ANNA KARENINA, o bailado
O êxtase sobrevém...
Pairo no ar de olhos absortos,
coração em pulsações aceleradas,
espírito dominado em abandono,
plácido.
Vejo os corpos que não têm asas
mas voam
e sobem pairando no etéreo.
Movimentos imensos, coordenados,
dinâmicos, perfeitos,
gestos de amplitude surreal
de leveza quase impossível,
irradiações de beleza ímpar,
sons metálicos, sincopados, feéricos,
ambivalentes, grotescos,
personagens densas de filigrana e diamante,
místicas, quase transparentes.
Serão mariposas?
Esporos volantes que carregam a vida
e a transportam nas asas do vento
até aos inóspitos areais do deserto,
onde crescem os oásis?
E da insana submissão me liberto
para me manter devoto.
Anna, Anna
meu assombroso nirvana!
Em 27.Mai.2023
Adaptação da obra de Liev Tolstoi, segundo Jonh Neumeier
Coreografia: Alexei Ratmansky
Direção Musical: Valery Gergiev
Teatro Mariinski, em São Petersburbo
A MULHER MAIS BONITA QUE EU JÁ VI
A MULHER MAIS BONITA QUE EU JÁ VI
Tu eras d'uma cor cravo/canela
Não eras?
Ou era eu que
Acabara de ler “Gabriela”?
Seja o poema do agora
Um retorno performático
Daquele verão entourido
de enganos...
Tua pele morena pintada
Molho melado de cor cereja
Que nem fruta brasileira é
Como não o é a pêra
Dos teus quadris
Que um Niemeyer
Arquitetou em arco
Nem são nativas as suculentas limas
Enormes, redondas, erradias
De teus plásticos seios
que embicavam ácidos...
Pois eras canela sim...
Tosta vermelha acesa
Deusa meridional dos infernos
Aos olhos de um quase monge
Recém-fugido da adolescência...
Tereza... Tereza com "z"...
Beleza atlante-tupiniquim
Como um sol deitando
No penhasco de Paraty
Olhado das ondas do barco...
A MULHER, É A MAIS BELA DAS FLORES
DIA DA MULHER
Acabei de fazer uma soneca
E venho levado da breca
Para começar a escrever.
Sobre o quê? sobre a mulher!
Dela não há nada a dizer.
Sim! Todos sabem que a mulher
É um símbolo de beleza
É um símbolo de amor
E também sabem com certeza
Que a vida nela é concebida.
É a mais bela das flores
Ela é orquídea, ela é rosa,
Quando esposa é um primor,
Como mãe é a mais querida,
Seu corpo é uma prosa
Uma enciclopédia da vida.
Festejá-la só num dia
Acho que é puro engano
Sabemos que ela merecia
Elogiá-la todo o ano.
A. da fonseca
CRIAR BELEZA
CRIAR BELEZA
O drama
........é que
................o elã de criar beleza
........................ainda...........me irrompe
........................nem sei de......onde
........................................talvez
........dos confins da fímbria do....................azulego horizonte...
O dilema
........é que
................busco gerar...........delicadezas
................degustando............palavras
............................educadamente
...................sobre uma...............louça
.......................................de porcelana
.......................................inglesa
O problema
........é que
................pr’a mostrar um certo
................alinho,.........eu desalinho a
.....poesia visceral largando-a num canto meão
................................p’ ra escrever
................................mais bonitinho...
Estou certo
......por um lado
...............................e, decerto,
...............................errado
................d’ um ponto....de vista.........outro
[ Aquele poema
aqueles versos urgentes de peito aberto
andam, de poesia, a descoberto
O rumo certo (quem diria...)
quem daria seria a mão entreaberta
de flor agreste: a mente ideal do (ir)real poeta
Como anseio por essa palma lauta
de brotar palavras corretas digitadas
em incontroversas linhas tortas...
Contrariado, vou mais recomendado e mansueto
Que a deusa hipotenusa
Arriada no caralho do quadrado do cateto ]
Gê Muniz
"Asas do meu Imaginário"
Hoje, não vou fazer o que me mandam!
Cansei de tudo o que me é imposto
Quero ficar num canto...sozinha!
Com olhar alienado,
de quem não pensa, não se interessa
e não conta estatisticamente para nada
Hoje, vou soltar as amarras
que me subjugam
e me tornam prisioneira do dever
na busca incessante
de um momento só meu,
gritando em silêncio absoluto...
Vou atingir o etéreo, a plenitude,
dar asas ao meu imaginário.
