Estou cansada de sorrisos forçados👒
Estou cansada, triste de sorrisos forçados
Conversas onde ninguém ouve ou quer ouvir
Onde todos queixam-se e ninguém tem razão
De máscaras, de fingimentos, mentiras
Choros paranóicos, de aparências ilusórias
Realidade construída, de sonhos, desilusões
Da crueldade e da curiosidade mórbida alheia
Orgulhoso desmedido sem vergonha
Estou cansada de gente falsa sem sentimentos
Cansada da tanta injustiça de tanta maldade
Que me deixa com um nó preso na garganta
Porque não consigo engolir todo o mal
Sinto-me cansada deste mundo de mentira
Falsidade e intriga, nos dias de hoje é muito difícil
Encontrar alguém que realmente queira o teu bem
É uma deceção, sinto-me cansada, neste mundo
De tanta maldade e futilidade.👒
Benditos sejam
Todos os meus inimigos
Eles pelo menos
Não me conseguem trair.
👒🎀
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
Sou uma sereia que anda perdida 🌹
Sou como um barco perdido
De um pirata adormecido
Que vive encantado pela sua bela sereia
Que canta nos seus ouvidos e gela-lhe o coração
A tempestade e o vento balançam o navio
Com o seu corpo vazio e sem emoção
Perdido de amor está pela bela sereia
Que não vê que está perdido
Neste mar encantado do seu amor e paixão
Lá vai a sereia perdida anda à deriva num barco
Sem rumo, nesta tempestade de amor e de desilusão
Levando consigo um coração frio, gelado
Com medo das palavras servir, partilhar, verdade
Liberdade, amigo, sorrir, falar, ouvir, dialogar
Compreensão, confiança, compaixão, ternura, amar
Anda à deriva, a nossa sereia neste barco sem rumo
Com medo das palavras fortes que tocam
O coração gelado que derrete com medo
Somos como areia e o mar, juntos e enrolados
Quero amar-te como as nossas bocas sabem amar
Queria ser uma sereia para ver as estrelas do céu
Beijar-te esta noite a saber a sal
Amar-te como os salpicos,de água salgada na tua pele
Encontrar-te no mar e perder-me na areia
Quero amar o cheiro a maçã da tua pele
O brilho dos teus olhos castanhos
O sorriso dos teus lábios da tua boca
A minha pele com a tua, os meus olhos nos teus
Os meus lábios em ti com cheiro a hortelã na tua boca
Sou uma doce sereia que anda perdida no mar.
🌸👒
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
O medo acorrentou o sentimento 🌻
Acorrentou o sentimento
Bloqueou o meu caminho
Apagou o brilho das estrelas
Esquartejou a minha liberdade
Afogou a minha mente
Amputou a minha alma
Escureceu o meu coração
Amordaçou a minha vaidade
Quebrou os ossos do meu corpo
Secou todo o meu desejo
Limitou a minha visão
Cegou a minha verdade
Acorrentou o meu destino
Travou os meus passos
Enforcou os meus pensamentos
Calou as minhas palavras
Esfacelou todos os sonhos
Matou tudo de bom em mim
Condenou as minhas lágrimas ao deserto
Esfaqueou o meu peito
Tornou a minha coragem em covardia
Selou a minha boca
Murchou as minhas flores
Quebrou as minhas memórias
No fim, o medo transformou-me num escravo.
Como eu
Gostaria de correr como os lobos
Para subir a serra
E gritar tudo que me sufoca.
🌷 🦋
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
*TRISTE SONETO✿
Triste soneto à morte prematura
Dirás que a vida cansa em amargura
No coração digo antes
Ferida rasgada de uma navalha
Vai a vida, tão mal gasta
Quando eu morrer, eu sei
Tu escreverás
Consciência que nos retalha
Triste soneto de uma morte prematura
O desejar, o querer, o não bastar
Dirás que a vida cansa em amargura
E, enganado procuras a razão
Pálido e frio, tu me cantarás
Que o acaso de sermos, justifique
Nas quadras, reflectido se lerá
De como, vã e breve, a vida expira
E como em terra funda, dura e fria
A vida, má ou boa, acabará
Eis o que dói, talvez no coração
Que a morte é um mistério
Onde tudo é fugaz
Contente por tê-lo escrito bem
Um triste soneto à morte prematura.
&
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
Oh morte de longas negras vestes, os lobos ✍
Oh morte de longas negras vestes
De garras afiadas, foice na mão
Oh amiga esperança que agarra a alma
Que acelera tão forte o coração
Granito polido, escorrido do céu
Soltam uivos de medo ou escuridão
Entre os lobos que anunciam a morte
Largam suspiros arrancados no peito
Capa sombria que lhe cobre o corpo
Fecundadas mágoas das dores sentidas
Lágrimas soltas caídas nas velhas eiras
Nas pedras frias que já cobrem os ossos.
