Um dia serás assim
Um dia, serás um grão de areia que já foi rocha,
Uma rocha, que já foi montanha.
Serás uma flor, que já foi arvore, que já foi floresta.
Um dia serás uma gota de água
Que já foi um lago, um lago
Que já foi um oceano.
Um sonho que vezes sem conta foi vivido,
Outras tantas desejado.
Mas nunca realizado.
Um dia serás uma simples letra,
Que já foi uma frase que já foi um poema
Como este que eu escrevo agora.
Um dia serás um segundo
Que já foi todo o tempo do mundo.
Pelo menos para mim
Um dia serás assim.
André Rodrigues
Descansa em Paz
Descansa em paz, ilusão.
não foste para o meu coração,
apenas para os meus sonhos,
na ingenuidade perdidos.
A mascará que caiu,
Nada fez, apenas destruiu.
Criou uma felicidade ilusória,
Por entre uma falsa história.
Eu, fui verdadeiro,
Dono dos meus sentimentos
sem glória nem segredos,
Amei, a sombra dum nevoeiro.
As brumas seguem o caminho,
Volto as costas... não era o destino.
Prossigo procuro mais que um momento...
Procuro as verdades no sentimento.
Essas que nunca irás encontrar.
Serás uma ilusão por isso... nunca saberás o que é amar.
PoetryFlow
Traição
O que é a traição, se não uma ilusão,
De uma doce paixão que já não existe.
Um sentimento que persiste,
Para além da razão de uma união.
Uma relação perdida, ausente de vida,
Que noutros lábios beija, outras palavras respira.
A dor que aquele corpo suado, transpira,
Chega aos braços de quem ainda acredita.
Palavras divididas, por entre a falsidade.
Dura é essa realidade escondida,
Que pelo amor é perdoado porque a dor dá-se por vencida.
O sonho preenche a doce mas breve continuidade.
Eterna, melancolia, preenchida pela nostalgia,
Daquele olhar repleto de felicidade.
Que tenta acreditar nas palavras antes ditas.
Mas desde aquela noite, que não sente a eternidade.
André Rodrigues
MUSA
Musa que caminhas
Pelos teus pés neste ser
Poeta que alimentas.
Preenches folhas vazias
Encontras palavras escondidas
Ensinas o ser... a ser
Poeta.
Ensinas a crer
O descrente que já não sente.
Fazes escrever loucamente,
Quem tinha largado...
As palavras de um passado.
O reencontro inevitável,
Das palavras com a tua pele.
E da folha de papel
Que já morta ressuscita.
A tinta escorre, e percorre
Labirintos dos teu sorriso,
Perdidos e encontrados
Nas palavras que sem palavras
entregas.
PoetryFlow
O PASSADO
Por que razão o passado não fica quieto no seu espaço temporal? Porque regressa para assombrar o presente, para assustar o futuro, para apagar a luz que finalmente tinha vencido a escuridão? Porque regressa, sempre, quando pensávamos que já tínhamos vencido aquele medo, ou esquecida aquela paixão?... O passado nunca tem uma pedra em cima, nunca estará cem por cento resolvido, nem desaparecido, muito pelo contrário, só aparece quando nós já o pensávamos esquecido. Faz o favor de aparecer para nos relembrar que na vida, nunca poderemos entrar numa porta, deixando outra por fechar, porque é por ai que o passado reentra na nossa vida, no nosso presente.
Se um dia acordar sem portas por fechar; se um dia caminhar por entre o passado sem medo de o acordar, possivelmente serei eu a acordar e a dizer: “Quem me dera que este sonho fosse realidade”. Em cada caminho que percorro fica sempre algo por resolver. Fica sempre uma porta por fechar, uma palavra por dizer, ou um silêncio para entender… Por vezes é mais fácil ignorarmos aquela porta… imaginarmos que está fechada, bem trancada, pensamos que assim resolvemos os nossos problemas, mas não vale a pena esquecer o passado: ele faz de nós aquilo que somos hoje, é a nossa base.
