*CANSADA DE SORRISOS FORÇADOSღ
Estou cansada, triste de sorrisos forçados
Conversas onde ninguém ouve ou quer ouvir
Onde todos queixam-se e ninguém tem razão
De máscaras, de fingimentos, mentiras
Choros paranóicos, de aparências ilusórias
Realidade construída, de sonhos, desilusões
Da crueldade e da curiosidade mórbida alheia
Orgulhoso desmedido sem vergonha
Estou cansada de gente falsa sem sentimentos
Cansada da tanta injustiça de tanta maldade
Que me deixa com um nó preso na garganta
Porque não consigo engolir todo o mal
Sinto-me cansada deste mundo de mentira
Falsidade e intriga, nos dias de hoje é muito difícil
Encontrar alguém que realmente queira o teu bem
É uma deceção, sinto-me cansada, neste mundo
De tanta maldade e futilidade.
Benditos sejam
Todos os meus inimigos
Eles pelo menos
Não me conseguem trair.
*
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
Sou uma sereia que anda perdida 🌹
Sou como um barco perdido
De um pirata adormecido
Que vive encantado pela sua bela sereia
Que canta nos seus ouvidos e gela-lhe o coração
A tempestade e o vento balançam o navio
Com o seu corpo vazio e sem emoção
Perdido de amor está pela bela sereia
Que não vê que está perdido
Neste mar encantado do seu amor e paixão
Lá vai a sereia perdida anda à deriva num barco
Sem rumo, nesta tempestade de amor e de desilusão
Levando consigo um coração frio, gelado
Com medo das palavras servir, partilhar, verdade
Liberdade, amigo, sorrir, falar, ouvir, dialogar
Compreensão, confiança, compaixão, ternura, amar
Anda à deriva, a nossa sereia neste barco sem rumo
Com medo das palavras fortes que tocam
O coração gelado que derrete com medo
Somos como areia e o mar, juntos e enrolados
Quero amar-te como as nossas bocas sabem amar
Queria ser uma sereia para ver as estrelas do céu
Beijar-te esta noite a saber a sal
Amar-te como os salpicos,de água salgada na tua pele
Encontrar-te no mar e perder-me na areia
Quero amar o cheiro a maçã da tua pele
O brilho dos teus olhos castanhos
O sorriso dos teus lábios da tua boca
A minha pele com a tua, os meus olhos nos teus
Os meus lábios em ti com cheiro a hortelã na tua boca
Sou uma doce sereia que anda perdida no mar.
🌸👒
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
*Perdi-me nas sombras na chuva ✿
Perdi-me nas sombras
Molhei-me na chuva
Desci ao inferno
Senti os seus horrores
Sombras perdidas na chuva
Onde abri feridas e rasguei as dores
Olho a janela
As gotas batem nos vidros
Sinto-me exposta aos temores
Perdi os sentidos e todos os amores
Corrói-me com o ácido no corpo
Porque ousei e desejei cheirar as flores
Jardim solto da minha alma
Desci ao inferno, senti os horrores
Perdi-me nas sombras, molhei-me na chuva.
Abra a porta
Para que entre
A luz da felicidade
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
✿RONDA DA ALMA*
Quanto mais escavamos mais profunda é a nossa escuridão
Que transportamos connosco em certas ocasiões da vida
Transportamos tempestades numa ventania submissa
Poema em compassos sem respirar sangue
Sepultam os ais de tantos sentimentos sentidos
Deixados na dura insensatez de uma surdez aos ventos
Lágrimas extintas numa primavera em prisão
Quimeras que se desvanecem nos bordados em festa
Jasmim perfumado que ficou no xaile de um pobre verso
Escavamos uma saudade numa memória sonolenta
Viragem mutilada no coração de quem sofre sem delírio
Se a solidão não me rondasse a alma pouparia muitas
Lágrimas perdidas venceria as tristezas no meu coração
Inventaria sorrisos sonhos perfeitos de ilusões esquecidas
De tantos sentimentos sentidos.
*
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
*REMENDO O MEU CORPO FERIDO♥
Remendo o meu corpo ferido
Visto-me de poesia
Onde coso e remendo
Com as linhas da lua
Coso com amor
Coso com paciência
Coso todos os trapos
Que me cobrem o corpo
Coso, remendo, rasgo
Esta desalinhada mente
Enquanto coso
Vou-me encostando a ti
Para não coser sozinha
Neste meu remendado passo
Das insónias em ponto cruz
Coso rasgo e remendo
Enquanto me deito contigo.
