Pedido ao Tempo e à Vida
Leva-me daqui
Para longe, para bem longe
Mas
Para perto, para perto do que nunca vi.
Preciso de algo novo para viver,
Um novo ar para respirar,
Que sei que está longe,
Mas
Perto, perto de onde me vais levar.
O céu já não irradia cor,
As nuvens taparam-no por completo
Mostrando a imagem de um mundo sofredor.
Leva-me rapidamente
Por favor,
Já não consigo viver perante este cenário desolador.
Leva-me
Para longe, para bem longe do que já sofri.
Mas,
Para perto, perto do que nunca senti.
Estou Errado, Estou Confuso
Olho para muito longe
E vejo reflexos de mim.
Iguais a muitos por onde passo,
Iguais a muitos por onde nunca estive.
Sinto tudo,
Mesmo o que está longe.
sentimentos,
Que vivem em mim,
Que partiram de mim.
Estou errado,
Estou confuso,
Não sei se vivo em mim,
Se vivo fora de mim.
Já não vejo azul
No que azul via.
Já não consigo ouvir,
O que outrora ouvia.
Já não sei quem sou,
Nem tão pouco o que um dia fui.
Estou errado,
Estou confuso,
Não sei se vivo em mim,
Se vivo fora de mim.
Avenida dos Sonhos Perdidos
Caminho sem destino
Pela avenida do sonho perdido
Em que nada do que vejo faz sentido
E em que tudo é sombrio.
Encontro almas perdidas
Que desesperam por um fim anunciado
Onde não sentem mais as suas vidas
Por nelas nunca terem singrado.
Clima de terror,
Em que o pânico e o medo são uma constante
Onde nunca se ouviu a palavra amor...
Nem sequer por um instante.
Quem nela vive é rei
Do fracasso e da solidão,
O porquê? nem eu sei,
Talvez por não existir mais ilusão.
Sinto a tristeza que paira no ar
A conquistar o coração e a mente,
Como algo que pretende controlar
O que sente esta pobre gente.
E lá vou eu caminhando
Na ânsia de uma saída encontrar,
Passo a passo, lá vou sonhando,
A um lugar diferente chegar.
Tibete
Caem lágrimas,
Derramando esperanças.
Param-se corações,
Aniquilam-se multidões.
Gritos de medo, de sofrimento,
Constantemente se ouvem pelo ar,
Chegou mais um exercito de fuzilamento,
E mais vidas preparam-se para roubar.
A bala manda à condição,
Calam-se vozes da revolta,
A chacina parece a solução,
A uma paz que não tem volta.
Épico - Cidade dos Condenados
Cidade dos Condenados – Parte I
Rosto caído e olhar sombrio
Percorrendo as ruas da cidade dos condenados
Onde tudo é desconhecido
E onde a cruel realidade é visível a todo o instante.
Visão de terror misturado com titulados de horror
Corações sofredores que escondem a sua dor
Onde a revolta e raiva são sentimentos dominadores
Que não permitem a existência de outros sabores…
Cidade dos condenados
Onde impera a lei da bala e do ódio
Em que os incêndios são o prazer do povo
E onde não há futuro…apenas a visão do demónio.
Não quero ver mais a cidade dos condenados
Não a quero para mim….
Tirem-me daqui…
Sonhos destruídos – Parte II
Sonhos destruídos
Lembrados ao som de um novo disparo
Que friamente parou o bater de um coração,
Roubando a esperança de um novo despertar
De uma nova ilusão, de um novo viver, de uma nova emoção.
Sentimento de maldade sobe pelo corpo
Sinal de indignação e de desconforto
Porque não acredito em mim?
E porque me deixei levar pelo lado negro da razão?
O sol já deixou de me brilhar
A noite toma conta de mim, escondendo-me o porquê de me ter deixado levar
Mostra-me a inutilidade humana perdida ao ritmo do vento
E que me faz acreditar que viver é somente um momento.
Sonhos de esperança quero voltar a sentir
Quero me libertar da confusão que me prende
E que me passa a vida constantemente a mentir….
Sentimentos desconhecidos – Parte III
Sentimentos desconhecidos permanecem em mim
Vitoriosos da conquista de toda a minha composição
Dominadores dos meus sinais vitais
De uma forma que não parece ter fim.
Já não quero saber, já nem sei se estou a sofrer
Ou naturalmente a deixar-me morrer
Sonhos já não fazem parte de mim
Álcool e drogas vão alimentando o bater do meu coração
Enquanto espero pelas ultimas horas num canto desta cidade.
Sentimentos, dos quais não me liberto… que desespero
Que me fazem tremer, sentir a tristeza e miséria à minha volta
Como imagem distorcida da vontade do meu coração.
Será isto tudo apenas uma ilusão?
Infelizmente é apenas uma vida de desilusão….
Bomba de Esperança – Parte IV
Bomba de esperança explode na minha cabeça
Nem tudo pode estar traçado para um fim igual a este
A cidade condenada pode se libertar da escuridão que a prende
E os rostos podem voltar a ver a imagem curada deste reino do mal
Haverá força, motivação para quem sempre teve sofrimento como noção?
