Poemas, frases e mensagens de ramirodekali

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de ramirodekali

Espirito do vento

 
Espirito do vento

Vento que sopra em meu coração,
me leva no colo sem dizer para onde vai,
carrega memórias de tempos passados,
e vozes que ecoam pela eternidade,
são murmúrios de dor e sofrimento,
são cânticos de riso e felicidade.

Vento que sopra sem direcção,
girando em espiral, subindo e descendo,
desenha na areia seu retrato abstracto,
escreve nas nuvens seu nome em segredo,
e servindo de alimento ao fogo,
se torna a paixão que quebra o rochedo.

Vento que sopra na escuridão,
é minha espada, meu escudo e meu elmo,
é raio de luz, é meu guardião,
morada da força, que faz e desfaz,
que guia meus passos na vida e na morte,
é voz feminina, guerreira da paz.

Escrito e dedicado para Mãe Baby de Oyá.

Almada, 7 de Julho de 2009 © Paulo lourenço “Ramiro de Kali”



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Espirito do vento

O Olhar de Exu

 
O Olhar de Exu

Olhar penetrante, que rompe os sentidos da alma,
com olhos que tudo vêem, e dizem mais que mil palavras,
olhar de quem conhece os mistérios da criação,
com olhos raiados pelo silêncio do mar,

Olhar que carrega, a glória da palma,
com olhos tão cegos, irmãos da justiça,
olhar de fogo, que sustenta a razão,
com olhos tão fundos, maiores que o luar,

Olhar coroado da fúria mais calma,
com olhos cobertos de feridas abertas,
olhar que espelha, os segredos do coração,
com olhos que outrora souberam amar.

Lisboa, 27 de Dezembro de 2010 © Paulo Lourenço “Ramiro de Kali”

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O Olhar de Exu

CORAÇÂO CIGANO

 
Coração Cigano

Oh, coração valente,
oh, coração leviano,
oh, coração ardente,
és coração cigano.

Tua vida nunca é certa,
teu destino desconheces,
não és teu, nem és de ninguém.
Teu caminho, uma porta aberta,
és amado, mas não mereces,
vives só, mas tens sempre alguém.

Oh, coração sem alma,
oh, coração malandro,
oh, coração sem calma,
és coração cigano.

Pelo amor vives, pelo amor morres,
teus olhos negros, são quentes,
são frios, mostras alegria,
mas no fundo estás triste.
No quadro do tempo, teu rosto,
marcado por rugas, são rios,
cheios de amores que só tu viste.

Oh, coração em chamas,
oh, coração ladrão,
oh, coração que amas,
és coração cigano.

Coração cigano, tu nunca és feliz,
e quem te ama, sofre o mesmo destino.
Tu nasceste para amar, não para ser amado,
da chama cigana tu és de raiz,
viver sem passado, é o teu castigo,
não saber quem amas, é o teu fado.

Lisboa, 8 de agosto de 2004 © Paulo Lourenço "Ramiro de Kali"
...
* Este poema foi escrito e dedicado ao meu grande amigo Nelson Antunes.
"Coração cigano" porque o meu amigo tem origens ciganas, apesar de não seguir a cultura cigana. O poema, é realmente a maneira como eu o vejo e retrato a sua vida.

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CORAÇÂO CIGANO

MAR

 
MAR

Ó mar que tantos mistérios guardas,
o palco da vida tu és,
e anuncio da morte tu mostras,

quantas lágrimas em ti derramadas,
quantas histórias de ti narradas,
são feridas de sangue nas tuas costas.

Do mais valente ao mais fraco,
sempre foste o mais cobiçado,
e no fundo o mais mal amado,

mas é essa a tua grandeza,
pintada nas cortes da realeza,
aquele que jamais foi domado.

Almada, 24 de Janeiro de 2009 - Paulo Lourenço "Ramiro de Kali"
 
MAR

O pai que não tive

 
O Pai que não tive

Onde estás meu pai?
onde estás que não te vejo, que não te sinto,
onde está o teu colo que tanto procurei em criança,
onde está o calor do teu abraço, que não encontrei nas noites frias,
onde estava tua voz que tanto desejei que falasse comigo,
que me confortasse, que me guiasse, e que apenas me chamasse de filho.