Os seres humanos têm capacidade para subir uns degraus e pensar que já conquistaram as escadas, mas quando caímos (aí sim!) vemos o tão pouco que subimos e que no fundo nada conquistamos a não ser uma queda. Se a entendermos, esta far-nos-á subir mais um pouco nesta vida.
O passado para mim é essa queda que faz-me sempre pensar: entre quedas e mais quedas aprendi a não ter vergonha do meu passado, mas sim orgulho! Porque ele fez de mim aquilo que eu sou hoje, e ainda faz.
André Rodrigues
As Palavras
Essas tuas palavras,
Ditas e repetidas.
Já não são compreendidas.
Entrega-te ao silencio das sílabas.
Não fales. Só por hoje,
Abraça o meu corpo cansado de brigas.
Recorda comigo quem um dia foste.
O cansaço dá-se por vencido,
Recorda as outras palavras,
Aquelas ditas no passado escondido.
Mesmo que tudo um dia acabe,
E que destas palavras só exista o desgaste.
Recorda por breves segundos,
Todos os momentos que amaste.
André Rodrigues
O teu Corpo
Nesta noite, de
Escuridão densa, e
de vida inerte
Procuro
A paixão intensa.
Encontro-te nua,
Deitada... desejada
Por este poeta.
Meus beijos,
Serão sementes,
Para o teu corpo
Que é a terra.
A minha mão
Que percorre
A tua pele, lavra
Palavra por palavra,
O prazer, a chuva
Que alimenta,
E que escorre
Através do meu toque,
O tempo,
São os meus braços,
Onde repousas,
Suada do prazer,
Que ambos
Nesta noite colhemos.
A Morte
Temo o esquecimento,
Não a morte.
Temo que julguem
O sentimento
Que depositei
Nas palavras que declamei.
Temo,
Que deste humilde poeta
Não reste uma letra,
De tudo que ele passou.
Dos versos de quem amou,
Das lágrimas que chorou.
Temo pelo esquecimento.
De não ser recordado.
Que as palavras
Vivam na memória,
De quem já se esqueceu,
Onde outrora, foram gloria
Para quem leu.
Não temo,
A morte nem a vida.
Temo o ser esquecido.
Por todo e qualquer individuo.
Não temo a morte,
(já conheço a sua Sorte).
Andre Rodrigues
Perdi-me
Não peças mais,
Nem menos.
Pois este é o tempo
Que possuo.
Aventura-te por ali,
Sem as palavras que desenhei.
Sem dor nem trunfos.
Já nem eu sei.
Perdi-me,
Encontra-me
Como quem se perde,
Por ali.
Segue-me,
Avança sem medo,
Pelos meus passos.
Na escuridão,
que tudo observa
Mas que nada vê.
Conserva,
A minha imagem
mesmo que perdida.
Perdoa, Recorda,
Procura,
Na natureza escura,
De quem se perdeu.
Naquele bosque,
A tua voz faz eco,
Já oiço os teus passos
Já sinto a tua voz.
Cada vez mais perto.
Não estou perdido.
Acabei de ser encontrado
Por quem também se perdeu.
André Rodrigues
Eterna Amante
Eterna amante,
Que mesmo distante
A distancia não se aproxima.
Nossos corpos juntos
Nunca antes separados,
Continuam lado a lado
Como um amor nunca antes achado.
Serão os teus lábios que beijarei,
Mesmo que seja outra que encontrei.
Será o teu doce corpo percorrido
Vezes sem conta na alma escondido.
Serás a palavra de paz,
Que mudará a guerra de quem espera
Por aquilo que nunca poderá ter.
Mas continua... e percorre a tua pele nua
Nos sonhos que continua a viver.
Serás a eternidade da saudade,
Nos teus braços preenchida.
Serás a ferida que sem sarar
Faz recordar o porque de amar.
Serás a minha eterna amante
Porque mesmo distante...
Fazes sentir amado.
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