Imagem destorcida
Observo a imagem refletida no espelho,
Que timidamente me sorri,
Atônita não me reconheço nela.
O olhar reflexo me desperta
No corpo cansado... Tão marcado pelo tempo,
Como uma flor que perdeu seu viço.
Minha alma criança que ainda brinca,
Não se reconhece no rosto envelhecido,
Que refletido no espelho não esconde,
O que a alma insensata tenta disfarçar,
Camuflando sentimentos...
E essa imagem se impregna em mim,
Não consigo distinguir quem sou...
Não encontro o brilho nos olhos,
Antes tão nítido ostentando sonhos
Nem a magia no sorriso,
Dos lábios faceiros que profanaram loucuras...
Vejo apenas ser e emoção juntos,
Numa homogênea mistura...
Então me pergunto:
Onde estou?
Se não me reconheço
Insana
Às vezes sou assim;
Insana...
Uso a poesia.
Para libertar os meus medos
Eu me entrego aos meus anseios...
Então viajo em devaneios,
E me realizo...
Na amante,
Na amiga,
Na verdade mais escondida,
Na emoção que te atiça,
No sentimento que te realiza,
Na anônima que te beija...
A insana...
A poetisa...
Que navega num barco a deriva
E te faz navegante dos prazeres e delicias...
Na viagem instigante,
Que o meu corpo te convida...
Nada é por acaso
Se não tivesse um obstáculo a minha frente,
eu teria avançado,
e nosso encontro teria acontecido no momento marcado...
Porem perdi tempo no desvio,
num descuido,
acabei seguindo o caminho mais longo...
Chego anos atrasada,
te encontro esperando,
marcado pelo tempo,
pela espera angustiante...
Vejo que tropeços lapidaram sentimentos...
flores, pássaros, cores desviaram o foco
e a vida foi acontecendo,
escrevendo uma história...
E o encontro atrasado...
Veja só,
É hoje...
É agora...
Perdida
Ando um tanto perdida...
Distanciando-me de mim,
Desviando-me da vida...
Vago no mundo assim,
De sentimentos em sentimentos
Sem rumo... Sem direção...
Não te encontro... Não me acho...
Perdida sem noção...
E é nesse desencontro absurdo,
Nessa busca que não tem fim
Que entrego-me a outro corpo...
E não sou dona de mim!
Até encontrar você !
Embriaguei-me de felicidade num momento de insensatez...
Lutei contra meus próprios princípios,
Modificando conceitos... ignorando regras e leis...
Entreguei-me as delicias desse seu jeito gostoso de me envolver...
Reencontrei-me... ainda com vida num passado marcado pela estupidez...
Agonizando... Acho que esperando por você...
Guardando sonhos e desejos secretos...
Ocultando pensamentos e verdades...
Revezando sentimentos...Consegui sobreviver...
Até encontrar você...
Ventos e paixões
Muitos são os caminhos...
Às vezes longas e solitárias caminhadas.
Rascunhando planos e rabiscando desenganos,
Com a ingenuidade de uma criança,
Inúmeras vezes nos apaixonamos...
Odisséia de emoções as quais nos aventuramos...
Diamantes?!
Ou aventuras que colecionamos?
Não!!! Alimentos d’alma,
Ilusões que necessitamos...
Ventos que sopram direcionando... orientando...
Tórrido e envolvente...
Em finais de tardes de outono...
Novas paixões alimentando...
Poeta...
COMO ENTENDER ?
NÃO SEI... !!!
SEI QUE TODOS OS POETAS,
SABEM COMO O DIZER,
E O DIZEM BEM...
FALAM DE AMOR... E SAUDADES...
DAS MULHERES...DE SUAS VAIDADES...
NAS SUAS INFINITAS FANTASIAS,
RIMAM DORES... COM A BELEZA DE FLORES...
E EM DEVANEIOS NAVEGAM...
NOS MARES INCERTOS DA ILUSÃO...
MAS TODOS OS POETAS !!!
ETERNOS APAIXONADOS QUE SÃO...
SABEM CANTAR O AMOR...
E TRAZEM NO OLHAR...
A MAGIA DE ENVOLVER...
NAS PALAVRAS O PODER...
DE SEDUZIR...
Vestígios de um amor...
Vestígios de um amor...
Voar livre... Buscar limites...
Entregar-se... Permitir que as emoções mostrassem o caminho...
Ser livre mesmo aprisionada pelas grades invisíveis da comodidade...
Tocar o céu mesmo quando se mantêm os pés firmes no chão...
Ipnotizar-se com o brilho das estrelas...
Devanear guardando segredos...
Disfarçando evidências...
Manter-se inerme... Mas Audaz...
Olvidar... E não sofrer....
Ousar... E não lamentar...
Não ter pressa... Caminhar...
Deixando pelo caminho...
Somente lembranças...
Vestígios de um amor...
De um grande amor!!!
Magia*
Uma nevoa úmida e fria encobre meu passado,
Intuitivamente impedindo lembranças ou magoas.
Ludibriando sentimentos e ressentimentos guardados,
Latentes nesse coração que ainda insiste em amar-te...
Impulsionado pela misteriosa magia desse teu olhar,
Estupidamente envolvente!
Desencontro...
Por que será?
Que por um instante vacilei!
Se por tanto tempo te esperei
Se pela vida eu vinha
E sem rumo certo a seguir
Quantas vezes em meus sonhos te busquei
E nesse mundo irreal
Quantas vezes tua boca tocou a minha
Quantas vezes teu corpo tocou o meu
Sempre no silencio de noites tão vazias
Perdi a conta de quantas vezes,
Nesse desencontro...
A sua ausência eu chorei
E em outro rosto
Em outra boca eu te procurei
Tentando enganar a mim mesma
Vivendo falsos momentos
Machucando-me ainda mais
E quando eu te encontrei
Num único vacilo meu
Você desapareceu!