Onde estás meu pai?
onde está o meu pai que vejo em sonhos,
que me afaga o cabelo e me limpa as lágrimas,
que é meu amigo, meu irmão, e eu mesmo.

Onde estás meu pai?
que a vida de mim separou,
porque não tive teu carinho?
porque não pude ser teu menino?

Onde estás meu pai?
que ainda hoje te procuro,
e ainda imagino um passado,
caminhando contigo a teu lado.

No meio da tempestade,
no seio da escuridão,
busco a chama da verdade,
e apenas desejo conhecer teu olhar,

talvez não te encontre jamais,
talvez não nesta vida,
mas tu existes pois sou parte de ti,
e chegará a hora e o dia de te encontrar.

Almada, 12 de Setembro de 2009 © Paulo lourenço “Ramiro de kali”
 
O pai que não tive

Perdoa-nos Jesus

 
Perdoa-nos Jesus

Perdoa-nos Jesus,
perdoa-nos meu pai,
não vencemos a maldade,
e te matámos na cruz,

Tínhamos ouvidos, mas não te escutámos,
tínhamos olhos, não víamos o teu caminho,
tínhamos coração, não sentimos o teu amor,

Perdoa-nos Jesus,
perdoa-nos meu pai,
mergulhámos na escuridão,
e te matámos na cruz,

Tínhamos boca, mas sempre te negámos,
tínhamos pernas, mas caminhavas sozinho,
tínhamos mãos, e não te ajudamos na dor,

Perdoa-nos Jesus,
perdoa-nos meu pai,
não aceitámos a verdade,
e te matámos na cruz.

Lisboa, 9 de Julho de 2010 © Paulo Lourenço “Ramiro de Kali”

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Perdoa-nos Jesus

Lisboa

 
LISBOA

Lisboa,
navego ao teu largo e te vejo da proa,
deslizo nas águas que foram teu berço,
outrora guardadas por teus canhões,

Lisboa,
famosa que eras nos tempos da coroa,
foste a mais bela e tão cobiçada,
que a morte batia nos teus portões,

Lisboa,
teu tão grande passado, pela história ecoa,
conquistas e feitos jamais apagados,
lembrados que são pela mão de camões.

Almada, 30 de Maio de 2009 © Paulo Lourenço “Ramiro de Kali”

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Lisboa

O tempo é do Tempo

 
O tempo é do Tempo
 
O tempo é do Tempo

Havia um rapaz que desde os seus tempos de escola, sempre quis estar á frente de tudo e de todos, ele estudava feito um louco para poder ser o primeiro de entre os seus colegas, a saber as matérias que iam sendo dadas, e a responder ás questões que os professores faziam. Ele não estudava apenas a matéria referente ao ano escolar em que andava, ele estudava também as matérias que iam ser aprendidas nos próximos anos, pois ele queria rápìdamente passar de ano, e não aceitava que houvesse colegas mais avançados. Ele não aceitava o tempo que demorava cada ano escolar, pois para ele era muito, e achava que nesse tempo podia fazer mais de que um ano.
Até o seu crescimento como criança que era, ele tentou acelerar, ainda nem tinha vestígios de pilosidade, e já tentava fazer fazer a barba ás escondidas, com a lamina e espuma de seu pai. Ele tinha de estar á frente dos outros meninos da sua idade, tinha de ser o primeiro a ter barba.
Enfim, ele nunca aceitou o tempo de cada coisa, e nunca entendeu que cada um, cada coisa deste Universo, tem o seu próprio tempo. E o tempo de um, não é o mesmo tempo de outro.
Ele foi crescendo, sempre com as suas guerras contra o tempo, e sem se dar por isso, não vivia o seu próprio tempo, pois estava sempre a querer viver um tempo que não era o seu.
Isso criou-lhe muitos problemas de cabeça, ele não vivia satisfeito, e nunca tinha conhecido a felicidade, pois ele nem tinha tempo para a conhecer. O que ele queria mesmo, era ser diferente de todos, e lá isso era...