Quando a dor é demais
Bendito o amor que nos dá asas
*
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
✿A minha doce alma está sepultada*
A minha doce alma está sepultada
Esquecida, derrotada, aprisionada
A solidão é tanta
Que a angústia parece sufocar-me
Sufocada numa mente vazia
Que grita para ninguém ouvir
Cativa por medos
Feridas abertas que tardam em fechar
O desespero leva-te ao delírio
E o coração parece parar
As lágrimas que caem dos olhos
Queimam-te a face
Mas que fazer quando se perde o gosto pela vida?
Vou esperar até a tempestade passar
Afinal isto não vai durar para sempre, vou acreditar
Que a minha alma vai voltar a sorrir.
🌸
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
*HÁ EM MIM UM SILÊNCIOღ
Há em mim um silêncio
Uma agonia que me afecta
Que se esconde nos instantes
Perdidos dos dias de inquietude
Há em mim uma mágoa que vai ficando maior
Num longo triste e eterno percurso
Onde os meus escritos estão gravados
Na minha própria loucura talvez sã
Livro-me desta demência num velho livro
Já lido e gasto pelo tempo.
A gratidão é agradecer
O pouco que temos.
*
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
*REMANSO DE MIM ღ
Tenho receio de não ser eu
Fecho os olhos no escuro
Mergulho nas geladas águas
Das palavras no limo da dor
Angústias soltas no meu corpo
Colho no remanso as palavras
Desordenadas das águas frias
Que me afoga no excesso delas
Intensidade acorrentada de pasmo
Dores na memória tantas vezes
Água canalizada, lembranças de mim.
*
Quem sou eu? Uma sombra,
esquecida de mim mesma,
afogada de dor, na escuridão,
desta podridão da sociedade,
consumista, corrupta.!
Que sou eu?
cada vez mais sozinha,
com medo da vida,
com medo de viver,
à beira do poço cheio,
de água funda, profunda,
gelada, fria.!
Olho-me ao espelho e não sei,
quem sou, vejo os meus olhos,
que não são os meus secos, vazios,
como se visse a minha alma a arder,
nas trevas a pedir socorro, ajuda.!
Quem sou eu ??
Não sei, talvez alguém,
na solidão de um amor
Tenho que aceitar,
ser quem sou hoje e amanhã.
*
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
Quando a morte chegar as flores serão imortais🌹
Quando a morte chegar
As flores serão imortais
Os lameiros verdes e frescos
As fragas estarão escaldantes
Pois quando a morte chegar
O meu coração sentirá paz
Murmurarei uma canção
E as aves levarão a minha solidão
Para longe sem eu saber
E na mão de Deus descansarei
A minha alma
Quando a morte chegar
Sentar-me-ei num palácio encantado
Como numa escada estreita de ilusão
Entre um suspiro tímido de idos adormecidos
Quando a morte chegar
Espero estar pronto para recebê-la
Com a paz das flores na alma
E sem tempestades no coração desta minha partida.
✍ 🌼
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
ღOS OLMOS *
Andam pela luz do vento
Sem correr no tempo parado
Num mundano contemplar
Enche a boca num calão perverso
Para não chegar à alma
Profeta da essência mais mortal que os anjos
Que imita um mestre já morto
Mudo esse o seu mundo
Num rio que corre sem correr
Achado instinto de um dom
Sofridão que verte intensamente
A solidão sem poder ver a luz
Entre uma caixa deixada sem almas
De um poeta mudo, amordaçado na carne
Pela lua cheia entre as folhadas dos olmos
Onde se esconde com medo mas não dos lobos
Há em mim um místico sentimento
De felicidade nesta tela pintada pela natureza
Vista por fora e sentada me encontro
Olhando por dentro sentindo-me a flutuar
Nas cores que vejo e revejo na tela
Deixo-me voar por entre montes e vales
Caminho de terra batida na branca geada
Onde o inverno morre despido
Pela intensa neblina na serra de Bornes
E em cada degrau me há-de levar ao céu.
*
Isabel Morais Ribeiro Fonseca