Noite
"Não quero acordar
Não é a hora (nunca e nem agora)
De deixar nosso amor partir.
Corta o silêncio, meu bem, com seu suspiro doce
Pois ao meu lado há um vazio
Que o tempo não acalma.
- Acorda, diz a noite, pois fui feita para os amantes
Acorda para a verdade, pois seu amor já deu a hora."
Desabafo
"Hoje escrevo para te dizer que descobri alegria em mim.
Lembra? Como achastes estranho esse fato?
Agora nem mesmo eu me lembro.
Parece um sentimento distante, sem cheiro, sem cor.
Que bom... esquecimento da dor.
Raro, mas libertador!
Encontrei outras coisas também.
No silêncio, minha força.
No presente, meu futuro.
Na solidão, a mim mesma.
E fiquei surpresa com essa minha pessoa.
Sabe há quanto tempo não pensava no singular?
Eu, Meu, Ser - COMPLETA!
Fazia tempo e a saudade de mim já era tão forte que nem parecia mais estar aqui.
Como quando o óbvio é difícil de ver, de sentir.
Faz parte, está ali, sempre esteve (ou não?).
Não há tempo, meu bem.
Chega de questionar ou tentar entender.
Para que estressar a rima?
Forçar a prosa?
Desatar o poema?
Não, meu bem.
Tenho tanto tempo e tão pouco para mim mesma.
Essa pessoa que acabei de conhecer sem ti (e apesar de ti).
Estranho... libertador!
Que ironia... logo eu que sempre achei graça em estar presa."
D.
"Eu quero te dizer
Que meu peito agora é todo desilusão
Que não há nada para lamentar, além da canção.
Lembra da canção?
Que alguém escreveu e não foi para mim
Mas que falou ao meu coração
Como seus beijos nunca fizeram.
Eu digo que é adeus
Pois saudades eu já sinto ao lado seu
É que há tempos você se foi e eu fiquei
Fiquei presa a sonhos somente meus.
Sei que posso me acostumar
Com a solidão ao lado teu
Mas é mais triste amor, eu sei...
A prisão nos braços seus."
Essa sou eu
" Que delicia voltar a escrever e por para fora tudo o que eu sinto.
Um desabafo sem preconceitos ou julgamentos, apenas palavras soltas ao vento.
Que delicia poder dizer que sofri por amor, que chorei sem pudor e implorei você para mim.
E que não sinto vergonha das noites mal dormidas, pensando se você era todo somente meu.
Que delicia poder assumir, assim, sem pudores, as caricias que gentilmente me fiz em seu nome, imaginando seu corpo junto ao meu, seu cheiro, seu gosto.
E gosto mais ainda de assumir as inúmeras noites de amor em que apenas o peso do seu corpo me levou a gemer... e aquelas noites em que meu êxtase foi acompanhar o seu.
Não me importo de mostrar minhas frescuras, minhas manhas, de ser somente sua princesinha.
Que delicia não me importar com um possível leitor e suas censuras sobre minhas mais intimas declarações.
Desnudo-me como faria em nossa cama, sem receios... conhecedora do meu corpo por inteiro - das minhas nadegas ao pescoco - das minhas curvas e declinios, orgulhosa de cada trecho.
Pois essa sou eu, meu amor, sua pequena... sem maquiagem ou teatros, sem aparências ou cargos.
Essa sou eu meu amor...
Mas me faça um último favor...
Guarde segredo."
Expectativas
"Grito em silêncio
Dentro do peito
Quieto e manso
O sofrimento passa por mim.
Como posso dizer
Se é no peito ou na alma
Que minha mente se perde
Distante e fria.
É somente um branco
Um vazio
Um sopro solto entre lábios partidos.
Não quero chorar...
Não posso chorar...
Meus olhos estão perdidos
Num futuro imaginado
Em um passado já esquecido.
Não há mais dor
Apenas silêncio...
E um peito cheio, carregado de lembranças
De desejos
De expectativas...
As mal (bem) ditas expectativas.
Sim, são elas e nada mais."
Se Deus brincasse - O Homem Vitruviano (Hittler e Chapplin)
" O que seria da Historia de Deus brincasse com a proporção.
Se brincasse de unir dois bigodes em uma mesma nação.
Se brincasse de equilibrar as emoções do riso e do choro, da força e da gentileza.
Se brincasse de trazer em um único homem toda a possível beleza.
O que seria da humanidade se Deus brincasse com as perfeições.
Se brincasse de juntar a capacidade única de influenciar multidões.
Se brincasse de abrandar o olhar do tirano com a doçura do vagabundo.
Se brincasse de transformar duros corações e um único doce coração no mundo."
Janela
" Desvendar o mundo
Desbravar a alma
Acalmar o mar.
Mergulhar bem fundo
Buscar a minha vida
No amor em seu olhar."
Testemunha
" Não precisa se sentir assim meu bem,
Como se o mundo fosse tão grande que seria capaz de lhe engolir.
Como se não fizesse diferença uma vida a mais,
Como se as pessoas fossem apenas mais um número de CPF.
Não meu amor, não se sinta assim.
Hoje eu faço uma promessa, de que nossas vidas serão marcadas pelo olhar carinhoso de um na vida do outro.
Faço a promessa de ser sua testemunha, a mais fanática delas.
Sim meu amor, faço a promessa de que sua vida terá um propósito,
E de que eu estarei lá para que tanto amor não seja apenas mais um, mas seja o nosso amor."
Serenidade (sonho)
"Tenho um sonho recorrente onde me afogo em um mar de azul intenso.
Mas não estou me debatendo, lutando para viver.
Apenas estou ali, flutuando, sem respirar (sem precisar disso).
E me sinto leve, com o coração preenchido e tranqüilo e com a mente limpa, vazia.
Eu não penso, não tento entender.
Apenas sinto.
E o que sinto é paz (ou acho que é isso).
Pois estou feliz, mas não do jeito tolo de felicidade, aquela em que damos gargalhadas e a adrenalina é disparada pelo corpo todo.
Não. Minha felicidade é plena, sutil, suave e não depende de mim ou de alguém ou coisa qualquer.
Ela existe por si mesma.
E nada mais importa.
Estou serena, como raramente consigo estar acordada (viva).
Será assim a morte?
Um desprendimento de tudo e todos e de nós mesmos?
Tenho um leve sorriso no rosto.
Discreto, pois é só para mim ou nem isso, é só para a paz que sinto.
Eu realmente espero que seja assim a morte.
Um momento egoísta, que não é nem para mim.
Mas para a vida... que eu acredito deva estar sussurrando seus mais levianos segredos e mistérios em meus ouvidos."
Meu todo
"Até quando vais me visitar
Leve vazio suspirando em meu peito
Lembrando-me da dor que carrego sem jeito
Desde que me coloquei a esperar.
Até quando vou aceitar
Fechar-me nas minhas angústias
Prisioneira das minhas neuras (tão suas)
Sozinha a lamentar.
Até quando do seu jeito
Torto e distorcido no meu peito
Esperando que você veja quanta dor
Por quanto tempo ainda terei que carregar.
Queria ter forças para negar
Tudo isso e nada mais
Fugir tranqüila por essa porta
Deixando para trás pedaços meus.
O que ficar não me pertence
São partes perdidas de mim em nós
Que agora não fazem mais sentido
No todo que me tornarei só."