Um dia, já na idade adulta, ele conheceu e entrou para um terreiro de Umbanda, pensando que ali encontrasse algumas respostas para os seus problemas.
Ele gostou, e foi ficando, iniciando o seu desenvolvimento espiritual, juntamente com outros irmãos do terreiro. Mas, mais uma vez, não soube viver o seu tempo, e mesmo depois de lhe ter sido explicado pelo responsável espiritual, pelos médiuns mais antigos, e pelas próprias entidades de trabalho dos médiuns da corrente, que não se deve questionar a evolução e o tempo dos seus irmãos, ele não aceitou viver o seu tempo. Tinha mais uma vez de estar á frente dos outros.
Então, o seu desejo de começar a incorporar as entidades, e de se afirmar perante os outros era tão grande, que ele começou a tentar mistificar que incorporava, e na hora do desenvolvimento espiritual atribuía ele próprio e mentalmente, dezenas de movimentos, expressões, e sons ás entidades, que nunca chegavam a incorporar, pois ele próprio não deixava.
O tempo foi passando, e ele foi vendo que os seus irmãos que entraram ao mesmo tempo que ele, uns até depois, iam desenvolvendo, recebendo aos poucos as suas entidades, confirmadas as suas linhas de trabalho e ordem para usar novas guias, e ele, por muito que mistificasse, por muito que pedisse guias de confirmação ás entidades de trabalho, não as conseguia enganar, e não passava do mesmo degrau.

- Que teria acontecido? pensava ele revoltado.
- Porque os outros me estão a passar á frente? eu sou melhor que eles, eu estudo mais que eles, eu mereço mais que eles...

Ele tinha esquecido simplesmente, uma das coisas mais importantes do ser humano, e uma das coisas mais importantes do mundo espiritual: Humildade.

Mas mesmo assim ele não desistia, e ele lá continuava, na sua revolta, com inveja e ciume dos outros irmãos.
E um dia, na hora do desenvolvimento dos médiuns, cansado de tanto mistificar, pois de nada adiantava. Sem pensar em nada, simplesmente com a mente no vazio absoluto, uma entidade incorporou nele. Era totalmente diferente, do que ele mistificava, e de uma linha de trabalho diferente àquela que ele tentou escolher para si. Finalmente ele tinha conhecido a força e a vibração de uma entidade de luz.
No fim do ritual, o dirigente espiritual deu-lhe os parabéns. E falou para todos, que no próximo dia de ritual ia confirmar no jogo de búzios, o Orixá de cabeça de cada um, pois queria que todos começassem a usar também as guias do Orixá de cabeça.
Ele sentiu o seu peito encher de alegria, pois não tinha apenas recebido pela primeira vez uma entidade, como ia ter confirmado o seu Orixá de cabeça. Mas lá bem no fundo, ele não tinha aprendido nada.
Vestiu-se e saiu dali a correr. Foi comprar fio e missangas (contas) de todas as cores que existem para os Orixás. Queria ser o primeiro a ter e a usar as guias de Orixá.
Chegado a casa, pôs-se a fazer todas as guias de todos os Orixás que ele conhecia. Não sabia, nem imaginava sequer qual poderia ser o seu, mas o que interessava, era que no próximo dia de ritual, as levasse todas prontas, para que assim que fosse confirmado o seu Orixá, pudesse logo colocar a correspondente. Seria finalmente o primeiro em qualquer coisa lá no terreiro... O primeiro a usar guias de Orixá.
Nessa noite não pregou olho, e trabalhou desesperadamente, fazendo guia atrás de guia... guia atrás de guia.

De manhã, foi encontrado sem vida deitado no chão, no meio das guias que estava a fazer. Tinha sido fulminado por um ataque cardiaco.

Nas mãos, segurava a ultima guia que tinha acabado de fazer... a guia do Orixá Tempo.

Lisboa, 27 de Abril de 2011 © Paulo Lourenço “Ramiro de Kali”

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O tempo é do Tempo

Ogum beira mar

 
Ogum beira mar

Vem vindo ao longe um cavalo branco,

correndo na areia bem junto do mar.

Cavalgando em cima,vem um belo guerreiro.

Salve meu pai! É Ogum beira-mar.



Vem me dar força,vem me dar fé,

e com sua espada me dá protecção.

Mãe Iemanjá sua estrela me guie,

e pai Oxalá me dê sua mão.

Levai-me consigo em seu cavalo,

Ogum beira-mar,meu pai valente.

A si meu pai entrego meu fado,

na minha vida estais sempre presente.

Protege seu filho meu pai amado,

me mostre sempre o melhor caminho.

Em troca eu ajudo seus filhos perdidos,

pois sei que consigo não estou sózinho.

