SAUDOSA PANTANEIRA
***SAUDOSA PANTANEIRA***
Em frente ao seu teclado, mui saudosa a pantaneira
Relembra o som enrolado, que faz agora a betoneira
Chora, chora a saracura, com as canelas mergulhadas
E grita: -- Ninguém segura, as minhas pernas molhadas
O gavião caramujeiro, pousado no toco de pau
Rastreia com olhar ligeiro, o seu manjar sem igual
Cadê a trilha do rio, que serpenteia ao redor
Ouço o canto do canário, que ecoa no arredor
O pacu e o bagre pintado, e a coruja buraqueira
No barranco encostado, escutam a louca pieira
É no verde desta mata, que acompanha o rio
É ali que se retrata, a bicharada no cio
E a brisa pantaneira, desta mata imaculada
Lá no alto da palmeira, grita, a caturrita chocada
E no meio da estrada, vai correndo bem ligeira
A bela onça pintada, que sai levantando a poeira
Aporta na ribanceira, a nossa velha chalana
Se espalha pela esteira, que parece terra plana
Por amor ao pantaneiro, há de ser sempre lembrado
O nosso bravio vaqueiro, pelo espinho guasqueado
A parte mais funda do rio, lugar de difícil acesso
O vaqueiro em seu desafio, atravessa o progresso
Ao relembrar minha infância e o meu sonho embalado
Era sempre uma constância, o miar do gato pardo
É tanta coisa bonita, que tem o meu pantanal
Desde a onça chita, a gritar no meu quintal
Jacaré foge ligeiro, corre pra água encantada
Espera o veado campeiro, para dar uma bocada
Tuiuiús empoleirados, em grandes ninhos gentis
Feitos de galhos quebrados e parecem tão sutis
Um sol de causar inveja, à vitória régia beijando
E o orvalho esbraveja e fica nela pingando
O tear era perfeito, das aranhas caranguejeiras
Que pegam logo de jeito, os manjares bem ligeiras
O canto da saparia, o assovio dos bugios
Eram mais que gritaria, do que berro de bravios
A lesma mui vagarosa e a serpente encantada
Em sua prosa gosmosa, olham chorosa boiada
E os cantos dos cardeais, só poesias mais nada
Pelos ventos outonais esperando a invernada
E o papagaio faceiro, repetia bem ou mal
O nome da bicharada, do meu lindo pantanal
Calça de couro e laço, botas cavalo e cão
Desse vaqueiro eu faço, o herói do meu sertão
Ao longe escuto o berrante, que acalma e consola
Apenas por um instante, o esperar que nos assola
E assim chega festeiro, de uma vida alvissareira
E cante logo violeiro, a sua viagem estradeira
E a morena cor de mel, que espera ao pé do fogão
Com o coração á tropel, lhe puxa firme na mão
Retirando-lhe a perneira, o cinto e o facão
Oferece-lhe, a farofeira arroz e muito feijão
E Vai chegando o verão, choro eu e o mundo inteiro
As terras inundarão.....
“Saudades do Pantaneiro!”
***RosaMel***