Poemas, frases e mensagens de ParadoXos

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de ParadoXos

Diverso

 
A verdade, seja ela qual for, vou devolvê-la ao rio devoluto no fundo dos teus olhos. Pode ser que os meus, cansados de te amar à primeira vista, se transformem em horóscopos d´água e se deixem ficar, por mais uma noite, límpidos. Se tal não acontecer, paciência. Porque tu, amor, tu e todas as máscaras pintadas a lápis de cor, são bengalas que se movem sozinhas dentro dos meus passos, são insónias que hão-de amadurecer e cair de sono à cabeceira da cama, quando elevarmos a verdade ao infinito e não restar outro caminho, senão apelarmos à memória para nos salvar da indiferença.
 
Diverso

Redundansiedade

 
Redundansiedade
 
Pesa-me tanto o sono dos teus olhos. Dá-me um grito para me calar. Mesmo sabendo que o silêncio cabe no intervalo entre duas vírgulas.
 
Redundansiedade

ParadoXos

 
ParadoXos
 
Contagia-me com as tuas asas. Voa-me todo de uma vez ou cai a pique no poema côncavo que cavo aos poucos. Porque se há coisa que não desejo a ninguém é ter insónias na voz e engolir o timbre dos búzios em dó menor.
 
ParadoXos

Incólume

 
Dezembro-me como se fosse hoje. Flocos de lenha derretiam-se na lareira tentando calar o frio. Lá fora os ramos sacudiam o vento perante a dança inquieta das folhas. Assobios pingavam em forma de música como se cada gota pudesse remunerar o coração com sopros mágicos de lume. Em troca de nada.Dezembro-me como se fosse hoje. Flocos de lenha derretiam-se na lareira tentando calar o frio. Lá fora os ramos sacudiam o vento perante a dança inquieta das folhas. Assobios pingavam em forma de música como se cada gota pudesse remunerar o coração com sopros mágicos de lume. Em troca de nada.
 
Incólume

INTERR0GATÓRIA

 
E se guardássemos o sol nos bolsos, com que mãos haveríamos de amachucar a luz como se fosse uma folha de rascunho em véspera de poesia?

Pergunto-te.
 
INTERR0GATÓRIA

Poema visual

 
Poema visual
 
 
Poema visual

360 graus de Amor

 
Não quero poesia nos meus poemas sobretudo aquela cuja pele é farrapo e cansaço e gume e pulso e âncora inútil ilusão. Talvez poesia seja só pretexto para arrastarmos as palavras connosco. Sim. Arrastar palavras pelo braço de uma frase e de repente apagar a frase e o braço e largar fonemas a pique de encontro ao coração metáfora. Talvez. Talvez não queira palavra nos meus poemas só por haver silêncios que nos quebram a fala. Talvez não queira poema na minha poesia só porque tenho coisas imaginadas em horas de não ter mais nada que fazer.

Poema não quer ser poesia quando te sentas à porta das palavras à espera que entre um verso e outro verso entrem pela janela frases perfumosas que não saem nem amar-te lada. Talvez o amor não queira ser diminutivo tão rapidinho tão ilusãozinho tão pouquinho até no tamanho. Talvez isto seja só a minha âncora farrapo palha falhaçada inútil amassar de pão que como em dias tão nossos como ninguém.

As árvores e as aves as sombras e o ombro que te encosto à cabeça. São protestos de te dizer em voz doce: Colmeia-me o silêncio pólen de poesia. Pedra-me sete pétalas na mão e atira-me o primeiro enxame que encontrares preso à ponta de um ramo. Dorme trezentos e sessenta graus de amor em vez de borboletar asas onde não tens queda para o voo. Alma-me a torto e a direito como uma manada de búfalos correndo desenfreada. Poema-me segredo ao ouvido num movimento leve de vai e vento. Chove-me com saliva enquanto a poeira não assenta e eu escrevo. Pesa-me tanto o sono dos teus olhos. Dá-me um grito para me calar. Dor-me. Não me doas o optimismo que dou ao mundo mesmo sabendo que o abismo cabe no intervalo entre duas vírgulas. Alegria-me com lágrimas de estimação inventa outra alegoria com barquinhos de ver passar. Luz-me clarão aceso pintado cor de areia. Rio-me com mar nos lábios para pôr as ondas no gerúndio. Caminha-me descalça com as mãos presas à vida onde sou ida e volta de uma viagem inadiável. Melodia-me com voz de vidro a partir mas antes de abateres a porta deixa dois ou três beijos para eu ir beijando monolabialmente.