Salve Ogum beira-mar!

Obs: Poema dedicado e escrito para Pai Pedro de Ogum pela data comemorativa de seu aniversário em 14 de Novembro de 2007Obs: Poema dedicado e escrito para Pai Pedro de Ogum pela data comemorativa de seu aniversário em 14 de Novembro de 2007

Extrato da obra "Orixás em Poesia" de Paulo Lourenço "Ramiro de Kali" Copyright @ 2008

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Ogum beira mar

Caracteristicas dos Orixás - Exu/Pombagira

 
Caracteristicas dos Orixás - Exu/Pombagira
 
EXU
“O guardião das trevas,
nunca deixará o devedor impune,
nem de amparar quem merece.”

Pai Exu, é o guardião dos caminhos, e das encruzilhadas. Vigia as passagens, abre e fecha os caminhos. É ele quem faz a comunicação entre os seres humanos e os demais Orixás. Quando se faz alguma oferenda e pedido aos Orixás, é Exu quem transporta a oferenda (essência) e a mensagem. É essa uma das razões, porque Exu deve ser sempre ofertado primeiro que todos. Inclusive nas casas de culto, Exu e Pombagira – seu complemento feminino, são sempre saudados e oferendados antes de se iniciar qualquer ritual.
Mas além de mensageiro, é Exu quem protege os médiuns e as casas de culto, de espiritos perturbadores, para que a caridade possa ser praticada durante os rituais, e durante o atendimento.
Exu e suas falanges, são os “soldados” dos Orixás. Cada Orixá tem o seu Exu ou Pombagira correspondente, que representa o seu pólo negativo, o seu representante ou serviçal nas trevas. E como cada Orixá tem várias qualidades dependendo do seu campo de actuação, para cada qualidade diferente há um Exu ou pombagira chefe de falange correspondente, que por sua vez comanda a sua enorme falange, que se vai dividindo hierárquicamente. Costuma-se dizer que cada Exu chefe de falange, comanda sete sub-chefes, que por sua vez cada um comanda mais sete, e assim se vai multiplicando sempre por sete. Sendo os que ocupam cargos mais altos dentro da hierarquia, os mais evoluidos, com mais luz e conhecimento, normalmente
chamados de “tronados” e “coroados”, e os que se encontram mais abaixo, são os espiritos sem luz e trevosos que foram recrutados, e lhes foi dada a oportunidade de evoluirem servindo a luz nas trevas.
Os Exus actuam no baixo astral, combatendo os espiritos trevosos e demoniacos, e são os responsáveis pela estabilidade e equilibrio nas trevas, sempre sob a luz da lei e da justiça divina.
Foram infelizmente sincretizados como diabos e demónios pela igreja católica, e não só. Actualmente existem algumas igrejas que os utilizam erradamente como rótulo da maldade, e responsáveis pelos males do mundo. Esta visão errada, deve-se em parte ao facto de que quando incorporados em seus médiuns, costumam falar de jeito maroto, dançam de forma sensual, dizem piadas, bebem álcool, e aceitam muitas das suas oferendas em encruzilhadas, juntando ainda o facto de usarem as cores preto e vermelho, que lhes dá ainda um ar mais sombrio.
As pessoas que são médiuns videntes, quando os veêm, conseguem ver que usam por vezes tridentes ou outras armas astrais, uma roupagem fluidica, e uma forma grotesca e assustadora. Tudo isso para intimidar e amedrontar, os seres do baixo astral com que têm de lidar.
Ora todos estes factos e relatos, incluindo seus métodos agressivos de actuar, fizeram com que Exu fosse representado como tendo chifres, pés de bode, garras, tridentes, e tudo de maneira a parecer o mais demoniaco possivel. Mas Exu não é demónio. Exu protege os encarnados dos seres demoniacos que vivem no Umbral mais denso e negativo. Exu é o braço armado de Deus nas trevas, é o policia do astral. Por vezes, sua maneira de actuar, pode parecer demasiado ofensiva e até maldosa, mas é necessário, pois os seres demoniacos das trevas não entendem outra linguagem. A picada de um escorpião, é combatida com o seu próprio veneno...