Já ninguém conhece o seu rosto, já ninguém sabe o seu nome
Já ninguém consegue ver a passagem da luz, em algo tão sombrio.
Porque não tentar?
Porque acabar assim sem lutar mesmo que isso indique o fim?
Porque não ter no meio de toda esta desilusão um rastilho de esperança?
Será que a cidade dos condenados se consegue salvar com uma Bomba de Esperança?
Eu acredito que sim.
Tudo Vai Mudar…Um Dia
Realço algumas coisas boas que tenho,
Que me fazem agarrar esta vida
E ver que afinal pode haver cor
No final deste túnel da escuridão.
Onde desesperadamente me perco,
Onde procuro por uma saída,
Onde procuro me sentir vivo
Onde quero de novo aprender a viver.
Não vejo mais nada a não ser escuro,
Não vejo mais nada a não ser insegurança,
Mas continuo com fé,
Com esperança que tudo vai ter de novo cor.
Um dia…
Porque és Diferente de Mim, Quando Somos Iguais?
Voas livremente,
Rasgas os céus com malabarismos
E sentes o vento a tocar-te,
A vibrar-te a alma e a fazer-te sentir vivo.
Eu apenas sinto o vento
Pelas ranhuras deste espaço a que chamo casa.
Por estas “grades” onde passo os meus dias
Sombrios e cheios de esperança.
Porque és tão diferente de mim?
Porque tiveste a sorte de poder voar,
De conhecer um mundo, de sentir os prazeres da vida,
E eu somente o azar de estar preso mesmo sabendo voar?
Porque tiveste a sorte de sentir os dias
Sempre com alegria e felicidade
E eu a necessidade de os sentir com sonhos,
Sonhos de uma liberdade, sonhos de uma vida tão distante?
Porque és tão diferente de mim?
Porque és livre por dentro,
Por fora…
E eu somente livre em sonhos,
Preso por dentro…. E preso por fora?
Imagino-me a voar, como tu fazes…
Imagino-me livre, como tu te sentes…
Imagino-me a viver como tu vives…
E como é bom…
Libertar o meu pensamento
Por estas “grades” que me rodeiam
E sentir que ainda estou vivo.
Vivo para sonhar, vivo para acreditar
Que um dia voarei como tu…
Palavras Que Nunca Quis
Hoje grito palavras de raiva
Liberto-me do abecedário sombrio
Que continua a gravar as paginas,
Do diário da minha vida.
Palavras que nunca quis dizer,
Letras que jamais pensei um dia soletrar.
E que um dia me deram a conhecer,
Frases que ao longo dos tempos me iriam fazer desesperar.
Hoje é o dia,
Hoje é momento,
De apagar cada linha,
Cada letra de sofrimento
Que por muito tempo gravou as paginas,
Desde pequeno mas já longo diário da minha vida.
Quero fazer com que as palavras
Se misturem com as poeiras
Que constantemente pairam no ar..
E que se afastem de mim,
Do meu diário,
Da minha vida.
Hoje é um novo começo.
Menina de Bonito Olhar
Menina de bonito olhar
Que chora diante do mar,
Onde as suas lágrimas quer deitar,
E os seus males afogar.
Já não consegue pular,
Nem tão pouco sonhar,
A alegria também acabou por a largar
Deixando a tristeza ocupar o seu lugar.
Menina de bonito olhar
Que sente o seu coração a desesperar,
Por ninguém lhe querer abraçar,
Nem tão pouco com ela querer brincar.
E como amigos queria encontrar
E com eles ter vontade para gritar,
Sonhar e um mundo de fantasia imaginar,
Sem nunca ter que parar.
Menina de bonito olhar
Que sofre por não ter um lar,
Que sente falta de alguém para a cuidar
E que pudesse fortemente lhe amar.
Hoje chora diante do mar
Deixando-o as suas lágrimas levar,
Pedindo-lhe ajuda para continuar a acreditar
Que a sua vida vai mudar.
Menina de bonito olhar,
Que um dia toda a beleza da vida vai encontrar
E aí os seus olhos somente irão brilhar,
Pois alegria não lhe irá faltar.
E numa linda mulher irá se tornar
Irradiando beleza por onde passar,
Nunca mais irá continuar a chorar,
Apenas sorrir diante do mar.
Mensageiro da Desgraça
Fiz rabiscos de felicidade
Em folhas gravadas por dor,
Coloridos de alegria,
Envergonhando cenários de horror.
Fui o rei
No trono dos falhados,
Plantei sorrisos,
Juntei-me aos desesperados.
Fiz pular o meu mundo,
Tão rápido que o destruí por completo,
Queria mostrar-lhe o futuro,
Indicar-lhe o caminho certo.
Senti-me como um às num baralho de cartas,
Dono e senhor de tudo,
Imperial perante as jogadas,
Um fracassado ao segundo.
Fui o vento da esperança,
Soprei poeiras da felicidade,
Fui tudo sendo nada,
Fui o mensageiro da desgraça.