✍
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
Sou um velho diário deitado no lixo 🌻👒
Sou um velho diário
Deitado no lixo
Na areia esquecido
Quando a dor não cabe no peito
Fica na alma e transborda de insónia
Sou um velho diário
De rosto estampado, calor
Fogo, alegria nostalgia e expressão
Sou música, palavras, frases
Um reviver, uma ilusão
Do presente e do passado
O meu diário é um amigo
É uma doce companhia
Pétalas de rosas entre as folhas secas
Numa bela recordação
Mas hoje querido diário será diferente
Vou sorrir e voltar a viver
Deste diário velho deitado no lixo
Que tanto amou deixou saudade.
Escrevo o que o meu coração vê
Mas a minha alma
Sente-se num jardim de belas flores
🌹🌻👒
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
Cantos da minha pobre alma 👒
Este grito que vem das minhas entranhas
Traduz em mim, numa dor tão grande
Alma em suspiros reprimida no peito
Desabafa a saudade em querer viver
Piso a antiga calçada de frias fragas
Com os pés descalços, num caminho
Que é longo, com os anos passados
No eco das frágeis asas com que voa
Já sem força e talvez já sem vontade
Tempo perdido no inverno que é frio
Na própria sombra onde olhamos sem
Conseguirmos sequer olhar para ver
Este mundo infernal que se está a tornar
Entre caminhos solitários que nos leva
De volta à loucura consumada de qualquer
Amor, tempo de diferentes caminhos
De noite já cansada nos cantos de casa
Procuro um ninho para os desejos da alma
Afogada nas lágrimas, balança na imensidão
Procurando nos cantos da minha pobre alma
Os que vivem nas sombras dos que eu já amei.
A dor plantou em mim
um belo jardim de rosas
☘👒🌹
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
Quando a morte chegar as flores serão imortais🌹
Quando a morte chegar
As flores serão imortais
Os lameiros verdes e frescos
As fragas estarão escaldantes
Pois quando a morte chegar
O meu coração sentirá paz
Murmurarei uma canção
E as aves levarão a minha solidão
Para longe sem eu saber
E na mão de Deus descansarei
A minha alma
Quando a morte chegar
Sentar-me-ei num palácio encantado
Como numa escada estreita de ilusão
Entre um suspiro tímido de idos adormecidos
Quando a morte chegar
Espero estar pronto para recebê-la
Com a paz das flores na alma
E sem tempestades no coração desta minha partida.
✍ 🌼
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
ღOS OLMOS *
Andam pela luz do vento
Sem correr no tempo parado
Num mundano contemplar
Enche a boca num calão perverso
Para não chegar à alma
Profeta da essência mais mortal que os anjos
Que imita um mestre já morto
Mudo esse o seu mundo
Num rio que corre sem correr
Achado instinto de um dom
Sofridão que verte intensamente
A solidão sem poder ver a luz
Entre uma caixa deixada sem almas
De um poeta mudo, amordaçado na carne
Pela lua cheia entre as folhadas dos olmos
Onde se esconde com medo mas não dos lobos
Há em mim um místico sentimento
De felicidade nesta tela pintada pela natureza
Vista por fora e sentada me encontro
Olhando por dentro sentindo-me a flutuar
Nas cores que vejo e revejo na tela
Deixo-me voar por entre montes e vales
Caminho de terra batida na branca geada
Onde o inverno morre despido
Pela intensa neblina na serra de Bornes
E em cada degrau me há-de levar ao céu.
*
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
Óculos escuros, caligrafia ao luar rude de afetos 💖
Óculos escuros, caligrafia ao luar
Tento escrever para não ter medo
De sofrer, de pensar, de amar
Partir as correntes, que prendem o silêncio
Grito ao vento, para não viver um inferno
O sofrimento que dura momentos
Dança nocturna feita em desenho
Na areia da praia, estratégia da alma
Ferida, magoada, saciada de desejo salgado
Ocultos sentidos de esguios instantes
Promessas alimentadas numa fogueira de cinzas
Rochas plantadas no coração rude infeliz
Sobre os pés de um pobre coitado, abandonado
Braços abertos, loucos de poesia
Sobre o regaço da imensidão
Mente fria, fechada, alheia a tudo
Luz que procria, que prevalece, na lucidez
Chama reflectida nas profundidades
Dos olhos cegos, doentes, disfarçados, massacrados
Nas ventanias do desassossego, arrancadas de dor
Solitária escuridão de um caminho perdido
No tempo esquecido de afectos sentidos de flores
De amores, de emoções, rude talvez de afetos.
💖🍁
Isabel Morais Ribeiro Fonseca