Hoje em dia, seu simbolo mais usual é o tridente, mas em África, ainda costuma ser representado como um falo, como era inicialmente. Representando assim, o aspecto sexual que possui, associado á copula e á virilidade.
Exu tem também o poder oracular, pois como se costuma dizer:
Exu tudo sabe, tudo ouve, tudo vê, e tudo transmite. É por isso muito procurado e apreciadas suas consultas quando incorporado em seus médiuns, pois logo vai falando e tentando arranjar solução para todos os problemas. Nas lendas Iorubás, foi Exu quem trouxe aos homens o Oráculo de Ifá – os dezasseis odus com que se joga o jogo de búzios.
É costume dizer-se, que Exu tem duas cabeças, uma que olha em frente e outra que em simultâneo olha para trás. E na verdade é quase isso, pois Exu vive na dualidade.
Sabe fazer o bem, mas conhece o mal. Serve os seus interesses, mas também o interesse alheio. Caminha direito em caminhos tortos, caminha torto em caminhos tortos, só não caminha direito em caminhos direitos.
Sendo Exu um elemento neutro, só actua de duas maneiras: ou activado pela lei maior e actua como agente cármico; ou activado pela magia.
Como agente cármico, é o responsável por esgotar o cárma dos seres, actuando sempre sobre as ordens dos amados Orixás, fazendo cumprir a lei e a justiça divina. Como agente mágico, actua quando é oferendado ritualisticamente, por quem conhece os mistérios da magia, actuando sempre na neutralidade, e declinando sempre as responsabilidades em quem o activou e lhe pagou. Mas neste caso, é preciso ver que existem vários graus dentro da hierarquia dos Exus, e quanto mais elevado o grau, mais conhecimento e luz possuem. Sendo que só aceitam trabalhos de magia para prejudicar alguém, ou interferir no livre arbítrío dos seres, os Exus que têm pouco grau ou nenhum. São Exus que não têm ainda luz, e não sabem a diferença do bem e do mal. Inclusive, na maior parte das vezes nem são Exus, mas sim Kiumbas – espiritos caidos, do baixo astral, que se fazem passar por eles para se saciarem com as oferendas. Os verdadeiros Exus de lei não aceitam estes trabalhos, pois têm conhecimento e luz suficiente, para entenderem que se o fizerem, estarão a ofender a lei maior e serão castigados, despromovidos nas suas hierarquias, e atrasada sua evolução. E se por acaso, alguém tenta activá-los magisticamente para estes trabalhos, eles se viram contra quem os activou.
Infelizmente estes Kiumbas farsantes de Exu e Pombagira, conseguem muitas vezes penetrar em rituais nos terreiros de Umbanda, Candomblé e outros cultos Afro, fazendo passarem-se pelo que não são, aumentando ainda mais a má fama de nossos irmãos Exus e Pombagiras.
Estas situações acontecem frequentemente, nas casas que não têm a protecção de Exus de lei como deveriam. Ora porque o dirigente da casa, é um pai ou mãe de santo farsante e a casa não tem fundamentos nenhuns, ou os que tem estão mal feitos e sem conhecimento; ou porque a própia casa, é muito dada e ligada a magias negras, e assuntos que nada têm a ver com a caridade e evolução espiritual.
Existem lamentávelmente, alguns casos tristes de actuações destes Kiumbas, pois conseguem tão astutamente enganar as pessoas, que chegam até a pedir sexo em troca de favores. Em geral, encharcam-se em álcool, gostam de vestir-se de maneira exageradamente sensual (quase despidos), fazem gestos obscenos e usam um baixo calão. Falam quase sempre em sexo, e gostam de se exibir, provocar e humilhar os demais, chegando inclusive ao ponto de exporem em frente aos outros, a vida pessoal das pessoas que vão em busca de ajuda.