Neste êxtase... vou realizar
o meu desejo de tocar o horizonte,
abraçar o inatingível,
sentir a grandeza da criação,
perder-me no infinito das estrelas,
encontrar-me comigo...
e descobrir o meu verdadeiro Eu!
Cercada de uma paz que afinal existe
envolta numa aura de Amor e Compaixão.
Maria Fernanda Reis Esteves
48 anos
Natural: Setúbal
Desejo de um coração...
https://www.google.com.br
http://www.artmajeur.com/pt/art-gallery/carlos-v-pinto/164284
Pintura de Carlos V. Pinto
Quisera eu ser a nau
Em alto mar cheia de flores
Que acalmam as dores
Suturadas pelas mãos de Deus
Quisera eu ser a bonança
Que vem depois da tempestade
Ser a brisa da saudade cravada no peito
Num silêncio que grita tua ausência
Que se faz oceanos lapidados
Por lágrimas de diamantes
Provindas dos olhos tristes
Seguindo uma linha tênue
De paz e felicidade
Ainda que a tempestade
Me faça maremoto...
Me jogando contra o rochedo
E eu sem medo...
Consiga prosseguir...
No homem de desejo
Que habita em ti
Em em barquinho de papel
Navegas no teu além mar...
Ray Nascimento
Tela alentejana
Aqui
onde o verde se torna castanho
e o rio rasga a saudade
em línguas de terra,
lambendo a planície,
num enfado tamanho,
que consome e ferra
os dentes na nossa verdade
em jeito de benfazeja monotonia...
Aqui
onde o cheiro a rosmaninho
se esconde entre os riachos nos penedos,
brincando com as estevas,
embriagando o caminho
onde as azinheiras aconchegam os rebanhos,
nas sombras dos medos,
num desabafo de alegrias
vertidas dos olhos lacrimejantes...
Aqui
onde o som da água rumorejante
ecoa pelas margens pastosas
e férteis,
num passo de mago gigante,
tornando a imensidão da tristeza,
num pequeno casulo de beleza dengosa,
aguardando o afago
do sol e do céu
em cada estrada,
em cada cultivo,
em cada monte...
Aqui
onde vive a calma sossegada,
que aprofunda a ternura,
despindo-me o poema da vida
em farrapos de alma insegura
numa prosa doce,
mas tranquila,
que perdura!
MAIS BELA DO QUE UMA ROSA
Quando chegar a noitinha
Vou encontrar o meu amor
Que mora ali, naquela rua.
Mesmo ao lado da minha
Vou-lhe levar uma flor
Somente ao acordar da Lua.
Será a rosa mais bela
Que colhi no meu jardim
Rosa branca. luminosa.
Que vou oferecer aquela
Que foi sempre para mim
Mais bela que uma rosa.
Ela me espera à janela
Daquele simples rés do chão
Mostrando o seu sorriso.
É assim que quero vê-la
Ela é a minha paixão
E também meu Paraíso.
A minha rosa ela beijará
Com lábios de borboleta
Ligeiros no seu poisar.
Depois ela quererá
Que eu lhe chame Julieta
E assim ficando a sonhar.
A. da fonseca
DESALENTO
DESALENTO
Olho meu rosto ao espelho
Mas não me deixo cair em vão
Talvez o espelho esteja velho
Ou sofra de solidão.
Sento-me no chão
Apanho os pedaços
da mágoa
Caídos do coração.
Deixo-me aprisionar nos passos
Do tempo que me quer levar
Atirando-me ao rosto areia
Enredando-me em sua teia
Sem me deixar escapar.
Nada mais me interessa
Fiquem-se meus olhos a olhar
E que a memória não impeça
De ir à fonte me banhar.
Fonte, ponto de partida
Onde ainda vou colher
A Juventude por mim não esquecida
Mas que o espelho quer esquecer.
Caminho ao lado da vida
Apresso-me porque o tudo é nada!
Levei desatenta a vida,
a levo perdida.
Sou sombra, neste espelho mal amada.
natalia nuno
rosafogo
DONNE-MOI LE TEMPS
Allô!… Ah… c’est toi, mon amour!
J’attendais ton coup de fil
Plein d’impatience, et de nostalgie
Viens… Je veux t’offrir une fleur
Une rose vermeille, si belle que toi
Que dans mon jardin elle a fleuri
Son parfum, me rappelle le tien
Celui qui parfume notre maison
Le parfum de l’amour, de la passion
Reprends tes pas, viens, même demain
Donne-moi le temps pour mon cœur
Se préparer à te recevoir sans condition
A. da fonseca