se tornaram elos
de um mundo
só nosso

os cortejos poéticos
enviados
foram
rasgos de carne
com alma
que tinham a missão de te tocaram
por serem sinceros
chorados com mel
pelos lábios

hoje
observando a indiferença
crua
da tua parte

entristece-me
alma
ficando com a sensação
que as sementes
semeadas
no teu coração
foram em vão...

só a flor
da mágoa
cresceu
e se tornou
árvore

já a tua sementeira
no solo do meu imo
brotou um lindo jardim
enricando
o deserto do sonho
com oásis de amor

neste lugar teu
permanece a contemplação do teu ser

e não há flor
que não tenha o teu cheiro

e não há recanto
que não tenha um letreiro
a dizer
"Amo-te "
 
As palavras que não deixam marcas… não tem linhas do coração

Pintar amor

 
 
a fúria das pálpebras

as glândulas exacerbadas

o fogo em água

o corpo salivando
a falta
da pele
enleada
entre as
mãos
e alma

a saudade
á solta
sussurrando
no dérmico
rumorejo
do tronco

a traqueia
chamando
o suspiro
de um raspançar
de beijo

o arrepio
riscado
pelos dedos
nos teus seios
clivosos

a vontade
de ser
branco
sangue
no
teu
ventre
prenda

o desejo de ser anjo
entre o suor dos membros

e no final
a cedência mortal
de um gemido
a dois
num inexplicável
avolumar de paz
e delicadeza
 
Pintar amor

Serás sempre o ponto de luz mais bonito … na partida e no regresso ao ninho

 
 
vou mudar as estrelas de lugar
estão tão afastadas quando não sorris
quero bordar com elas
as bermas da estrada
para não te sentires sozinha
quando regressas a casa
 
Serás sempre o ponto de luz mais bonito … na partida e no regresso ao ninho

Depois de tudo

 
 
O sentimento acogulado no peito

Fala o tempo todo de um amor autêntico

Feito para durar um século e meio

Na procura incurável do teu abraço

È neste labirinto de ecos

Que o coração soletra o teu nome

Com uma claridade sonora

Que adocica o pensamento em voz alta

Meu Deus

Relembrar-te com este desprendimento de dor

Cala de forma doce

O reboliço das incertezas

Criadas

Pelas ausências

Oh! meu anjo

Meu doce anjo

Serei amor

Para ti amor

Mesmo que estejas longe

Mesmo que um dia esqueças o meu nome

Mesmo que percas contornos do meu rosto

Serei sempre amor

Porque vivi no lugar mais bonito de todos

O berçário dos teus sonhos

P.S.:

Não será pelas palavras bonitas

Que o amor se transforma em realidade

Mas por ser verdade este amor que te escreve

Tornando a poesia aqui tricotada

Um salpico de ternura

No teu encalce
 
Depois de tudo

O desraizar dos passos pode bem ser o prelúdio dos afetos

 
 
o tempo não vai perdoar
a mudez do coração
que abala teu peito
nos dias de enternecimento
onde os sentimentos do avesso
seguem em contramão

poucos sabem como és
crente na bondade humana
geradora das emoções espelhadas

és dona dessas gigantescas assas
empoeiradas
trancadas na saudade
mesmo assim serás capaz
de proteger as asas de tantos nós
dos salpicos das estações

aljofarar nossos corações
com a beleza das tuas penas …

o que esperas…
para baloiçar ferrolho da porta
e caminhares
sem pedires permissão á solidão?

há tanto de ti para somar ternura

vem ...
a doçura do silêncio só se constrói a dois …

vem ...
meus braços não sabem voar sem os teus

vem …
 
O desraizar dos passos pode bem ser o prelúdio dos afetos

Asas por ensinar

 
 
anjos
pequenos
alteiam
a luz
nas
nossas
retinas

se desprende
das mãos
das mães galinhas
e lá vão
com olhos
rotos
de meiguice
repisando
os passos
nos dias

os nossos pequenos heróis
tornam especiais
os pais e toda a família
às vezes basta
uma careta
mais felina…

pena é...
... quando a sua estadia
é encurtada
nesta vida
as estrelas ganham seus nomes
e o firmamento vira a coleção
mais bonita
de luzes púrpuras
entre os escuros
dos olhos

quando isso acontece
os corações viram órfãos
e a vida se torna num cais encerrado
para obras
adiadas até à morte
 
Asas por ensinar