É também verdade, que por vezes é necessário um Exu ou Pombagira, falar rude com o consulente de maneira a que leve um “choque”, mas um Exu ou Pombagira de verdade, em geral, fala só e directamente com a pessoa, procurando sempre ajudá-la, não fazendo nunca com que se sinta pior do que já está. Outra verdade, é que por vezes, e em algumas casas, os verdadeiros Exus e Pombagiras, deixam que os Kiumbas penetrem, criando “armadilhas”, para depois os capturarem e encaminharem na senda da evolução, segundo a justiça divina e a lei maior. Desmantelando em seguida esses terreiros, causando problemas, doenças, ou outras causas que vão afastando os médiuns, deixando os dirigentes sós e a contas com a justiça divina.
De qualquer forma, todos os seres que vivem do mal, ou fazendo mal a outros, vão ter sempre mais cedo ou mais tarde, o retorno do que fizeram.
Convém também lembrar, e em especial aos que são médiuns ou de alguma forma estejam ligados ao espiritual, que pela lei das afinidades, só pode atrair bons fluidos e espiritos de luz, quem de facto gerar em si sentimentos virtuosos e tenha acções nobres. Pois caso contrário, más acções e sentimentos negativos, só atrairão Kiumbas, maus fluidos, e espiritos trevosos.
Os seres do baixo astral, são alimentados pelas más atitudes, maus pensamentos e sentimentos dos seres encarnados, ou desencarnados. Cada mal que practicam leva-os para niveis mais baixos, provocando ainda mais revoltas. Alguns caem tanto, que perdem a consciência humana e os seus corpos astrais, e chegam a transformarem-se em figuras grotescas e horrendas.
Em geral, considera-se que no Umbral existem sete niveis negativos, sete camadas onde vivem e se purgam os seres trevosos. Considerando-se que as ultimas duas camadas mais baixas, estão na total ausência de luz, e são habitadas por seres demoniacos que perderam na totalidade a consciência humana. São estes seres que os Exus combatem principalmente, pois vivem na maldade pura, e sempre tentando capturar para as suas hostes mais espiritos caidos, levando a humanidade para a parte negativa.
Em outro aspecto, é Exu quem irradia nos seres a vitalidade, em especial o vigor fisico e sexual. Exu pode vitalizar, isto é, aumentar ainda mais as qualidades vibradas nos seres pelos Orixás, ou desvitalizá-las conforme as necessidades e merecimento dos seres. Um Exu, tanto pode punir o ser que se desvituou e se afastou da irradiação luminosa dos Orixás, desvitalizando-o e paralisando-o, esgotando o seu cárma. Como o pode irradiar e vitalizar, enchendo-o de força, de energia e vigor, caso o ser caminhe no sentido correcto da lei divina. Sempre protegendo o ser, sem nunca interferir no seu livre-arbitrio, congratulando-se quando o seu protegido caminha no sentido da evolução, e sofrendo sempre com as suas quedas.
A actuação dos Exus, Pombagiras e os amados Orixás, englobam tudo e todos. Não só as religiões Afro-Brasileiras, mas todas as existentes no planeta, pois todas têm o seu pólo positivo e o negativo. Como é lógico, têm diferentes denominações, consoante as diferentes religiões, zonas e culturas, mas sempre de maneira a que possam desenvolver as suas missões, na realidade material e nos planos subtis.
Apenas para terminar e dar um exemplo, na cabala judaica, os Exus têm nomes que derivam do latim e das religiões pagãs. Chamando por exemplo “Astaroth” ao Exu Rei das Sete Encruzilhadas, “Hael” ao Exu da Meia-Noite, “Fleuruty” ao Exu tiriri, “Belzebu” ao Exu-Mor, e “Klepoth” á Pombagira. Em alguns paises orientais, a Pombagira Maria Padilha é conhecida por “Shinji”.