És a sanzala. És o chão. És pulseira. És missanga. És brinco com versos pendurados. Brinco descaradamente sobretudo quando palavras não querem ser poesia. Brinco preguiça de poema com cara de quem acordou dum sono em que não dormiu ou brincou. Brinco. Mas nunca o mau gosto de trincarmos dias que passam sem deixar rosto no corpo. Só porque és o chão. És o caminho. Escrita. Escama. Esmola. Estudo para mim. Porém. Livra-me do livro dos teus queiciumes. Tu. És tudo. Sobretudo. Esperança.
 
360 graus de Amor

PARADOXOS

 
Manda-me de volta todos os beijos que não demos na hora da despedida que nunca existiu. Manda-me um só momento que sirva para resumir todos os instantes provisoriamente eternos, devolve-me a metade de ti que me pertence, a peça do puzzle que inventei para me entreter enquanto exploro os meus excessos à flor da pele, enquanto culpado me confesso do silêncio audível no interior da tua boca.

Poema?
Devolve os sorrisos que não partilhei com os teus lábios. Reaparece, grita-me a tua ousadia, cospe-me no rosto e no resto que sobra de mim, vomita os fantasmas que coloquei nos teus sonhos, arranca de mim os filhos que não me deste, morde, trinca, beija este corpo com bofetadas. Isto é amor. E se não for, então que se lixe!!

Que se lixem as rosas que não te ofereci, que se lixem as lágrimas que bebi do teu olhar, que se lixem as recordações na reciclagem da memória, que se lixe o vazio que escrevo, que se lixem os instantes provisórios, os beijos, a despedida, o puzzle e eu. Mas, por agora... imploro-te...
Apaga no coração as mil vezes que te matei sem te avisar e as vezes mil que não te amei e escrevemos utopias eternas nos lençóis!!
Poema?

Rasga-me os sentimentos que já não sinto, as pétalas, os ramos, o pólen, as raízes, deita fora todas as emoções que já não penso e guarda os espinhos para te acariciarem a epiderme e dorme sem que a tua boca cuspa uma lágrima, enfurece-te carinhosamente, corta em fatias essa overdose de esquecimento, anestesia o meu choro com beijinhos mesmo que não sentidos.

Poema?
Engana-me na única verdade que é acabar e regressar ao pó e quando estiver deitado, grita-me que não morri!!
Poisa em mim como uma tempestade de orgasmos organizados por desordem alfabética. Empresta-me o tempo que não tive para te dizer o quanto demorei para encontrar o ponto onde começa e termina a eternidade que se encerra numa hora onde não cabem sessenta minutos de realidade. Uma hora onde não cabe nada que não seja sublime como a tua doentia solidão enterrada no solo árido deste fragmento poético quase tão ofensivo e obsceno como o dono dele.
Meu poema... meu amor...
Empresta-me um sonho que não seja meu, uma mentira pequenina para me aliviar a espera. Uma mentira, dessas que não magoa mesmo quando se tratam de verdades violentamente incuráveis como uma despedida para sempre. Para sempre e por hoje, empresta-me um alfabeto diferente. Cansei-me de dar nas vistas sempre com os mesmos disparates. Cansei-me de ti que ingenuamente apenas serves para me fazer sorrir de nervos, tão assim, mais ou menos isto ou tão míope, que só visto. Tão ausente, tão desatento, tão alheio, tão filho da mãe como a vida, às vezes. É!!

A morte é a incurável certeza que nos mantém vivos!!

Se alguém duvidar, então ressuscitem-me deste sono, atirem a primeira, a segunda e a terceira pedra e deixem-me descansar na sétima noite da minha ausência para que no final possas perceber que é tarde para me proibires de sonhar...