POMBAGIRA
“Quem se deixar afundar no mundo dos desejos,
e beber o veneno da luxúria dos sentidos,
tornar-se-á no seu próprio escravo.”

Pombagira ou Bombogira, é o Exu feminino, complemento do Exu masculino. Dos sete Exus chefes de legião, apenas um é feminino, dai ter ocorrido uma inversão deste conceito, dizendo que Pombagira é mulher de sete Exus, sendo por isso prostituta.
Os Exus são nosssos irmãos, e já tiveram as suas encarnações como humanos. Por isso, é perfeitamente normal que possa ocorrer, que uma ou outra, dentro das várias falanges de Pombagiras, possa ter sido prostituta em sua ultima encarnação. Agora, não se pode generalizar todas por igual, apenas porque uma foi “mulher de rua”. E nem mesmo a que tenha sido, merece que a chamem assim, pois além de ser nossa irmã, está em outro grau de evolução que nós não estamos, e trabalha em prol da humanidade. Agora, como os seres humanos são peritos em distorcer e inverter as coisas que não entendem, facilmente encontramos em algumas casas de culto aos Orixás, em dias de ritual de “esquerda”, médiuns femininas completamente vestidas como prostitutas, ás vezes quase despidas. Não porque as suas Pombagiras o tenham sido, mas sim pelo conceito errado que têm delas, e muitas vezes também, para extravasarem os seus própios desejos intimos, impressionando os menos esclarecidos com gracejos, malabarismos, convites imorais,e falando em baixo calão, aproveitando a imagem já criada.
Estes médiuns, tanto femininos como masculinos, são aquele tipo de gente que são desprovidos de qualquer qualidade nobre. São pessoas sem escrúpulos, moral ou ética e que se aproveitam da imagem distorcida de Exu e Pombagira, para exteriorizarem o seu verdadeiro “eu”. Em geral estas pessoas, acabam caindo no ridiculo, ficando desacreditadas, e segundo a lei das afinidades, acabam sendo envoltas pelos obsessores, caindo em tormento por parte destes.
É certo que Pombagira costuma demonstrar alegria, falar como uma pessoa vivida, e dançar sensualmente. Mas não devem ser confundidas as coisas, pois ela lida com a sexualidade das pessoas presentes, para as descarregar do excesso desse tipo de energia, e não para se exibir ou para ser idolatrada.
A função das Pombagiras está ligada á sensualidade, tentando direccionar as energias sexuais dos seres para a realização e a conquista de coisas nobres.
Como complemento do vigor e vitalidade irradiados por Exu, irradia o desejo nos seres. Além de irradiar o desejo sexual necessário e equilibrado, irradia também o desejo de ter uma vida melhor, de evolução, de prosperidade, de crescimento espiritual, e de todo o tipo de sentimentos virtuosos e nobres.
Como qualquer Exu, são também esgotadoras do cárma e conhecedoras da magia. Incorporadas em seus médiuns, dão consultas e “passes”, tentando sempre ajudar quem as procura. Ganharam infelizmente, a fama de roubarem maridos e mulheres, e destruirem casamentos e uniões, para quem lhes peça e lhes pague. Ora, tal e qual como já afirmei, não vale a pena repetir novamente, quem são as entidades que aceitam esse tipo de trabalhos. Pombagira conhece sim, o coração e os sentimentos dos humanos, podendo ajudar a resolver problemas conjugais e sentimentais, mas sempre sem prejudicar quem quer que seja.
Tal como os Exus, usam a cor preta e vemelha. Seu simbolo é um tridente com os garfos em curvatura. E seu dia da semana consagrado, é tal como Exu, a segunda-feira. Têm também a função de guardiões da lei cármica. E em seus trabalhos, tal como os Exus, cortam demandas, desfazem trabalhos e feitiços de magia negra, e ajudam nos descarregos e desobsessões, retirando os espiritos obsessores e trevosos, encaminhando-os para a luz, ou para onde possam cumprir suas penas em outros lugares do astral inferior.

Imagens e texto extraidos do livro: " Orixás em poesia " de Paulo Lourenço (Ramiro de Kali) Copyright © 2008

BLOG DO AUTOR: Paulo Lourenço "Ramiro de Kali"
 
Caracteristicas dos Orixás - Exu/Pombagira

Irmão Querido

 
Irmão Querido

Mano,
és o meu companheiro no barco da vida,
és o sal e eu a água,
és o sol e eu a lua,
és a metade que eu não sou,

Mano,
és o leme quando estou á deriva,
és o sorriso na minha mágoa,
és o guardião da minha rua,
és a presença quando não estou.

Mano,
tenho saudades de quando brincávamos,
eras o indio e eu o cowboy,
eu era o bom e tu o vilão,
eras metade da minha alegria,

Mano,
tenho saudades de quando sonhavámos,
queriamos ser um super-herói,
queriamos ter o mundo na mão,
queriamos viver nossa fantasia.

Mano,
hoje só me importa que estejas bem,
que sejas feliz em teu caminho,
e seja qual for aquele que seguires,
só quero que tenhas a maior sorte,

Mano,
gosto de ti como ninguèm,
tens meu amor e tens meu carinho,
tens tudo de mim sem nunca pedir,
és meu irmão,na vida e na morte.

* Poema dedicado e escrito para o meu unico irmão

Almada, 27 de agosto de 2008 © Paulo Lourenço “Ramiro de Kali”

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Irmão Querido

Paulo Lourenço "Ramiro de Kali"
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