E isto será sempre amor! Mesmo que as palavras doam, será, mesmo que não seja nada. Será, mesmo que pareça um desmaio voluntário, um recém-nascido à espera de um espancamento fraternal que lhe desperte o primeiro choro. Isto será sempre amor, uma teimosia tragicamente razoável que excede as utopias que deambulam à volta da tua imperturbável apatia. Será o que tiver que ser portanto, empresta-me uma catástrofe de miminhos, o desastre afectivo das tuas quimeras, devolve-me o alicate, o serrote, os martelos, as enxadas, a guilhotina e, já agora, os bisturis, preciso de uma cirurgia emocional, que arranquem de mim o teu suor e me deixem ficar apenas a esperança e o lapso de ser imaturo porque de real só me resta a discreta verdade da fantasia.
 
PARADOXOS

Diminuto

 
Fazer um minuto de poesia
como se o silêncio doesse mais alto
que as próprias palavras.

Repetir incansavelmente o mesmo verso
até que o poema se canse de ser diferente.

Amormecer no teu colo
e poesiar-me por todos os lados
enquanto as sonolências perto da tua voz
me dizem baixinho, muito baixinho
quase em segredo:

Poesia
é o prazer que nos acompanha
quando se escreve em legítima defesa da solidão.
 
Diminuto

Finituridade 

 
 
Se há coisa que não desejo a ninguém é descascar as nuvens como se laranjas fossem gomos de chuva descendo pela espinha dor sal do mar.

Isto é só poesia. Eu sei.

Morde na minha boca as palavras que se calam nos teus lábios carmudos. Água-me a sede desse doer tão doce. Sim. Isso mesmo. Molha-me. Traz-me um copo cheio como se tivesses soluços no olhar. Lavra. Cultiva-me. Ser penteia os sentimentos. A respiração e a folha em branco em cima da mesa. Não sei porquê. Acho-te mais poética com o cabelo desarrumado.

Enquanto os braços se renderem aos sonos que trazes colados no rosto.

Apanha as pegadas espalhadas pela casa. Amor. Pega-me ao colo com a força da tua vontade. Não quero amarrotar o chão com os meus passos. Se os caminhos continuarem a passar de que nos vale ter tanta pressa? De que me vale. Amor. Tocar a sílaba tónica por entre os dedos ou manchar lençóis com silêncios em contrabaixo ou chamar pelo teu corpo para me ajudar a desmanchar a cama?
 
Finituridade 

Poesiema

 
Escrever poesia é bater palmas com as mãos cheias de silêncio.
 
Poesiema

Escasso infinito

 
Quando os gestos regressarem ao local das mãos, descasca gotas de água como se fossem gomos de amor abandonados à beira da cama.

Não pendures palavras em varandas de papel enquanto não aprendermos a despentear o sono com pingos de ar fresco.

Quando os gestos regressarem, por favor, abre as mãos e multiplica por trezentos e sessenta graus de infinito, o prazo que te deram para ser feliz
 
Escasso infinito

Caminho

 
Que caminho é esse que nos faz andar de um beijo para o outro à procura de um abraço?
 
Caminho

Poema Visual

 
Poema Visual
 
Se te perguntarem quem descascou as pedras e hoje atira os seus gomos contra os rios que se recusam a fazer amor com as palavras, diz-lhes que não estou. Saí. Fui mergulhar as mãos noutro lugar perto da tua ausência. De que serve, agora, tentar escrever uma gota d´água sem molhar os dedos?
 
Poema Visual

Paradoxos 2

 
Acariciar-te a sangue frio sem lubrificar a minha língua, domesticar os teus gritos no crepúsculo em brasa no teu olhar, ser vegetariano e antropófago na ausência dos teus lábios,

Quem?

Detectar os pontos essenciais do teu corpo protegido com arame farpado, arrancar as raízes que te prendem ao olhar choramingas com o qual desfilas nas ruas, armadilhar as tuas ilusões com um sopro de ironia e algum erotismo gracioso,

Quem?

Ensaiar um sorriso diante do espelho, ensaiar uma declaração de amor, sair de casa esquecendo o sorriso no espelho e a declaração no interior das cordas vocais e, de repente, ter que improvisar o espontâneo diante da realidade feroz esplendidamente fértil,

Quem?

Semear um relâmpago nas nuvens, agarrá-las pelo colarinho, esbofeteá-las até ressuscitarem as lâmpadas fundidas do teu talento para reinventar um novo amor,

Sim, quem?

Hei-de descobrir o endereço dos teus segredos ilegítimos, hei-de largar esta abstinência de ti e deixar-me desviar pelo vício de te proibir a respiração com golpes de poesia, hei-de passear por ti em sentido inverso, distribuir-te o melhor papel na encenação, coagir-te com meiguices a representar que não estás a representar quando a tua boca deita fora um beijo em minha direcção, sepulta-me os destroços da minha sombra, corrige os traços oblíquos do meu rosto,

Quem?

Logo pela manhã, pentear-te o cabelo, os delírios, as lágrimas, a solidão, a voz hesitante, o corpo todo despenteado, o sono descabelado, o pijama enrugado, logo pela manhã, não ser vulgar, ser obsessivamente cúmplice das noites remuneradas com a tua carência afectiva, trair-te com outra, sim, seduzir uma outra fracção de eternidade, atrair-te ao folclore de palavras com alma, vazias por dentro, fragmentar o medo de te ouvires a ti própria, impedir que em mim se infiltre o teu suor, a metamorfose dos teus presságios de esperança e…

Quem?

Quem te vai relembrar a razão da tua vida quando não mais tiveres razões para recordar a tua memória? Quem irá preencher a textura do teu vazio trágico quando de ti o mundo ficar cheio? Quem irá dar sangue aos teus versos quando a inspiração te fugir do peito? Tirar fotocópias aos sonhos demitidos a meio do caminho, quem? Quem vai? Ler as palavras contraceptivas que fizeste desabar no útero dos poemas, ler-te sonetos quando tu desaprenderes a ler com as sensações, quem? Adivinhar as tuas mãos quando os teus dedos se fecharem, quem vai olhar por ti o mundo quando os teus olhos avistarem o deslumbramento absoluto, quem te vai amar e desamarrar dos paradoxos deste silêncio audível nas folhas em branco?
 
Paradoxos 2

SILENCIÁRIO

 
Agarra-me! As palavras doeram-se. Por agora o poema é o lugar onde adormeço quando não consigo escrever o sono. Agora é inútil engolir versos como se fossem beijos. Em seco. Em delírios que se curam à chapada. Em poesia que poisa em nós quando o mundo não está. Em carícias silvestres que te arranco das mãos para plantar na pele da água. Em poemas que falam quando os homens neles se calam a si próprios.
 
SILENCIÁRIO

Fotopoema

 
Fotopoema
 
 
Fotopoema

Cada um escreve com a solidão que tem!

 
As metáforas também servem para mascarar a ausência de imaginação porque mesmo inventando não estás a criar nada de novo. Apenas a invencriar o ridículo que existe em palavras arrumadinhas por desordem alfabética.

Cada um escreve com a solidão que tem!
 
Cada um escreve com a solidão que tem!

POESÍSSIMO

 
Dá-me um abraço sem que os meus braços te peçam. Belisca-me o sono e a voz como te ensinei. Busca os retratos que atirámos no lugar da roupa suja como se neles fosse possível lavar o odor do cansaço. Pede-me em amor. O coração pode estragar a beleza de um poema quando fazemos mau uso das palavras. Repito.
Despede-me em ti!
Nenhuma flor chegará às tuas mãos a não ser aquela que inventámos para germinar no entulho dos sonhos.
Desta vez. Garanto-te!
Deixarei o teu vazio à disposição de quem quiser encher as mãos com horas fora do prazo de validade. Não vou mais pendurar minutos em pêndulos preguiçosos ou beijar-te ficar sozinha na sala de espera cruzando palavras usadas. Não vou mais fotografar retalhos como um ser que dói da mente captura memórias por arrumar.
Desta vez. Mesmo sabendo que não se pode ser amado à custa de um poema serei grato à poesia por não nos ter transformado em dois corpos sem uso.
 
POESÍSSIMO

Amormecer

 
Amormecer
 
 
Amormecer